Eloiza da Silva Gomes de Oliveira
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
eloizaoliveira@uol.com.br
Aline Campos da Rocha Ferreira
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
aline.crf@terra.com.br
Alessandra Cardoso Soares Dias
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
ale_csdias@yahoo.com.br
TEMA: Educação a Distância nos Sistemas Educacionais
Resumo
A Educação à Distância (EAD) pode constituir-se em um meio de democratizar
o acesso à Universidade Pública, viabilizando a formação de pessoas excluídas
do processo educacional. O Rio de Janeiro, utilizando a EAD, vem enfrentando
este desafio através de um consórcio formado entre as Universidades Públicas
do Estado: o Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro
(CEDERJ). Entre os cursos de Licenciatura oferecidos está o de Pedagogia para
os anos iniciais do Ensino Fundamental, formação continuada para professores
da rede pública do Estado do Rio de Janeiro, desenvolvido em cinco Pólos da
UERJ. Esta pesquisa visa acompanhar e avaliar a implantação do curso citado,
subsidiar–lhe os ajustes necessários, propiciar a sua expansão a outros Pólos,
verificar os efeitos desta formação nas atitudes e valores dos docentes. A investigação
aborda sete eixos: Vestibular, Currículo, Instalações e o funcionamento dos
Pólos, Material Didático, Tutoria, Metodologia e Sistema de Avaliação, através
da análise documental, questionários e entrevistas. Este texto apresenta alguns
resultados da avaliação da tutoria. Entrevistamos 21 tutores e selecionamos,
dos questionários, as semelhanças e as diferenças entre a ação docente no ensino
presencial e na Educação à Distância apontadas, construindo um quadro comparativo
entre ambas
Palavras-chave:
Educação a Distância, Tutoria, Formação de professores.
1) Introdução: O Curso de Pedagogia UERJ / CEDERJ.
Os conceitos tradicionais de Educação a Distancia (EAD) mudaram com a popularização da Internet, a partir de 1994, pois ganhou mais agilidade e assim se tornou um recurso de grande importância para atender a grandes contingentes de alunos, de forma mais efetiva que outras modalidades de ensino, sem reduzir a qualidade dos serviços oferecidos pela ampliação da clientela atendida.
No Brasil a EAD vem alcançando uma posição de destaque, por ser um instrumento de democratização do acesso à Universidade Pública, já que oferece oportunidades para um maior número de pessoas ingressarem em instituições de ensino, para a formação ou profissionalização nos diversos níveis. Transforma-se, assim, em um novo meio para a inclusão daqueles ainda excluídos dos processos educacionais, por questões de horário, localização de moradia ou falta de recursos materiais, entre outras causas.
Finalmente, cabe ressaltar que a EAD permite dinamizar o processo de ensino / aprendizagem, introduzindo um novo paradigma na relação aluno / professor, em que ambos têm novas responsabilidades e novos perfis.
Na perspectiva de aumentar as oportunidades de acesso ao Ensino Superior, o Governo do Estado do Rio de Janeiro formou um consórcio – o CEDERJ (Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro) – com as Universidades Públicas do Estado (UERJ, UENF, UFRJ, UNIRIO, UFRRJ e UFF).
O CEDERJ, utilizando a EAD, oferece cursos nos mesmos padrões de qualidade de ensino das instituições consorciadas e tem o objetivo de contribuir para a interiorização do Ensino Superior gratuito e de qualidade, para o acesso de pessoas que não podem estudar nos horários dos cursos presencialmente oferecidos, atuar na formação continuada de professores de todo o Rio de Janeiro e criar uma massa crítica em Educação a Distância no Estado.
O Projeto prevê a implantação de 26 pólos regionais de atendimento, sendo, até agora, cinco de responsabilidade da UERJ (Maracanã, Paracambi, Nova Friburgo, Petrópolis e São Pedro da Aldeia).
A pesquisa que atualmente desenvolvemos surgiu porque um processo desta natureza requer, por um lado, agregar elementos quantitativos relativos à qualidade do curso e, por outro lado, realizar a interpretação e a incorporação dos aspectos qualitativos, feita pelos diversos atores que participam do processo institucional: docentes, discentes e servidores técnico - administrativos.
