Maria Elisabeth Pereira Kraemer
Universidade do Vale do Itaja� � UNIVALI � SC - kraemer@univali.br
Janae Gon�alves Martins
Universidade do Vale do Itaja� � UNIVALI � SC - janae@univali.br
Educa��o a Dist�ncia nos Sistemas Educacionais
Educa��o Universit�ria
Resumo
Uma sociedade que emana conhecimento tamb�m precisa produzi-lo em conson�ncia com processos de comunica��o, colabora��o e criatividade. � desta forma que o conhecimento evolui e novos paradigmas se instalam. A universidade � o lugar privilegiado para uma educa��o dirigida �s exig�ncias de nossos tempos. Atribu�-se a ela a responsabilidade de educar para o desenvolvimento sustent�vel, quer diretamente mediante seus alunos, quer por influ�ncia, junto a decisores e outros agentes-chave implicados no processo. Dentro do processo de universaliza��o e democratiza��o do ensino, especialmente no Brasil, onde os d�ficits educativos e as desigualdades regionais e sociais s�o t�o elevados, os desafios educacionais existentes podem ter, na educa��o a dist�ncia, um meio indiscut�vel eficaz e eficiente no ensino-aprendizagem. Al�m do mais, os programas educacionais podem desempenhar um papel inestim�vel no desenvolvimento cultural da popula��o em geral.
Palavras-chave: universidade, desenvolvimento sustent�vel, meio ambiente, educa��o.
1 Introdu��o
O r�pido crescimento demogr�fico, o esbanjamento dos recursos naturais e a degrada��o do meio ambiente, a pobreza persistente de grande parte da humanidade, a opress�o, a injusti�a e a viol�ncia de que padecem ainda milh�es de pessoas exigem a��es corretivas de grande envergadura.
Segundo Mayor (1998, p. 46), a educa��o � a chave do desenvolvimento sustent�vel, auto-suficiente � uma educa��o fornecida a todos os membros da sociedade, segundo modalidades de ensino e com a ajuda de tecnologias, de tal maneira que cada um se beneficie de chances reais de se instruir ao longo da vida. Devemos estar preparados, em todos os pa�ses, para remodelar o ensino, de forma a promover atitudes e comportamentos que sejam portadores de uma cultura da sustentabilidade.
O ensino superior � o instrumento principal de transmiss�o da experi�ncia cultural e cient�fica acumulada pela humanidade. �Num mundo em que os recursos cognitivos, enquanto fatores de desenvolvimento, tornam-se cada vez mais importantes do que os recursos materiais, a import�ncia do ensino superior e das suas institui��es ser� cada vez maior�. (Delors et al., 2000).
S�o as universidades que re�nem um conjunto de fun��es tradicionais associadas ao progresso e a transmiss�o do saber: pesquisa e inova��o, ensino e forma��o e educa��o a dist�ncia (EaD).
Na EaD, a preocupa��o volta-se para o desenvolvimento da cidadania (forma��o de um cidad�o com capacidade cr�tica e criativa) e a igualdade de oportunidades de acesso ao saber acumulado pelo homem ao longo de sua hist�ria.
Neste sentido, os trabalhos desenvolvidos dentro das institui��es de ensino de n�vel superior t�m um efeito multiplicador, pois cada estudante, convencido das boas id�ias da sustentabilidade, influencia o conjunto, a sociedade, nas mais variadas �reas de atua��o.
A educa��o est� sendo, nos dias de hoje, repensada como uma prepara��o para a vida: trata-se de garantir a seguran�a do emprego e a aptid�o para o trabalho, de permitir a cada um satisfazer �s demandas de uma sociedade em r�pida evolu��o, assim como as mudan�as tecnol�gicas que condicionam hoje, direta ou indiretamente, cada aspecto da exist�ncia e, finalmente, de conseguir responder � busca da felicidade, do bem-estar e da qualidade de vida.
2 Meio ambiente
A concep��o ecol�gica concebe o universo como um todo interligado e interconectado entre si. Reconhece a interdepend�ncia fundamental de todos os seres vivos, n�o como uma cole��o de partes dissociadas, mas como uma rede de fen�menos articulados e fortemente imbricados, dentro da qual seres humanos e sociedades participam de forma c�clica dos processos da natureza.
