Novas
Tecnologias de Informação e Comunicação:
reflexões a partir da Teoria Vygotskyana.
Marilza Vanessa Rosa Suanno[1]
suanno@brturbo.com
ou suanno@uol.com.br
"As
transformações que dinamizam todas as esferas da vida humana" (Todorov,
1994)
RESUMO: O objetivo do presente artigo é questionar as possibilidades e desafios da utilização crítica das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) pelas instituições de ensino, subsidiada pelas contribuições da teoria sócio-histórico-cultural do desenvolvimento das funções mentais superiores de Lev Semenovich Vygotsky.
Palavras-Chave: Novas Tecnologias de Informação e Comunicação; Educação; Teoria de Vygotsky.
Introdução
A
educação, no mundo globalizado, no contexto onde a difusão da informação e
do conhecimento se tornou maciça, onde o desenvolvimento científico e tecnológico
se dá de forma acelerada e contínua, não se pode negar a significação das
Novas Tecnologias de Informação e Comunicação e suas aplicações, assim
como as implicações de sua aplicabilidade nos processos educacionais e, neste
contexto, é interessante rever os postulados epistemológicos e psicológicos
da teoria sócio-histórico-cultural para assim poder relacionar a ideologia e
os princípios que fundamentam as ações no processo educativo segundo tal
teoria e os desafios apresentados aos educadores para a utilização crítica
das NTIC em processos de construção de conhecimento.
Há
de se compreender que é fundamental a esse processo que os educadores e sua
equipe tenham clareza epistemológica que fundamentem suas práticas, a fim de
planejar este processo tendo real percepção dos objetivos que elaboram, saibam
o que querem que o aluno alcance com este processo, pois só assim poderão
escolher as metodologias, métodos e técnicas para as práticas pedagógicas
avaliando as necessidades, desafios, possibilidades e limitações que surgem
com a utilização das NTIC. No presente trabalho, compreende-se tecnologia por
ciência aplicada, estudo das técnicas e de sua utilização, e por Novas
Tecnologias de Informação e Comunicação os recursos tecnológicos que
permitem o trânsito de informações, que podem advir de diferentes meios de
comunicação, seja rádio, televisão, jornal, revista, livros, fotografia,
computadores, gravação de áudio e vídeo, redes telemáticas, robótica,
sistemas multimídias, dentre outros. O grande diferencial das tecnologias
multimidiáticas é evidenciado pela interatividade,
ou seja, a participação ativa do usuário e a capacidade de manipulação do
conteúdo da informação.
Desenvolvimento
De
acordo com a teoria sócio-histórico-cultural de L. S. Vygotsky, a origem das
mudanças que ocorrem no homem, ao longo do seu desenvolvimento, está vinculada
às interações que ocorrem entre o sujeito e a sociedade, a cultura e a sua
história de vida, além das oportunidades e situações de aprendizagem, que
promovem este desenvolvimento, ponderando acerca das várias representações de
signo, instrumento, cultura e história, propiciando o desenvolvimento das funções
mentais superiores. Para o desenvolvimento do indivíduo, as interações com o
outro social são, além de necessárias, fundamentais, visto que estes são
portadores de mensagens da própria cultura e que, nesta interação, “o papel
essencial corresponde aos signos, aos diferentes sistemas semióticos, que, do
ponto de vista genético, tem primeiro uma função de comunicação e logo uma
função individual: começam a ser utilizados como instrumentos de organização
e de controle do comportamento individual... Isso significa simplesmente que
algumas das categorias de funções mentais superiores (atenção voluntária,
memória lógica, pensamento verbal e conceitual, emoções complexas, etc.) não
poderiam surgir e constituir-se no processo do desenvolvimento sem a contribuição
construtora das interações sociais”. (ZACHARIAS, 2003) O indivíduo integra
em sua história e em sua cultura, a própria história e a cultura de seus
antepassados, próximos e distantes, que se caracterizam como peças importantes
na construção de seu desenvolvimento, através das experiências, situações,
hábitos, atitudes, valores, comportamentos e linguagem daqueles com quem
interage sejam pessoas ou instituições. Este não é um processo determinista,
uma vez que o indivíduo participa ativamente da construção de seu círculo de
interações, modificando-o e provocando transformações neste contexto. Nesta
perspectiva, a educação pode se fazer fundamental oferecendo ao indivíduo
oportunidades significativas de construção de conhecimentos e valores. E para
tal tarefa, pode utilizar–se das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
como ferramenta e fundamento com o objetivo de promover interação, cooperação,
comunicação e motivação a fim de diversificar e potencializar as relações
inter e intrapessoais mediante situações mediatizadas, que venham a
ressignificar o processo educativo e o sistema educacional. Para que tal tarefa
seja bem sucedida todo o processo de construção do conhecimento precisa ser
bem articulado do ponto de vista epistemológico e metodológico. “O
aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em
movimento vários processos de desenvolvimento que, de outra forma, seriam
impossíveis de acontecer”. (L.
S. VYGOTSKY, 1987, p.101).
O
referencial teórico sócio-histórico-cultural compreende a relação entre
sujeito e objeto no processo de construção do conhecimento, onde o sujeito do
conhecimento não é apenas passivo, regulado por forças externas que o vão
moldando e não é somente ativo, regulado por forças internas, o sujeito do
conhecimento é interativo.
L. S. Vygotsky ao explicitar a
importância do outro social no desenvolvimento dos indivíduos e ao estabelecer
idéias sobre a relação entre aprendizado e desenvolvimento elabora três
conceitos fundamentais (dois níveis e uma zona) para sua teoria que são os Níveis
de Desenvolvimento Real e Potencial e a Zona de Desenvolvimento Proximal. O
significado de Nível de Desenvolvimento Real na teoria sócio-histórico-cultural
é a capacidade do indivíduo de realizar tarefas de forma independente, baseado
nas estruturas de conhecimento das quais já dispõe como suas podendo
utilizar-se delas quando achar necessário, à sua maneira. Já a Zona de
Desenvolvimento Proximal é a capacidade do indivíduo de desempenhar tarefas
com a ajuda de outros companheiros mais capacitados, aqui mediadores, que
facilitam o acesso a um conhecimento pelo qual percorrem um determinado caminho,
a fim de torná-lo seu. É aqui, na Zona de Desenvolvimento Proximal, que deve
acontecer a intervenção pedagógica.
As implicações que o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal traz para a
prática dos professores são várias, uma vez que remetem aos mesmos novos
desafios e maior atenção para com o processo educativo. O conhecimento do
processo que o indivíduo realiza mentalmente ao desempenhar alguma tarefa é
fundamental para compreender o papel e a necessidade da intervenção pedagógica
neste percurso realizado pelo aluno, indivíduo rumo à construção do seu
conhecimento. Ao desconsiderarmos
as funções que se encontram em processo de consolidação, deixamos de atuar
na Zona de Desenvolvimento Proximal, que é o espaço existente entre o Nível
de Desenvolvimento Real e o Nível de Desenvolvimento Potencial do indivíduo.
