Estamos cercados, hoje, em todos os setores de atividade humana, de
slogans que insistem que devemos ser sempre mais inovadores,
constantemente criando produtos e serviços novos para garantir maior
diferenciação dos concorrentes, para “maximizar lucros”, e para
assegurar sustentabilidade. Mas, será que inovar é algo tão simples
assim, tão controlável, tão fácil de realizar através de um algoritmo,
que podemos assumir ser possível exortar todas as pessoas a serem “mais
inovadoras”? Não é verdade que a capacidade de inovar é como a
capacidade de ter talento musical ou inteligência lógico-matemática, um
“dom” que, quando encontra um ambiente propício, floresce? Por exemplo,
no mundo do comércio, foi um único indivíduo, o inglês Josiah Wedgewood
(1730-1795), que, 250 anos atrás, para poder vender sua cerâmica
refinada, inventou a maioria das técnicas conhecidas hoje para obter
sucesso: mala direta; garantia de dinheiro de volta; vendedores
ambulantes; “self-service”; entrega gratuita; catálogo ilustrado; e
“compra um e ganha dois”.
O Manual de Oslo – Diretrizes para a Coleta e Interpretação de Dados
Sobre Inovações. 3a ed. (Paris: OECD, 2005) define quatro tipos de
inovação: de produtos, de processos, de marketing e de organização.
Onde, então, devemos procurar a inovação na educação a distância na
pedagogia, na tecnologia, no recrutamento do aprendiz e no seu apoio
pela instituição?
O Brasil é um país inovador em EAD ou apenas um seguidor? Quem, entre
nós, indivíduos ou instituições, tem demonstrado ser um verdadeiro
inovador? A cultura brasileira encoraja ou inibe o espírito inovador, ou
cria barreiras ao seu funcionamento? Qual seria a infra-estrutura ideal
de condições para fomentar a inovação na aprendizagem a distância dentro
da realidade brasileira?
Embora seja sempre verdade que os autores de trabalhos submetidos para
apresentação nos Congressos Internacionais da ABED podem escolher o
assunto que mais lhes convém, os organizadores do 15° CIED, de 2009,
gostariam de receber o maior número possível de trabalhos que lidam com
o tema proposto: a identificação de inovações que comprovadamente
levaram ao sucesso de EAD, dentro ou fora do Brasil, e cuja
originalidade e significância podem ser comprovadas com os tradicionais
recursos científicos.
São Paulo, 26 de fevereiro de 2009.
Fredric M. Litto
Presidente da ABED
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