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Frutos da Educação a Distância

Um dos momentos de alegria para quem exerce um cargo público é poder participar do nascimento de uma idéia e logo a seguir acompanhar sua execução e testemunhar os primeiros resultados. A alegria é ainda maior quando essa idéia está relacionada com a área de educação, com possibilidade de reflexo positivo imediato na sociedade. A dimensão aumenta quando a idéia é inovadora no País, incorpora experiências anteriores acumuladas e os resultados obtidos são reconhecidos por outras instituições.

 

Faço essa introdução para compartilhar com os leitores o prazer e a felicidade que tive na tarde de 5 de maio último ao participar, na Universidade Federal Fluminense, da solenidade de formatura de 13 licenciados em Matemática da primeira turma de graduados do programa de Educação a Distância do Rio de Janeiro.

 

Representando os novos professores de Matemática, Dayselane Pimenta Lopes Rezende, 29 anos, casada e mãe de dois filhos, emocionou a todos ao relatar sua rotina de sair da zona rural do município de Varre e Sai, no Noroeste fluminense, para assistir às aulas presenciais no pólo de Itaperuna do Consórcio Cederj, como também fizeram seus colegas de turma, vindos de Cantagalo, Macaé, São Pedro da Aldeia, Três Rios e Volta Redonda.

 

O Cederj, um consórcio ligado ao Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj), e que reúne as seis universidades públicas localizadas no estado, é fruto de um sonho inicial de Darcy Ribeiro de congregar as universidades públicas brasileiras com o objetivo de ampliar significativamente a oferta de vagas no ensino superior em determinadas áreas, sobretudo nas licenciaturas, propiciando condições para que a juventude localizada no interior tivesse condições de realizar o curso. Tive a honra de colaborar com Darcy na viabilização desse projeto. Infelizmente, o seu falecimento, em fevereiro de 1997, não permitiu a criação do que seria a Universidade Aberta e a Distância do Brasil.

 

Em 1999, apresentamos a idéia ao então governador Anthony Garotinho, que logo visualizou seu alcance social e deu todo o apoio para que a Secretaria de Ciência e Tecnologia Estado do Rio de Janeiro o implantasse. Com o apoio entusiástico dos reitores Nilcéa Freire, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Salassier Bernardo, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), José Henrique Vilhena, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cícero Mauro Fialho Rodrigues, da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Antônio Viega, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e Hans Dohmann, da Universidade do Rio de Janeiro (Unirio), foi assinado em janeiro de 2000 o convênio que criou o Consórcio Cederj.

 

No início éramos apenas três colegas que se reuniam para discutir os detalhes. Logo, o grupo foi crescendo, sob a direção do professor Carlos Bielchowsky, atual presidente do Cecierj, e no segundo semestre de 2001 foi lançado o primeiro vestibular para o curso de licenciatura em matemática da UFF. Hoje, a família Cederj já tem 12.500 alunos matriculados nos seus 19 pólos, distribuídos por todo o interior do Estado do Rio de janeiro. Estes alunos estão concretizando o sonho de realizarem um curso de nível superior de elevada qualidade.

 

Decorridos os primeiros anos, e consolidada a experiência pioneira, o Cederj passou a ser conhecido em todo o Brasil e vem servindo de exemplo para iniciativas semelhantes em outros estados.

 

Recentemente, o Ministério de Educação (MEC) tomou-o como exemplo para lançar a Universidade Aberta do Brasil, com estimativa de rapidamente atingir 90 mil alunos. Dessa forma o sonho de Darcy Ribeiro vai-se tornando realidade.

 

WANDERLEY DE SOUZA (Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro)


Fonte: Jornal do Comércio
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