O
conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal traz algumas implicações como a
consideração de que o processo de construção do conhecimento é fundamental
e não somente o produto final desta construção como apregoa as tendências
pedagógicas tradicionais; a ressignificação do papel do professor enquanto um
mediador, promovedor de situações-problema coletivas e colaborativas que
promovam a interação, a comunicação dialogada e níveis de ajuda favorecendo
aos sujeitos que constroem conhecimentos a oportunidade de aprendizagem e conseqüente
desenvolvimento; dentre outras.
O
Nível de Desenvolvimento Potencial, segundo L. S. Vygotsky é o lugar ao qual
se pretende chegar. É o conhecimento a ser construído, conquistado. O
dinamismo que ocorre neste processo de aquisição e construção do
conhecimento é outro fato marcante na teoria deste teórico. Percebemos isso
quando um Nível de Desenvolvimento Potencial se transforma em Real. Essa
transformação se dá a partir do momento em que, como já dissemos
anteriormente, esse novo conhecimento construído passa a ser disponibilizado em
novas situações, que podem em nada ter de semelhante às situações do
passado onde ocorreram essas aprendizagens, e agora pode utilizar-se dele à sua
maneira, quando achar que lhe é conveniente, sem se prender a regras ou
receitas prontas, mas com liberdade de pensamento e ação.
O professor ao planejar, desenvolver e promover aprendizagens compartilhadas
potencializa a Zona de Desenvolvimento Proximal do aluno, de modo que funções
ainda não consolidadas venham a amadurecer. De acordo com Góes (1991, p.20), "A
boa aprendizagem é aquela que consolida e, sobretudo cria Zonas de
Desenvolvimento Proximal sucessivas”. Desta forma, verificamos
o quanto a aprendizagem interativa, compartilhada e dialogada permite o
desenvolvimento do indivíduo. Ressaltando a importância das trocas
interpessoais, na construção do conhecimento, L. S. Vygotsky mostra, através
do conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal, o quanto à aprendizagem
influencia no desenvolvimento do indivíduo.
Considerando
o cérebro humano como sendo: “... um sistema aberto, de grande plasticidade,
cuja estrutura e modos de funcionamento são moldados ao longo da história da
espécie e do desenvolvimento individual”.(OLIVEIRA, 1993, p.24) a incorporação
das inovações tecnológicas na educação só se justificaria se promovesse a
melhoria da qualidade do ensino, possibilitando que os indivíduos construam
conhecimentos, uma vez que não basta à instituição ter o aparato tecnológico
para que o ensino tenha qualidade, há de se promoverem situações e ações
mediadoras, de interação, onde os alunos possam ter a oportunidade de se
desenvolverem, uma vez que o aprendizado propicia o desenvolvimento do indivíduo.
As
Novas Tecnologias de Informação e Comunicação precisam ser utilizadas de
forma que permitam a mediação e a interação do sujeito com o outro social. A
mediação é um conceito fundamental na teoria de L. S. Vygotsky, uma vez que
esta é a ação onde “a relação do homem com o mundo não é uma relação
direta, mas uma relação mediada, sendo os sistemas simbólicos os elementos
intermediários entre o sujeito e o mundo”. (OLIVEIRA, 1993, p.24) Dar conta
de promover a construção de conhecimento, possibilitando interação, mediação
e níveis de ajuda ao sujeito que aprende é o grande desafio proposto aos
professores e à informática educativa hoje, assim como para a aplicação de
todas as NTIC nas práticas pedagógicas, uma vez que o desenvolvimento fica
impossibilitado de ocorrer na falta de situações e oportunidades propícias ao
aprendizado. Neste sentido a criatividade, inovação e diversificação das
situações de construção de conhecimento são fundamentais para o
desenvolvimento dos alunos, sendo este o desafio que deve perseguir o professor
contemporâneo.
O
caráter interativo e comunicativo do processo educativo promove o
desenvolvimento do indivíduo onde a mediação e a interação contribuem e
interferem na qualidade do processo. “Essa concepção de que é o aprendizado
que possibilita o despertar de processos internos do indivíduo liga o
desenvolvimento da pessoa à sua relação com o ambiente sócio-cultural em que
vive e a sua situação de organismo que não se desenvolve plenamente sem o
suporte de outros indivíduos de sua espécie”.(OLIVEIRA, 1993, p.58)
A
formação dos conceitos, segundo os pressupostos da teoria sócio-histórica-cultural,
concebe que a linguagem não exerce apenas o papel de instrumento de comunicação,
pois esta permite ao homem formular conceitos e, portanto, abstrair e
generalizar a realidade, através de atividades mentais complexas. O que segundo
L. S. Vygotsky (1987, p.50) é uma atividade que envolve um conjunto de
elementos ligados por um nexo e pontua que "A
formação de conceitos é o resultado de uma atividade complexa, em que todas
as funções intelectuais básicas tomam parte. No entanto, o processo não pode
ser reduzido à atenção, à associação, à formação de imagens, à inferência
ou às tendências determinantes. Todas são indispensáveis, porém
insuficientes sem o uso do signo, ou palavra, como meio pelo qual conduzimos as
nossas operações mentais, controlamos o seu curso e as canalizamos em direção
à solução do problema que enfrentamos". Assim a
função de generalização garante a comunicação entre pessoas, o
entendimento ocorre, pois se mantém preservada a característica essencial.
Essa capacidade de generalizar e abstrair, nos liberta dos limites da experiência
concreta.
De
acordo com a teoria sócio-histórico-cultural de L.S. Vygotsky é necessário
entender que o significado da palavra transforma-se ao longo do desenvolvimento
do sujeito, pois o significado da palavra evolui, uma vez que incorpora novos
sentidos e conotações, e a linguagem como instrumento do pensamento age
decisivamente na estrutura do pensamento, reestruturando diversas funções
psicológicas, como a memória, a atenção voluntária, a formação de
conceitos e é ferramenta básica para a construção de conhecimentos para a
introdução de mudanças qualitativas na forma de cognição para modificação
do desenvolvimento e das estruturas das funções mentais superiores, tanto
quanto os instrumentos criados pelos homens modificam as formas humanas de vida.
