APRESENTAÇÃO

 

“Convergência” é um termo usado cada vez com maior frequência para se referir à aproximação crescente entre duas ou mais entidades ou fenômenos, levando a uma provável sobreposição ou fusão entre eles. Independente da sua taxa ou velocidade de aproximação, é possível observar que as suas “barreiras de entrada” estão diminuindo, e que, num processo de evolução, algo novo, composto de elementos antes separados, está emergindo. Por exemplo, temos a convergência por meio da qual várias tecnologias com funcionalidades distintas estão se juntando, para formar um sistema inovador, como, por exemplo, as indústrias de tecnologia da informação, telecomunicações, mídia e produtos eletrônicos destinados ao consumidor. Ou, ainda, no caso de telecomunicações, a fusão cada vez maior de telefonia, televisão e computação, levando à oferta de serviços múltiplos por um fornecedor único.

Em aprendizagem a distância, ou educação flexível, já é possível observar a tendência de fusão por parte de instituições de ensino e entidades corporativas, uma vez que os desafios que elas enfrentam são similares, senão iguais: tecnologia, pedagogia, avaliação do aprendiz, preparação de recursos humanos (para criar e manter programas de estudo), bem como aspectos específicos de gerenciamento, finanças, legislação e propriedade intelectual. A aprendizagem na instituição pós-secundária está cada vez menos humanística e mais profissionalizante; a aprendizagem na empresa ou órgão governamental está cada vez mais dedicada a questões mais abstratas (como ética, transparência e responsabilidade social), diminuindo a exigência de conhecimentos práticos como estatística e cálculos financeiros, já que temos disponíveis as ferramentas de informática para resolver questões nessas áreas.

Quer dizer, a universidade está progressivamente similar ao departamento de treinamento da organização, enquanto esta parece cada vez mais com uma universidade. Isso é conveniente? É inevitável? O processo oferece oportunidades? Oferece perigos? Colocando de lado os preconceitos históricos envolvidos nessa discussão, e considerando a possibilidade de a aprendizagem a distância vir a ser o primeiro setor educacional afetado significativamente por essa convergência, vamos perguntar: qual a probabilidade de a EAD possuir as características que conduzirão ao sucesso nas novas demandas da “ecologia de conhecimento”? Com a aproximação das duas comunidades mantidas distintas até agora, quais são as primeiras evidências dessa convergência? Será que vai ser bom para alguns e não para outros? Se nós não questionarmos o presente e não estudarmos o nosso próprio futuro, teremos que aceitar o que vier.

 


Prof. Dr. Fredric Michael Litto Presidente da ABED