Neste sentido, Bertalanffy (1977, p. 35), com sua Teoria Geral dos Sistemas, enfatiza que tudo est� unido a tudo e que cada organismo n�o � um sistema est�tico fechado ao mundo exterior, mas sim um processo de interc�mbio com o meio circunvizinho, ou seja, um sistema aberto num estado quase estacion�rio, onde materiais ingressam continuamente, vindos do meio ambiente exterior, e neste s�o deixados materiais provenientes do organismo.
Para Bateson (1987, p. 17), um sistema vivo n�o se sustenta somente com a energia que recebe de fora, mas fundamentalmente pela organiza��o da informa��o que o sistema processar.
Esse processo de interliga��o foi sabiamente descrito no s�culo passado por um chefe �ndio, numa carta enviada ao Presidente dos Estados Unidos que, de acordo com Dias (1993, p. 47), em sua obra A carta do Chefe Ind�gena Seattle, dizia: �[...] ensinem �s suas crian�as o que ensinamos �s nossas, que � Terra � nossa m�e. Tudo o que acontecer a Terra, acontecer� aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo, est�o cuspindo em si mesmos[...] � Terra n�o pertence ao homem; o homem pertence a Terra[...] todas as coisas est�o ligadas como o sangue que une uma fam�lia. H� uma liga��o em tudo. Os rios s�o nossos irm�os, saciam nossa sede�.
Foi com a Revolu��o Industrial que o homem come�ou realmente a transformar a face do planeta, a natureza de sua atmosfera e a qualidade de sua �gua. O meio ambiente est� sendo agredido, devido ao r�pido crescimento da popula��o humana, que provoca decl�nio cada vez mais acelerado de sua qualidade e de sua capacidade para sustentar a vida.
O impacto da esp�cie humana sobre o meio ambiente tem sido comparado, por alguns cientistas, �s grandes cat�strofes do passado geol�gico da Terra. A humanidade deve reconhecer que agredir o meio ambiente p�e em perigo a sobreviv�ncia de sua pr�pria esp�cie e pensar que o que est� em jogo n�o � uma causa nacional ou regional, mas sim a exist�ncia da humanidade como um todo. � a vida que est� em jogo. N�o podemos conceber um ecossistema sem o homem, n�o podemos encontrar o homem sem algum ecossistema.
Com todos os desastres que t�m acontecido com o meio ambiente, percebemos que o ser humano tem sido capaz de modificar seu meio ambiente para adapt�-lo �s suas necessidades.
Com o r�pido crescimento da popula��o, criou-se uma demanda sem precedentes, que o desenvolvimento tecnol�gico pretende satisfazer, submetendo o meio ambiente a uma agress�o que est� provocando o decl�nio cada vez mais acelerado de sua qualidade e de sua capacidade para sustentar a vida.
Um dos impactos que o uso de combust�veis f�sseis tem produzido sobre o meio ambiente terrestre � o aumento da concentra��o de di�xido de carbono (CO2) na atmosfera, dando lugar a um aumento da temperatura global da Terra.
Outros males importantes causados pelo ser humano ao meio ambiente s�o o uso de pesticidas que contaminam regi�es agr�colas e interferem no metabolismo do c�lcio das aves; a eros�o do solo, que est� degradando de 20 a 35% das terras de cultivo de todo o mundo; a perda das terras virgens; o crescente problema mundial do abastecimento de �gua, como conseq��ncia do esgotamento dos aq��feros subterr�neos, assim como pela queda na qualidade e disponibilidade da �gua e a destrui��o da camada de oz�nio.
Percebe-se, portanto, que hoje os problemas vividos no mundo s�o realmente em decorr�ncia da interven��o humana no planeta e nos ecossistemas. A t�tulo de exemplo, podemos citar: destrui��o da biodiversidade ou a extin��o de esp�cies; destrui��o progressiva da camada de oz�nio por gases; efeito estufa ou aquecimento global; crescimento da popula��o mundial; polui��o e indisponibilidade de �gua pot�vel.