As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação precisam ser utilizadas com
o objetivo de formar um cidadão que se construa ativo, interativo, construtivo
e transformador de seu contexto, promovendo o desenvolvimento individual, sócio-cultural,
científico, tecnológico, político, econômico... E é justamente nesta
perspectiva que o conceito de qualidade política se faz significativo, uma vez
que se compreende qualidade política das práticas pedagógicas, segundo Demo
(2002, p.14) como sendo “... a competência do sujeito em termos de se fazer e
de fazer história, diante dos fins históricos da sociedade humana. É condição
básica da participação. Dirige-se a fins, valores e conteúdos. É
naturalmente ideológica, porque definição política é sua marca, perdendo
qualidade, se ideológica se reduzir à justificação desumanas e a
partidarismos obtusos. Inclui ética na política.”
Pensar
nas Novas Tecnologias de Informação e Comunicação aplicadas à educação é
um desafio, uma vez que se persegue a efetivação da qualidade política das práticas
pedagógicas que Demo, 2002 pontua
como indicadores relevantes: práticas inovadoras baseadas na construção do
conhecimento em prol da qualidade de vida de forma significativa à existência
do indivíduo e da sociedade; potencializando práticas democráticas e
emancipadoras, promovendo participação e consciência crítica perante o mundo
e o saber; exercício da cidadania; atitude compromissada e responsabilidade
compartilhada entre os sujeitos no processo de construção do conhecimento e da
sociedade a qual se encontram inseridos; na busca da qualidade política das práticas
pedagógicas os educadores precisam promover mudanças nos objetivos, nos currículos
escolares promovendo assim melhoria das condições do aprender a aprender;
aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver; aprender a ser e a
conviver; saber pensar e da relação entre saber e transformar,
promovendo no espaço escolar a motivação, a flexibilidade, a
autonomia, a criatividade, a inovação, formando o sujeito enquanto um ser
pesquisador, reflexivo, capaz de buscar superar suas limitações, desenvolvendo
competências e habilidades, produzindo conhecimentos.
Vale,
resgatar que ao longo da história da humanidade as inovações tecnológicas
foram e são sempre acompanhadas de mudanças na estrutura das sociedades, nos
costumes, nas culturas, o que provoca novas formas de organização social.
Segundo SERRA & outros, 2003, “Ao longo da história, percebemos
que o surgimento de novos dispositivos de comunicação produz simultaneamente
modificações na estrutura do pensamento, nos modos de apreensão do
conhecimento e nas interações sociais em geral”.
Resgate
histórico das evoluções tecnológicas
Historicamente
os chineses, inventores do papel, foram os primeiros a fazerem a impressão de
um livro, sendo que os japoneses dominavam uma técnica de impressão com blocos
de madeira, mas foi Johann Gutenberg, em 1450, que com a invenção da imprensa
impulsionou processos de mudanças culturais, alterando o relacionamento entre
os sentidos humanos, modificando os modos de pensar, de agir e de perceber o
mundo, dando asas à comunicação escrita. O que viabilizou a invenção do
jornal, em 1609, um instrumento de circulação de informações, que ao longo
dos séculos seguintes ganhou difusão e diversificou a oferta.
Os
jornais e revistas impressas podem ocupar espaço de estudo, análise, comparação,
interpretação de seus conteúdos nas salas de aulas brasileiras, ou pela Educação
à Distância, de modo que a informação seja processada criticamente,
permitido que o cidadão construa uma consciência política, ativa e
questionadora perante os fatos e acontecimentos mundiais e nacionais. Faz-se
necessário investigar para constatar tais possibilidades. E neste sentido, as hemerotecas
são uma alternativa para que educadores e alunos tenham contato com matérias
jornalísticas interessantes, uma vez que hemerotecas são bibliotecas
confeccionadas com recortes de jornais e revistas selecionados por sua qualidade
e relevância frente aos estudos que se pretende fazer e estes recortes são
organizados, classificados conforme as temáticas escolhidas. As hemerotecas têm
por objetivo principal proporcionar ao leitor fontes diversificadas e
atualizadas de pesquisa, podendo também ser organizadas com o intuito de suprir
a carência de atualização das bibliotecas. As hemerotecas podem ser
organizadas on line o que seria relevante a Educação à distância, assim como
para pesquisa temática. Na realidade escolar brasileira nos deparamos com a
padronização e visão unilateral das questões de estudo apresentadas por
livros didáticos idênticos para todos os alunos, tendo estes que ler os mesmos
textos e responder as mesmas questões. Seria este o recurso mais adequado à
construção de conhecimentos? Ou seria possível buscar novas alternativas?
Conforme SOUZA, 2003, “...enquanto a ‘sociedade’ insistir em manter um
ambiente educacional baseado na manipulação de idéias, a Linguagem será
artificial e bloqueada enquanto formadora de uma realidade relacionada à
determinada sociedade em questão. E de uma maneira mais generalizada, a
constituição da instituição imaginária da sociedade, restringindo-se o
poder das Tecnologias de Informação como simples instrumentos, será o retorno
ao homem escravo de suas necessidades e impossibilitado de ser livre, para
utilizar o seu intelecto como enriquecedor de sua própria Linguagem”.
Contribuindo
na história do avanço da tecnologia em 1837, o americano Samuel Morse inventou
o telégrafo, que acabou por impulsionar a criação do telefone, o que só
ocorreu em 1876, nos USA, criado por Alexander Graham Bell. O sistema de
telefonia é contemporaneamente fundamental ao funcionamento do mundo digital.
A
fotografia surge através dos franceses Louis Daguerre e Joseph Nièce em 1839,
“Foi a fotografia que tornou pela primeira vez evidente, colocando na face
dos nossos olhos, a irremediável separação entre signo e objeto. Fez ruir a
ilusão da representação, dissolvendo a miragem de uma relação idílica
entre o signo que representa e o objeto representado. Depois da fotografia,
nossa consciência de linguagem se tornou maliciosa” (SANTAELLA, 1992,
p.96) A fotografia, uma tecnologia que é capaz de fixar as imagens,
provocou uma ressignificação para as artes plásticas da época que
buscavam representar através da pintura a imagem fiel das pessoas. Com o
advento da fotografia a perfeição das pinturas é substituída pela fotografia
e as artes plásticas redefinem seu papel e expressão. Já em 1895, surge em
caráter oficial o cinema, quando os irmãos Louis Lumière e Auguste Lumière,
dando movimento às imagens apresentaram a primeira sessão de projeção em
Paris. A fotografia e o cinema são invenções humanas que podem ser utilizadas
nas instituições escolares permitindo a interpretação da realidade
focalizada, a temática abordada, assim como uma teia de interligações que se
fazem possíveis via análise, debate e interação mediatizada. Hoje é possível
ter acesso a fotografias e filmes on line, facilitando a busca e o acesso. Com a
ressalva de termos viabilizado a exclusão digital que impera no nosso país,
onde uma parcela mínima da população têm acesso ao mundo www.