A proposta que norteia este Projeto é acompanhar e avaliar a implantação do Curso de Pedagogia / Licenciatura para as séries iniciais do Ensino Fundamental a Distância no Estado do Rio de Janeiro e, com os seus resultados, poderá estabelecer novas possibilidades metodológicas de avaliação, com o levantamento de indicadores avaliativos para futuros projetos; verificar a efetividade em relação à qualidade do curso avaliado; e delinear um horizonte futuro de aprimoramento da aprendizagem em ambientes virtuais.
Um projeto assim necessita de uma sólida fundamentação teórica que lhe dê suporte, e que está organizada em quatro vertentes: levantamos a bibliografia e vimos estudando obras sobre Educação a Distância, Avaliação Institucional, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, Currículo e Formação de Professores.
Na pesquisa, sete aspectos - as áreas ou indicadores avaliativos - estão sendo abordados: a tutoria, o Vestibular, o Currículo do Curso, as Instalações e o funcionamento dos pólos, a metodologia, o material didático e o sistema de avaliação. Estas unidades serão abordadas através de instrumentos de pesquisa (análise documental, questionários e entrevistas, entre outros).
Os resultados que apresentamos neste trabalho foram originados exatamente pelo primeiro eixo avaliativo – a tutoria, ligado ao tema Educação a Distância nos Sistemas Educacionais.
Por tratar-se de um curso na modalidade semi – presencial, o que nós estudamos prevê duas modalidades de tutoria: a distância e presencial. Assim como à coordenação das disciplinas, cabe aos tutores presenciais uma importante tarefa: ajudar o aluno no planejamento e na administração do tempo acadêmico, visando a sua autonomia intelectual. Torna-se, assim, importante agente na diminuição dos níveis de abandono e de trancamento de matrícula.
Os tutores a distância, por sua vez, têm como função principal atender e orientar os alunos, esclarecendo-lhes as dúvidas quanto aos conteúdos, através de desafios cognitivos que promovam o reconhecimento das questões conteudísticas fundamentais, por parte do aluno.
Além disso, pelo fato dos tutores manterem um vínculo interpessoal estreito com os alunos, o exercício da sua tarefa volta-se ainda para a manutenção da motivação e do interesse dos mesmos pela própria formação, evitando, também aqui, a evasão e o descompromisso com o estudo.
2) Atribuições e expectativas quanto à ação tutorial, no curso pesquisado.
Em reuniões de equipe, realizadas no âmbito UERJ / CEDERJ, chegou-se a elaborar uma proposta de atribuições dos tutores, que apresentamos a seguir.
QUADRO 1 |
ATRIBUIÇÕES DOS TUTORES PRESENCIAIS E A DISTÂNCIA |
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Na mesma ocasião, foram definidos pré-requisitos ou competências prévias dos tutores presenciais e a distância.
QUADRO 2 |
COMPETÊNCIAS necessárias aOS TUTORES PRESENCIAIS E A DISTÂNCIA |
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3) O significado e a importância da tutoria em EAD: o docente “invisível” que também ensina.
A razão da escolha da tutoria como eixo inicial da nossa investigação, deveU-se ao fato de que uma das maiores críticas em relação à Educação a Distância refere-se às dificuldades relacionadas com a administração do tempo de estudo dos alunos e com a ausência de contato pessoal, o que faz com que esta modalidade de ensino necessite de um eficiente acompanhamento dos tutores, em relação aos alunos. Portanto, a tutoria se destaca como um dos principais componentes para que esta comunicação se estabeleça.
Ao listar os elementos centrais da EAD, Keegan (1991, p. 38) aponta:
Vemos que o autor fala de uma “comunicação de mão dupla”, com ênfase no diálogo, embora haja distância física entre o professor e o aluno, mostrando uma profunda mudança na relação pedagógica. Permanece, no entanto, a necessidade de alguém que realize a mediação entre o aluno e o conhecimento, de forma efetiva.
É o tutor que aproxima o aluno dos conteúdos do curso ministrado e do próprio “conteúdo tecnológico”, necessário ao trânsito autônomo em ambientes virtuais de aprendizagem.
O modelo tutorial do CEDERJ busca atender às especificidades do seu público - alvo e às características globais de sua proposta, sem descuidar das dificuldades decorrentes do pioneirismo desse projeto no Estado do Rio de Janeiro.