O
italiano Guglielmo Marconi, em 1840, surpreende o mundo com a invenção do rádio,
que promoveu nas décadas seguintes altíssima popularidade dado o seu poder de
penetração, visto que os ouvintes não necessitavam ser alfabetizados para o
compreenderem o que era veiculado, o que não podemos dizer o mesmo da imprensa
que quando de sua invenção era um meio de comunicação restrito a uma minoria
alfabetizada. O rádio, ainda hoje é considerado o meio de comunicação mais
popular e este não só resistiu a invenção de outros meios de comunicação,
como também se ressignificou no formato atual de
WebRádio, o que é possível “Utilizando um programa específico
instalado no computador (o Real
Audio), agora podemos ouvir não só nossa estação
preferida, como as emissoras do mundo inteiro conectadas à Internet.” (SERRA
& outros, 2003) A nova versão do rádio propicia
maiores opções através de
canais diversificados pelo mundo, com a comodidade do ouvinte não precisar
necessariamente estar sintonizado no momento em que o programa vai ao ar,
podendo escutar qualquer programa já gravado quando desejar. Conforme estes
autores, hoje “Já são 561 (destas 23 são de Real Vídeo) as emissoras no
mundo inteiro cadastradas no www.timecast.com,
um endereço de busca especializado em estações de rádio e canais de TV
paga.” O rádio criado a 163 anos, agora também na internet com novas
possibilidades e a educação tendo aproveitado tão pouco deste recurso tecnológico
no sentido de produzir programas educativos de rádio, de caráter crítico e
inovador dentro e fora das instituições de ensino, podendo ser um canal de
mobilização social em prol de valores e idéias, rediscutindo as informações
veiculadas pelos meios de comunicação de massa e dando a estas uma roupagem
questionadora, crítica, ativa, interativa, sem manipulação de conteúdos,
respeitando e dando espaço as diferenças e aos diferentes recursos de
manifestação cultural.
A
Educação à Distância, assim como as escolas e os cursos profissionalizantes
podem através de uma rádio Web disponibilizar programas educativos com
diferentes temáticas, para diferentes cursos, que ficarão disponíveis on line
e poderão ser acessados a qualquer momento e em qualquer lugar do mundo. Através
deste recurso tecnológico não existe a possibilidade de se perder o programa
porque no momento da transmissão a pessoa estivesse ocupada, uma vez que os
programas estarão disponíveis on line e poderão ser acessado quando necessário
ou possível. Mas o que é uma rádio Web?
Conforme informa no site: <http://www.xl.pt/pcg/1002/webmulti/a01-01-00.shtml>
“Rádio Web é essencialmente uma
estação rádio, que entre outras coisas, transmite pela Internet, tal como o
faz através de ondas rádio. Isto significa que poderá ouvir uma estação
visitando o respectivo site e clicando na opção indicada para ouvir "ao
vivo", ou então pode utilizar programas do tipo Windows Media Player
(presente em muitos dos novos computadores), através do qual pode ouvir inúmeras
estações mundiais. Tudo isto funciona através da tecnologia streaming
(transmissão em tempo real), que traz até ao seu computador um fluxo de som
contínuo.”
O site: <http://www.luteranosbrasil.com/radio/funciona.htm>
informa que “Uma rádio Web é uma rádio como as que costumamos ouvir em
casa, no carro, no trabalho, nos pátios das escolas. A diferença é que pode
ser ouvida em qualquer lugar do planeta. Existem milhares de
estações rádio espalhadas por todo o mundo que poderá ouvir através do seu
computador.O receptor, ou o rádio, é um programa de computador chamado
de "player" que funciona ao mesmo tempo com qualquer outro programa de
computador. Isto significa que é possível navegar, trabalhar e estudar pela
Internet enquanto escuta a rádio Web” que pode transmitir músicas ou
programas educativos.
O "player" (o rádio que deverá estar instalado no computador) é o
WINDOWS MEDIA PLAYER. Para ter este programa basta entrar no site http://www.luteranosbrasil.com/radio/funciona.htm>
e clicar no local indicado para instalar
o programa.
No
site da rbc < http://www.rbc.org.br/re.htm > encontra-se informações
sobre rádio educativa, pesquisas e artigos. Além de uma relação de rádios
livres; rádios comunitárias e rádios educativa.
Disponível
em: http://www.rbc.org.br/radionet.htm.
Já a PUC-Rio desenvolveu um programa de rádio pensado para o formato web
intitulado Pilh@
disponível em:<http://www.puc-rio.br/rdc/projetos/> Onde você
pode escolher a seqüência do programa e ouvir entrevistas e músicas da nossa
MPB, incluindo é claro, as bandas dos alunos da PUC. Além disso, traz jogos,
ciberlivros, vídeos e fotografias.
No
contexto atual pesquisar as possibilidades educativas da rádio Web parece ser
um novo desafio aos educadores.
A
televisão é um outro recurso tecnológico que segundo BERTULANI, 2003, ao
apresentar a história da eletrônica, narra que, “somente em 1920 é que se
realizaram verdadeiras transmissões de imagens, graças às experiências de
dois grandes cientistas: John Logis Baird (1888-1946), no Reino Unido, e Charles
F. Jenkins (1867-1934), nos EUA”. O progresso e disseminação da televisão
foram atrapalhados pela Segunda Guerra Mundial, porém em 1939 cinco países já
haviam adotado o sistema eletrônico e no pós-guerra este teve um
desenvolvimento significativo. “Naqueles dias poucos poderiam imaginar o
impacto que o novo veículo de comunicação iria provocar sobre a cultura e a
sociedade”.(SERRA & outros, 2003) Hoje, aqueles que podem pagar já têm
acesso a televisão por assinatura, a cabo ou via satélite ganhando maior poder
de escolha frente aos programas que assisti, o que para alguns seria uma
possibilidade de fuga do instrumento de manipulação, massificação e controle
social do discurso televisivo de massa. Em função da unilateralidade do veículo,
no caso a televisão, muitos atribuíram ao receptor uma atitude meramente
passiva, consumidora de idéias e ideologias, a mercê do domínio de quem a
articula. O que NOVAES (1991. p. 85) define assim: “A televisão é uma técnica
do movimento que age sobre um corpo em repouso”. Sendo
este confirmado por SODRÉ (1981. p. 36.), quando argumenta que “Sua mais
profunda natureza requer o silêncio do ouvinte, do telespectador”. Neste
sentido os educadores e os alunos precisam mediar, interpretar, debater sobre o
que se assistem e o que os mesmos articulam através dela, rompendo com a
postura passiva de meros consumidores e se construindo como sujeitos pensantes,
críticos, interativos e dinâmicos.
Dando
continuidade as invenções tecnológicas ao longo dos últimos séculos e as
mudanças provocadas pelos mesmos, temos a invenção do vídeo-cassete que
trouxe para muitos lares uma nova opção de entretenimento, entretanto as
instituições educativas também têm utilizado tal recurso tecnológico com o
intuito de apresentar uma dada temática dispondo de áudio e vídeo, e assim
interpretá-lo e analisá-lo. Muitas são as propostas e possibilidades
educativas utilizando-se de tal ferramenta, seja vídeo como sensibilização,
como ilustração, como simulação, como conteúdo de ensino, como apreciação
de eventos vividos na escola, como avaliação, como espelho, como integração/suporte
ou como produção dos alunos registrando um estudo, montando um telejornal com
informações de caráter crítico, ponderando vários ângulos de uma mesma temática,
dentre outras possibilidades. Tais fitas de vídeo devem ser selecionadas de
acordo com a sua qualidade pedagógica e a confiabilidade das informações
nelas contidas, visando à promoção da comunicação e interação entre o que
se assiste e o conteúdo de estudo. É fundamental a figura do mediador, sendo
este o profissional, professor, instrutor, técnico, etc, que propicia ao aluno
telespectador conhecimentos prévios para a compreensão da fita apresentada,
lhe chama a atenção para as questões relevantes ao estudo em desenvolvimento,
estimulando lhe a refletir sobre o conteúdo apresentado, para tal faz interrupções
no transcorrer exibição da fita para propor questionamentos, comentários,
esclarecimentos e estimular o debate de idéias, de forma que ao longo deste
processo, professores, instrutores, técnicos, etc e alunos, aprendizes, são
ambos pólos, figuras mediadores de construção de conhecimento. Os mesmos
questionamentos valem para a utilização educativa de outros recursos tecnológicos.
Em
1980 surge no mercado o computador pessoal que rapidamente difunde-se pelo mundo
invadindo residências e empresas. Nas décadas seguintes o computador evolui
ganhando agilidade, versatilidade, ocupando menos espaço, podendo ser
transportado com facilidade como é o caso dos notebooks, desenvolvem-se
vários softwares e a internet disponibiliza uma gama de informações e um novo
espaço comunicacional, dentre outras possibilidades.
A
internet é um veículo de informação e comunicação que pode ser utilizada
pedagogicamente pelos educadores, mas esta é uma possibilidade a se construir,
debater, experimentar, pesquisar. Entre 1968 e 1972 a Arpanet foi se
estruturando e desenvolvendo estudos nos USA, mas “em 1973 foram estabelecidas
as primeiras conexões internacionais, integrando à rede centros de pesquisa da
Inglaterra e Noruega”.(GUIZZO, 1999, p. 19) Já em 1974, Vinton Cerf e Robert
Kahn, publicam a obra A Protocol For Packet Network Interconnection, onde
especificam as máquinas e sistemas operacionais para viabilizar a tão sonhada
interconexão. Mas apenas em 1991, a então NSFNET anunciou a liberação de seu
uso para fins comerciais o que acabou por impulsionar e popularizar a internet.
A internet trouxe a história do homem uma nova estrutura
de comunicação e transformou a cultura de seus usuários viabilizando uma
comunicação global em diferentes áreas
e assuntos. Segundo LÉVY (1999), "o nome Internet vem de
internetworking (ligação entre redes). A Internet é um conjunto de meios físicos
(linhas digitais de alta capacidade, computadores, roteadores Tc...) e programas
usados para o transporte da informação". MATOS e VIEIRA, 2003,
complementam pontuando que “Numa conceituação genérica a Internet é um
conjunto de redes de computadores interligados pelo mundo inteiro que falam o
mesmo protocolo, isto é, padrões e convenções que determinam como dois ou
mais processos se comunicam e interagem para trocar dados, de forma que os usuários
possam usufruir de serviços e comunicação em escala mundial”.
As
páginas da internet estão estruturadas em hipertextos, que se constroem a
partir de operação elementar da atividade interpretativa que é a associação
dando sentido a um texto ligando-o e conectando-o a outros textos. Através
do hipertexto, devido a maior dinâmica ao texto, rompendo com a linearidade,
disponibilizando um número ilimitado de informações, o internauta pode
definir e selecionar o que busca possibilitando uma série de possibilidades,
com direito à inúmeras tentativas e mudança de temática, dado ao caráter
essencialmente interativo a transmissão da Internet que depende das ações do
internauta, de modo ativo frente ao que escolhe ler, copiar, enviar, criar... O
que segundo, o físico e matemático holandês, Vanevar Bush, em 1945, “a
mente humana funciona através de associações desenhando trilhas que se
bifurcam e vão pulando de uma representação para a outra ao longo de uma rede
intricada”.(SERRA & outros, 2003) Os links que permitem a interconexão
entre vários elementos, desta forma, os internautas recebem as informações
através de textos, imagens, sons, relacionadas com o que solicitaram ao
selecionar.
Os
educadores precisam produzir conhecimentos que consigam considerar as
peculiaridades da Internet, em especial sua característica de interatividade,
considerando também sua potencialidade informativa, comunicacional, de
pesquisa, aliada ao entretenimento. Há de se desenvolver pesquisas e
iniciativas neste sentido, para pensar as possíveis aplicações e implicações
da internet nos ambientes escolares. O que a interatividade traz para os
processos de construção de conhecimento? E para as possibilidades de mediação
neste mesmo processo? Segundo esses autores, “Com a www, a Internet não pode
ser tida como apenas um novo meio de comunicação. É, na verdade, um ambiente
comunicacional, onde diferentes meios podem se conjugar. Há um movimento de
convergência tecnológica, num mesmo suporte tem-se a possibilidade de reunir
texto, som, imagem e imagem em movimento. A utilização de todos esses recursos
facilita e oferece novas possibilidades para a comunicação”.
Outra
peculiaridade da Internet, como aponta (PALÁCIOS, 2003), é o fato de que,
“pela primeira vez, se tem massividade e interatividade associadas. O jornal
impresso e a televisão são meio massivos, já que possuem grande alcance, mas
não são interativos — a comunicação ocorre em uma só via. O telefone é
um meio interativo — a comunicação ocorre em duas vias —, mas não é
massivo. Na Internet, a interatividade não é mais uma potencialidade e sim o
modo de ser constitutivo da rede.”
Dado
ao pouco tempo histórico de disponibilidade da internet as suas possibilidades
ainda têm sido sub-aproveitadas têm-se que investir em pesquisa, experimentar,
testar possibilidades, criar dimensões para sua utilidade e papel frente as
interrogantes educacionais, pautadas hoje e seu perfil enquanto linguagem e
interatividade.