Na Educação à Distância é fundamental promover ao máximo a interação dos estudantes com seus tutores, compensando problemas inerentes aos processos de ensino e aprendizagem nesta modalidade de ensino, como a distância física e as possíveis dificuldades – cognitivas e motivacionais, por exemplo – dos alunos.
Nunca é demais enfatizarmos a importância da tutoria no desenvolvimento da autonomia do aluno, em relação à sua própria aprendizagem, no sentido que César Coll chama de plena “perspectiva construtivista”:
Numa perspectiva construtivista, a finalidade última da intervenção pedagógica é contribuir para que o aluno desenvolva a capacidade de realizar aprendizagens significativas por si mesmo numa ampla gama de situações e circunstâncias, que o aluno “aprenda a aprender”. (COLL, 1994, p. 136)
4) O estudo realizado.
Destacada a importância da tutoria para a efetividade dos curso na modalidade a distância, acreditamos atender ao tema deste evento - “Avaliação: compromisso com a qualidade” – apresentando exatamente este eixo avaliativo da nossa pesquisa, e focalizando a prática pedagógica tutorial e cotejando-a com a mesma prática, na sua versão presencial.
Entre outras estratégias metodológicas, aplicamos um instrumento para a coleta de várias informações, inclusive sobre a prática pedagógica utilizada pelos tutores, nesta modalidade de ensino.
Perguntamos a 21 tutores (13 presenciais e 8 à distância) o que eles consideravam que é Didática, se há uma Didática específica para a Educação à Distância e quais são as principais semelhanças e diferenças entre a Didática aplicada nas duas modalidades de ensino (presencial e a distância).
Destacamos, dos instrumentos preenchidos pelos tutores, dados específicos em relação às principais características da Didática utilizada na Educação a Distância e na Educação presencial.
Os tutores consideram a Didática como a orientação do processo ensino - aprendizagem, fazendo a ligação entre a teoria e a prática educativa, como normalmente é concebida. Em EAD, no entanto, segundo os entrevistados, ela vai além das formas de ensinar e seus recursos, devendo-se considerar todos os elementos que dela participam, direta ou indiretamente.
As semelhanças, apontadas pelos tutores, entre as duas modalidades de ensino, são apresentadas no quadro a seguir.
QUADRO 3 |
Principais semelhanças entre a Didática da Educação Presencial e da Educação à Distância. |
a) Quanto à aprendizagem - tanto a Educação Presencial como a EAD promovem a aprendizagem significativa e devem ser compreendidas como partes integrantes de um projeto educativo mais amplo, tendo especificidades e importância próprias, atendendo a necessidades e demandas de uma clientela específica. O importante é que ambas possam contribuir para ampliar, em qualidade e quantidade, as oportunidades educacionais, visando alcançar os fins da Educação e contemplando especialmente a consecução da cidadania plena. |
b) Quanto à avaliação - nos dois casos, ela envolve a aferição do conhecimento adquirido pelo aluno e deve ser competência do tutor / professor promovê-la. Na modalidade a distância, no entanto, também existe uma forma de avaliação não – presencia (no nosso curso ela é chamada de AD). Isto requer, por parte do tutor, uma visão mais “aberta” e menos tradicional da avaliação. |
c) Quanto ao domínio do conteúdo a ser ministrado - neste item houve acentuada concordância quanto ao fato de que tanto o professor do ensino presencial, quanto o tutor da EAD, devem dominar o conteúdo do curso em que participam. Em alguns casos foi destacado que, na modalidade a distância, o tutor tem mais tempo para consultar alguma dúvida quanto ao conteúdo, o que não é possível em “tempo real”. |
d) Quanto ao trabalho é desenvolvido em equipe, com outros educadores – também neste caso, as duas modalidades se assemelham. Na Educação a Distância, no entanto, pode ocorrer – como acontece no curso avaliado – o contato com os professores que elaboraram o material didático (conteudistas), o que é enriquecedor para o grupo. Os tutores consideraram que existe um grande suporte didático no contato com os professores coordenadores das áreas, que exercem uma função supervisora em relação aos tutores. |
e) Quanto à existência de uma proposta curricular – tanto na Educação presencial quanto a distância, a existência da proposta curricular, amplamente conhecida pelos professores / tutores é fundamental. Ela norteia a prática pedagógica de ambos. |
Foi destacado ainda que, como nas demais modalidades de Educação, são necessários: uma postura pedagógica calcada em princípios democráticos e éticos; uma definição flexível de opções metodológicas; a utilização / adaptação de recursos adicionais, de acordo com a clientela a ser atendida no curso, não se resumindo a simples métodos estáticos de ensino; e a consideração da pluralidade cultural dos alunos, entre outros aspectos, menos citados.