LEMOS,
2003, situa a noção de interatividade em três níveis: “uma interatividade
social, que marcaria de um modo geral nossa relação com o mundo e toda vida em
sociedade; uma interatividade técnica do tipo ‘analógico-eletro-mecânica’,
que experimentamos ao dirigir um automóvel ou mesmo ao girar a maçaneta da
porta; e outra do tipo “eletrônico-digital”, que seria ao mesmo tempo técnica
e social. É esta última que nos interessa particularmente.” Sendo, que SERRA
& outros, 2003, sinalizam que “algumas características vão marcar a
interatividade entre os usuários e os mídias digitais: 1) Feedback imediato,
ou seja, cada ação do usuário corresponde a uma reação praticamente simultânea
da máquina. 2) Os sistemas informatizados são concebidos de modo a prever o número
mais alto possível de perguntas e as múltiplas combinações de respostas para
que o usuário tenha a impressão de estar interagindo de forma análoga ao diálogo
interpessoal e não perceba que a interação se dá dentro de um número
limitado de possibilidades oferecidas pelo equipamento. 3) Capacidade de
interagir de forma individualizada, em oposição aos meios massivos
tradicionais. 4) Possibilidade de manipulação do conteúdo da informação.
Ao
permitir a comunicação entre os diversos usuários, a exemplo das trocas de
e-mails, IRCs e chats na Internet, as novas tecnologias também
possibilitam uma interação social. Do mesmo modo que o telefone, o computador
pode ser considerado uma ferramenta convivial no sentido atribuído por Ilich.”
O
Ministério da Educação e Cultura através do Programa Nacional de Informática
na Educação – ProInfo e em parceria com professores e Multiplicadores em
todo o país, tem buscado integrar o uso de tecnologias de informática e
telecomunicações ao processo de ensino-aprendizagem, em projetos
interdisciplinares mediante a utilização de uma variedade de aplicativos básicos
nos laboratórios de informática das escolas. A exemplo vale ressaltar a experiência
conduzida por professores e alunos de diferentes cidades do Brasil para explorar
o potencial pedagógico do web-based chat que para tal desenvolveram um
projeto piloto para explorar as suas diferentes aplicabilidades pedagógicas
deste recurso tecnológico.
O
Projeto Piloto consiste em um ambiente de bate-papo na web de fácil
operação buscando pesquisar e experimentar o emprego de computadores e da
Internet para melhorar a qualidade da educação em escolas brasileiras,
compreendendo este como um projeto dinâmico, colaborativo, interdisciplinar,
interessantes e com possibilidade de implementar mudanças significativas nas
escolas. “O Projeto Piloto Chat demonstrou que o chat na Internet pode ser uma
ferramenta pedagógica poderosa que, definitivamente, pode melhorar o processo
de ensino-aprendizagem de maneiras diferentes”.(RUSTEN
e outros, 2002) Tal ferramenta pedagógica viabiliza seminários,
entrevistas e debates virtuais; assim como orientação de profissionais
especializados nos temas em estudo, sem que os mesmos tenham que se deslocar até
a escola, já que todo o processo pode ser desenvolvido on line; o
projeto piloto demonstrou
resultados interessantes como instrumento de comunicação de deficientes
auditivos com outras pessoas não portadoras de deficiência; além da
possibilidade de capacitação continuada de professores, troca de experiências
e comunicação dos resultados de pesquisas desenvolvidas.
O
uso pedagógico do chat, ou sala de bate-papo on line é um campo a se
investigar e pode trazer novas dimensões não só para o ensino à distância,
mas como instrumento de construção de conhecimentos, pesquisa, troca de
informação e comunicação entre sujeitos que buscam aprender, seja em
instituições de ensino ou não.
Segundo RUSTEN e outros, 2002,
“O chat na Internet é uma forma de comunicação sincrônica on
line que utiliza um software para manter discussões em tempo real, via
teclado. Diferentemente de muitos aplicativos de bate-papo pela Internet hoje
existentes, o software de chat utilizado nesta atividade piloto, Ralf's Chat,
foi inserido no website da LTNet possibilitando a realização dos
bate-papos com muita facilidade. O único requisito era o acesso a computadores
conectados à Internet e o uso de uma versão recente de um browser, tal como o Internet
Explorer, da Microsoft, ou o Netscape”. E complementam ponderando
que o chat na internet “se torna uma ferramenta mais poderosa quando combinado
com outras ferramentas, tais como correio eletrônico e listserv. Essa
combinação de ferramentas de comunicação permite discussões mais amplas e
aprofundadas”.
O
webquest é um protótipo de
ambiente de aprendizagem colaborativa a distância, empregando a internet,
baseado na Pedagogia de Projetos, que é proposto por RIBEIRO e JÚNIOR,2003 no
artigo intitulado “WEBQUEST: Protótipo de um Ambiente de Aprendizagem
Colaborativa a Distância Empregando a Internet” disponível em: http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=110&sid=124&UserActiveTemplate=4abed
e vale conhecer e investigar.
Os
softwares educativos disponíveis no mercado precisam ser analisados avaliando
se os mesmo possibilitam a construção de conhecimentos, assegurando interação,
comunicação, níveis de ajuda, promoção da aprendizagem significativa, caso
contrário qual o valor de tal instrumento? Segundo SANTOS, 2002, “...o
material didático disponível para subsidiar a intervenção pedagógica
apoiada pela tecnologia informática (os softwares educativos) não é, via de
regra, desenvolvido por educadores, mas por especialistas da área da ciência
da computação, em grupos fechados e muitas vezes unidisciplinares. Em função
disto, poucos – ou raros – são os recursos efetivamente interessantes do
ponto de vista pedagógico”. Ainda de acordo com VIEIRA, 2003, "avaliação
de softwares educativos significa analisar como um software pode ter um uso
educacional, como ele pode ajudar o aprendiz a construir seu conhecimento e a
modificar sua compreensão de mundo elevando sua capacidade de participar da
realidade que está vivendo”. Avaliação
de softwares educativos nos remete a uma reflexão criteriosa, uma vez que
analisar a proposta pedagógica dos softwares educativos permite
ao educador compreender os fundamentos epistemológicos que o permeiam e assim
avaliar se os mesmos atendem aos objetivos educacionais contemporâneos ou se ao
menos podem ser utilizados nas instituições de ensino mediante intervenções
pedagógicas planejadas pelos educadores.
Há
de se investir em pesquisas e projetos interdisciplinares onde pedagogos, psicólogos,
licenciados em geral e especialistas da área da ciência da computação
debatam possibilidades educativas para as NTIC e construam softwares educativos
de qualidade pedagógica e política, atendendo aos anseios e postulados das ciências
da educação.
Outra
questão a se discutir é que os cursos de formação de professores precisam
encarar os desafios de promover pesquisas e inovações com a utilização crítica
das NTIC aplicadas à educação, além de aproximar seus acadêmicos das
potencialidades da pesquisa educacional mediante a utilização do computador e
da internet, mas também de disponibilizarem artigos e conteúdos de qualidade
na internet. “Já é bastante evidente que o desenvolvimento da informática
educativa no Brasil ainda é um problema crucial, que precisa de soluções de
peso, na medida em que a democratização do acesso as novas tecnologias de
comunicação e informação é condição incontornável para garantir o
ingresso e a permanência do país na chamada Sociedade da Informação”.
(SANTOS, 2002)
Os
softwares livres parecem ser uma alternativa a ser investigada pelos
educadores dada sua filosofia e flexibilidade, uma vez que a educação prima
pela produção e disseminação do conhecimento humano e o software livre em
sua estrutura de rede (internet e intranet) refere-se à liberdade dos usuários
executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o
software. Mais precisamente, ele se refere a quatro tipos de liberdade, para os
usuários do software livre, conforme conferimos no site http://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt.html:
a) A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº
0); b)A liberdade de estudar como o programa funciona, e adaptá-lo para as suas
necessidades (liberdade nº 1). Aceso ao código-fonte é um pré-requisito para
esta liberdade; C) A liberdade de redistribuir cópias de modo que você possa
ajudar ao seu próximo (liberdade nº 2); d) A liberdade de aperfeiçoar o
programa, e liberar os seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comunidade se
beneficie (liberdade nº 3). Acesso ao código-fonte é um pré-requisito para
esta liberdade.
Os
softwares livres parecem sinalizar possibilidades educativas fecundas,
cabendo a universidade e aos educadores pesquisarem e criarem alcances pedagógicos
para tal.
Acompanhando
o avanço tecnológico, em 1978, os japoneses inventaram o celular, que
nas décadas posteriores invadiram o mercado mundial, possibilitando que o já
conhecido telefone, em nova versão fosse transportado, o que provocou fortes
mudanças de comportamento social e a cada nova versão o aparelho vai ganhando
acessórios e aplicabilidades, sem dúvida alguma atendendo a interesses econômicos.
O celular vem sendo utilizado para telefonar, passar mensagens escrita ou
pictográfica, trocar informações e fica a indagação de quais seriam as
possibilidades desta tecnologia para fins educativos. Precisamos investigar.
ENZENSBERGER,
alemão de vertente marxista, defende que “o paradigma emissor-receptor da
comunicação de massa reproduziria a luta de classes no capitalismo. O emissor
representaria, portanto, o empresário das comunicações, que por sua vez
identifica-se com a classe dominante e o receptor, a classe dominada”.(SERRA
& outros, 2003). Partindo dessa premissa, Enzensberger vai propor uma estratégia
política organizada de tomada do poder mediático, onde o controle dos veículos
de comunicação de massa sofreria um processo de descentralização e passaria
a ser exercido não mais pelos proprietários, mas por organizações
autogestoras. Segundo SODRÉ, o “uso emancipador” dos meios de comunicação,
defendido por Enzensberger, implicaria em:
a)
programas descentralizados (ao invés de submetidos a um controle central);
b)
cada receptor, um transmissor em potencial (em vez de um emissor e muitos
receptores);
c)
mobilização das massas (e não imobilização de indivíduos isolados);
d)
interação dos participantes, feed back (em vez de conduta passiva ao
consumo);
e)
processo político de aprendizagem (contrário ao processo de despolitização);
f)
produção coletiva (em substituição à produção por especialistas);
g)
controle socializado por organizações autogestoras (em lugar do controle
exercido por proprietários e burocratas)” (SODRÉ, 1981, p. 36)
As
idéias de Enzensberger podem contribuir significativamente para as pesquisa
educacionais vinculadas à tecnologia e educação; informática educativa;
recursos tecnológicos e aplicações educacionais, dentre outras.
Já
a discussão proposta por SOUZA, 2003 é que a utilização das NTIC se dê como
fundamento e não como instrumento aplicado à educação, enfatizando que “A
utilização das Novas Tecnologias” como Instrumento, apenas representa,
segundo Pretto, 1996, "mais um recurso didático-pedagógico", que tem
a finalidade de agir sobre um sistema já existente. Já como Fundamento,
possibilita o estímulo à criatividade e uma comunicação bidirecional, onde,
tanto os orientadores como orientados são responsáveis pela solidificação da
Linguagem e assim do imaginário social.” Neste sentido parece existir uma
concordância entre o que debatemos, uma vez que temos clareza que as políticas
educacionais, o sistema educacional, as escolas precisam ser modificadas e
construídas com pilares que promovam ao indivíduo à autonomia, à liberdade
de expressão, o estímulo à pesquisa e o desejo social de aprender a aprender,
pautado em bases democráticas que permitam ao homem indignar-se frente às
desigualdades, a fome e a miséria existente no mundo. E não apenas
indignar-se, mas buscar transformar tal realidade, produzindo conhecimentos e
assumindo postura questionadora capaz de buscar modificar a presente realidade
mundial.
SOUZA, 2003, pontua que “A partir da compreensão da representação dos
significados, as tecnologias passam a ser vistas como Linguagem e suas utilizações
não se restringem aos recursos instrumentais, mas às novas propostas de pensar
que se tornam possíveis”. E complementa sinalizando que “percebe-se que o
entendimento da Linguagem assumida pelas tecnologias, representa um marco
inicial para o saber aplicá-las no meio social, em especial, nesse caso, no
ambiente educacional.” E pondera que “ a aceitação dessas tecnologias, por
cada instituição social, depende do grau de reconhecimento da Linguagem como
representadora das significações decorrentes do imaginário social da
sociedade.”