Observando o QUADRO 4, verificamos com mais detalhes as diferenças freqüentemente mencionadas, entre as modalidades de didática utilizadas nas duas formas de ensino – presencial e a distância.
QUADRO 4 |
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Diferenças entre a Didática empregada nos cursos presenciais e nos cursos à distância |
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NA EDUCAÇÃO PRESENCIAL |
NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA |
O centro geográfico de ensino é a sala de aula. Esta é privilegiada como o locus das interações e da deflagração das aprendizagens, demandando estratégias didáticas que incluem o contato físico, a voz, o olhar, entre outras. |
O aluno estuda onde e quando desejar – a população é dispersa – há separação física entre professor e aluno. Surge a demanda por novas estratégias didáticas, que incluam as ferramentas de interação. Deram grande destaque ao conteúdo das mensagens trocadas entre os alunos e o tutor. |
Ênfase à interação social presencial – as aulas ocorrem face - a – face - demandando métodos e recursos variados para a exposição do conteúdo aos alunos e para a manutenção da motivação epistêmica. |
Ênfase à interação social ocorrida em ambientes virtuais – provocada pela separação entre professor e aluno – emprestando importância maior ao material didático e à tecnologia de informação e comunicação, que serão os meios pelo quais o aluno terá acesso ao conhecimento. O material didático deverá ter características próprias, distintas do chamado livro didático. |
Situação de ensino – aprendizagem controlada pelo professor, há maior risco do aluno ficar passivo. |
Aprendizagem independente e autônoma, o aluno torna-se mais ativo em relação ao processo e deve ter a sua autonomia ainda mais estimulada. |
Um só tipo de docente – presencial - presente diante do aluno. |
Vários tipos de docentes: o que elabora o material didático, o tutor presencial , aquele que atua totalmente a distância. |
Maior possibilidade do professor ser percebido como “fonte” do conhecimento, como ocorre nas modalidades mais tradicionais do ensino presencial. |
O tutor é um mediador, dá suporte e atua como orientador da aprendizagem dos alunos. |
Utilização dos recursos didáticos usuais, já bastante abordados pelos “Manuais de Didática” (quadro de giz, cartazes, transparências, álbum seriado, fichas, estudo dirigido, modelos, mural, entre outros). |
Utilização da Tecnologia de informação e comunicação (TIC), em suas diversas variedades e das ferramentas tecnológicas de interação síncronas e assíncronas (Internet, correio eletrônico, chat, fórum, vídeo – conferência, softwares e a própria sala de aula virtual, por exemplo). |
Ênfase na interação. |
Ênfase na mediação, utilizando as ferramentas de interação já citadas. |
Comunicação direta. |
Comunicação diferenciada no espaço e no tempo (presencial, a distância síncrona, assíncrona). |
Esforço focado em atender diretamente o educando, no sentido de transmitir-lhe o conhecimento na instituição de ensino. |
Esforço direcionado para auxiliar o estudante a se organizar e buscar o conhecimento em locais e horários fixados por ele próprio. Isto significa o desenvolvimento da autonomia em relação à própria aprendizagem e a descoberta das melhores formas de alcançá-la (“aprender a aprender”). |
5) Conclusões.
Quase podemos dizer que os dois últimos quadros falam por si, pois os tutores foram bastante detalhistas ao caracterizarem uma Didática para a Educação a Distância. Embora eles não tenham especificado etapas ou “metodologias” específicas, podemos destacar alguns aspectos, em relação ao que disseram, e que caracterizam as “competências didáticas”, desejáveis em um tutor:
Tudo isto destaca a importância da ação tutorial, alicerçada em um sólido trinômio ação – reflexão – ação.