Quanto
aos alcances e desafios pedagógicos na utilização das Novas Tecnologias de
Informação e Comunicação, em especial os computadores e a internet, estão
vinculados às suas potencialidades para promover interação intra e
interpessoal, comunicação, troca de experiências e conhecimentos,
oportunidades de pesquisas, tendo acesso a fontes diversificadas de informações
e ser mediada conforme as necessidades e oportunidades individuais e coletivas
em ambientes de aprendizagem. Neste sentido, a proposta do Programa Nacional de
Informática Educativa do MEC é utilizar o computador na escola com o
“objetivo de criar um ambiente de aprendizagem onde o aprendiz processe a
informação, agregue-a a seus esquemas mentais e coloque-a para funcionar
mediante um desafio ou situação problema”. (VIEIRA, 2003, p. )
Conclusão
A
título de considerações finais, tem se que, a avaliação contínua dos
processos de construção de conhecimentos nas instituições de ensino, a análise
dos dados e informações coletados em pesquisas sobre as práticas pedagógicas,
a reflexão, a implementações de mudanças qualitativas no processo educativo,
promovam uma constante que assegure a superação e o desenvolvimento aos
processos educativos e aos indivíduos sociais. O que possivelmente se viabilize
mediante gestão das instituições educativas que seja construtiva,
participativa, dialogada e democrática. E, por outro lado, a formação
continuada interdisciplinar de profissionais da educação precisa favorecer o
desenvolvimento de competências e habilidades de profissionais pesquisadores,
reflexivos e construtores de novas práticas e teorias, compreendendo essa nova
forma de pensar e produzir conhecimento proposto pelas NTIC no atual contexto
social-histórico, podendo assim assegurar à educação a melhoria de sua
qualidade política, à sociedade um cidadão mais feliz e desenvolvido e ao
mundo, a possibilidade de se rever e buscar alternativas frente à desastrosa
realidade de desigualdade e exclusão social. A Educação à Distância tem
historicamente contribuído na relação entre as tecnologias e o ensino, com o
objetivo de construir conhecimentos, porém este ainda é um longo caminho a se
percorrer.
Referências
bibliográficas:
A
relação desenvolvimento / aprendizagem na Teoria de Vygotsky.
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/multirio/cime/davigots.html>
Acesso em dez/2002.
BAUDRILLARD,
Jean "Réquiem pelos media" In: Para uma Crítica da Economia
Política do Signo. Lisboa: Edições 70, 1972. p. 226 apud MATUCK,
Artur. "O potencial dialógico da televisão: comunicação e arte na
perspectiva do receptor". São Paulo: ANNABLUME: ECA-USP, 1995. p. 40.
BERTULANI.
Carlos. Disponível em: <http://www.if.ufrj.br/teaching/eletronica/texto2.html>
Acesso em: fev/2003.
DEMO,
Pedro. Educação e Qualidade. São Paulo. Cortez. 2002.
HOFFMAN,
Abbie. "Steal this Book" New York: Pirate Editions, 1971. p.
144 Apud MATUCK, Artur. "O potencial dialógico da televisão:
comunicação e arte na perspectiva do receptor". São Paulo: ANNABLUME:
ECA-USP, 1995. p. 123.
ILLICH,
I. "La Convivialitté" Paris: Seuil, 1973. p 45 Apud LEMOS,
André. Op. Cit.
LEMOS,
André. "Anjos interativos e retribalização do mundo: sobre
interatividade e interfaces digitais" – Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos/interac.html
> Acesso em: fev/2003.
LÉVY,
Pierre. Cibercultura.
1ª Ed. São Paulo: Ed 34, 1999-10-18.
NOVAES,
Adauto. "O Olhar Melancólico" In: NOVAES, Adauto (org).
"Rede Imaginária: televisão e democracia". São Paulo: Companhia das
Letras, Secretaria Municipal de Cultura, 1991. p. 85.
OLIVEIRA,
Marta Kohl de. VYGOTSKY aprendizado e desenvolvimento: um processo sócio-histórico.
São Paulo. Scipione. 1993.
PALÁCIOS,
Marcos. Modens,
Muds, Baunds e FTPs: aspectos da comunicação no final do milênio. Disponível
em:<http://www.facom.ufba.br/> Acesso em 2003.
PRETTO,
Nelson de Luca. Uma escola sem/com futuro - Educação e Multimídia. São
Paulo: Papirus Editora, 1996, 247p.
RUSTEN.
Eric, JUNG. Lurdes Marilene, MATOS. Maria de Lourdes, CASTRO. Noara de Resende,
GUIMARÃES. Rosalva Ieda & SUGURI. Vera Lúcia Atsuko.
O Uso Pedagógico do Web-Based
Chat: Uma atividade piloto para explorar o potencial pedagógico do web-based
chat. Disponível
em:<http://www.connect.com.br/~ntemg7/webchat.htm>
Acesso em fev/2003.
SANTAELLA,
Lúcia. “Cultura das Mídias”. São Paulo, Razão Social, 1992. p.
96.
SANTOS,
Gilberto Lacerda. O software
educativo e a promoção da aprendizagem significativa?
Utopia ou realidade. Disponível em: <http://www.anped.org.br/25/minicurso/roteirogt16.doc>
Acesso em: nov/2002.
SERRA,
Cristiana.DINIZ, Gabriela.& MAIA, Marta
Cury. Do analógico ao digital: um breve relato da evolução dos meios de
comunicação a partir de uma visão global tecnológica. Disponível em:
<http://www.facom.ufba.br/projetos/digital/index.html>
Acesso em fev/2003.
SODRÉ,
Muniz. “O Monopólio da Fala”. Petrópolis: Vozes/Mundo Moderno,
1981. p. 36.
SOUZA.
Maria Carolina Santos de. A Tecnologia da Informação enquanto construção
social- histórica e seu significado na sociedade contemporânea. Disponível
em:
<http://www.projetoeducar.com.br/informatica-educativa/relato3.htm>.
Acesso em: fev/2003.
TODOROV,
João Cláudio. A importância da educação à distância. Revista Educação
à Distância. INED - Instituto Nacional de Educação a Distância, n. 4-5,
abr. 1994, [online]. http://www.ibase.org.br/~ined/todorov.html
VIEIRA.
Fábia Magali Santos. Avaliação de softwares educativos: reflexões para
uma análise criteriosa.
Disponível em:<http://www.connect.com.br/~ntemg7/avasoft.htm>
Acesso em jan/2003.
VIEIRA.
Fábia Magali Santos & MATOS. Maria de Lourdes. Internet. Disponível
em:
<http://www.connect.com.br/~ntemg7/internet.htm>
Acesso em fev/2003.
VYGOTSKY,
Lev S.. A Formação Social da Mente. São Paulo, Martins Fontes, 1998.
______ . Pensamento e Linguagem. São Paulo, Martins Fontes, 1998.
ZACHARIAS.Vera
Lúcia Câmara. Teoria do
desenvolvimento mental e problemas da educação. Disponível em: <https://www.meempi.com/per3.html>
e <http://www.centrorefeducacional.com.br/vydesmen.htm>Acesso
em: jan/2003.
Pedagoga/
Especialista em Planejamento Escolar/Mestranda em Ciências da Educação
Superior pela Universidade de UEG /Havana.
Professora: da Universidade Estadual de Goiás; Universidade Católica de Goiás; Curso de Formação de Oficiais da Academia de Polícia Militar de Goiás; Curso de formação do Corpo Docente da Polícia Comunitária; Especialização em Psicopedagogia da Fundação Franscisco Mascarenhas.
e-mail:
suanno@brturbo.com
ou suanno@uol.com.br