Demo (1998), ao destacar a importância crucial do professor na Educação a Distância, resume desta forma as competências que ele deve possuir:
... a teleducação não dispensa o professor, embora agregue a seu perfil outras exigências cruciais, como saber lidar com materiais didáticos produzidos com meios eletrônicos, trabalhar em ambientes diferentes daqueles formais da escola ou da universidade, acompanhar ritmos pessoais, conviver com sistemáticas diversificadas de avaliação. (p. 200)
Tudo o que foi dito vem de encontro à importância da Didática para todo o tipo de atuação docente, independentemente de ser ela presencial ou a distância.
Também para a EAD defendemos, como Candau, a necessidade de uma Didática Fundamental.
A autora critica a existência de uma Didática Instrumental,
... concebida como um conjunto de conhecimentos técnicos sobre o “como fazer” pedagógico, conhecimentos estes apresentados de forma universal e, consequentemente, desvinculados dos problemas relativos ao sentido e aos fins da educação, dos conteúdos específicos, assim como do contexto sócio - cultural concreto em que foram gerados. (1984, p. 13-4)
Em oposição a este modelo, ela propõe uma “didática fundamental” que assume a multidimensionalidade do processo de ensino - aprendizagem e coloca a articulação das dimensões: técnica, humana e política, no centro configurador de sua temática.” (Candau, op. cit., p. 21).
A tecnologia de Informação e comunicação (TIC) abriu um universo de possibilidades para o cotidiano do trabalho docente, constituindo-se em um meio de nos aproximarmos da educação, quando não a podemos realizar regularmente. Significa, ainda, disponibiliza recursos, ao aluno, para obter informação e aprender autonomamente, de acordo com os indicativos motivacionais e o ritmo de aprendizagem de cada um. É necessário, no entanto, que haja, por parte do professor, a flexibilidade e a ousadia necessárias diante do novo, para criar novos procedimentos e metodologias, “garimpar” atalhos para a interação efetiva, construindo uma “didática inovadora”.
Na realidade, e percebemos isto na pesquisa realizada, a chamada “transposição didática” ainda continua sendo o grande desafio no processo ensino – aprendizagem. A criação de uma linguagem comum ao professor / tutor e ao estudante, no momento do processo de desconstrução / reconstrução do conhecimento, ainda significa um longo “caminho a ser feito”, no processo ensino – aprendizagem.
Concluímos esta exposição com uma citação de Oliveira e Sá, que reafirmam, à semelhança da proposta da Didática Fundamental, de Candau, uma Didática na Educação à Distância que promova a reflexão, a crítica e a transposição de conteúdos, independentemente da interação direta entre professor e aluno.
We can affirm that the tutor accompanies, guides and it "encourages " the process of construction of the knowledge, individual as in group. He stimulates learning processes, inducing, supporting, monitoring and including pleased learning situations. As in all the transformation didactic action, it should center his action in the incentive to the reflection, to the critic and the constant application of the learned concepts to new contexts, promoting the construction of the praxis. (2003, p. 1037).
... peço apenas que permaneçamos abertos, benevolentes, receptivos em relação à novidade. Que tentemos compreendê-la, pois a verdadeira questão não é ser contra ou a favor, mas sim reconhecer as mudanças qualitativas na ecologia dos signos, o ambiente inédito que resulta da extensão das novas redes de comunicação para a vida social e cultural. Apenas dessa forma seremos capazes de desenvolver estas novas tecnologias dentro de uma perspectiva humanista (Lèvy, 1999, p.12).
Referências Bibliográficas
CANDAU, Vera Maria. (org.). A Didática em Questão, Petrópolis: Vozes, 1984.
COLL, C. S. Aprendizagem Escolar e Construção do Conhecimento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1984.
DEMO, Pedro. Questões para a Teleducação, Petrópolis: Vozes, 1998.
KEEGAN, D. Foundations of Distance Education, Londres: Routledge, 1991.
LÈVY, P. Cibercultura. Rio de Janeiro: Editora 34, 1999.
OLIVEIRA, Eloiza da Silva G. de e SÁ, Marcia S. M. M. The tutorial practice in distance learn and the development of cooperative learning. Proceedings of IADIS International Conference e-Society 2003. Lisboa, 2003