Desde a d�cada de 50, a deteriora��o ambiental e sua rela��o com o estilo de crescimento econ�mico j� eram objeto de estudo e preocupa��o internacional. Cita-se o te�logo luterano Albert Shweitzer, fil�sofo, organista int�rprete de Bach e m�dico mission�rio que em 1952 recebeu o Pr�mio Nobel da Paz por popularizar a �tica ambiental e pelos seus esfor�os em defesa da �Irmandade das Na��es�. Durante confer�ncia proferida em 20 de outubro de 1952 na Academia Francesa de Ci�ncias (Paris), sobre o tema �O problema da �tica na evolu��o do pensamento�, ele declarou: �quando o homem aprender a respeitar at� o menor ser da cria��o, seja animal ou vegetal, ningu�m precisar� ensin�-lo a amar seu semelhante�.
Nos anos 60, nos Estados Unidos, houve uma profunda mudan�a na atitude do povo americano com rela��o � necessidade de normas ambientais federais, suscitada pela obra �Silent Spring� (Primavera Silenciosa), de Rachel Carson, uma bi�loga marinha norte-americana que provocou os pol�ticos � a��o. O livro, publicado em 1962, presidiu o rito de passagem para o momento novo na hist�ria humana: o da preocupa��o com os rumos do desenvolvimento pr�prio da sociedade industrial.
�Primavera Silenciosa� relata os efeitos da m� utiliza��o dos pesticidas e inseticidas qu�mico-sint�ticas, alertando sobre as conseq��ncias danosas de in�meras a��es humanas sobre o ambiente.
Carson iniciou o debate sobre o custo ambiental dessa contamina��o para o homem. J� nessa �poca, apontava para os preju�zos do uso de produtos qu�micos no controle de pragas e doen�as, advertindo que estavam interferindo nas defesas naturais do pr�prio ambiente e, segundo Dias (1993, p. 54), a autora dizia que �n�s permitimos que esses produtos qu�micos fossem utilizados com pouca ou nenhuma pesquisa pr�via sobre seu efeito no solo, na �gua, animais selvagens e sobre o pr�prio homem�. O livro teve os direitos comprados por uma multinacional de agroqu�mica e, diz-se, isto impede sua republica��o.
Nos �ltimos anos, a preocupa��o em defender a natureza passou a ser mundial, devido a afirma��es aterradoras como:
� Nosso planeta est� polu�do, sua temperatura se eleva, as eros�es progridem, as �reas agr�colas irrig�veis diminuem, a popula��o aumenta e os ecossistemas sofrem efeitos devastadores.
� Mudar a economia mundial, de acordo com o novo modelo de desenvolvimento ambientalmente mais adequado, � a �nica alternativa para a sobreviv�ncia a longo prazo da humanidade.
� Os pa�ses desenvolvidos t�m hoje menos de 25% da popula��o mundial, mas consomem 75% de toda a energia produzida, 70% dos combust�veis comercializados, 85% dos produtos da madeira e 72% do a�o.
Portanto, fica clara a import�ncia da quest�o ambiental em qualquer discuss�o e tamb�m dentro dos debates da sociedade, no sentido de enfatizar a consci�ncia de preserva��o do meio e a evolu��o para a gest�o da sustentabilidade, porque, a cada dia, ficam evidentes as conseq��ncias das agress�es que o homem comete contra a natureza.
3 A express�o �Desenvolvimento Sustent�vel� entra em cena
O modelo de crescimento econ�mico gerou enormes desequil�brios. Se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a mis�ria, a degrada��o ambiental e a polui��o aumentam dia a dia. Diante dessa constata��o, surge a id�ia do desenvolvimento sustent�vel, buscando conciliar o desenvolvimento econ�mico � preserva��o ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no mundo. Fortalece-se a percep��o de que � imperativo desenvolver, sim, mas sempre em harmonia com as limita��es ecol�gicas do planeta, ou seja, sem destruir o ambiente, para que as gera��es futuras tenham chance de existir e viver bem, de acordo com as suas necessidades (melhoria da qualidade de vida e das condi��es de sobreviv�ncia).
As metas do desenvolvimento sustent�vel s�o:
� A satisfa��o das necessidades b�sicas da popula��o (educa��o, alimenta��o, sa�de, lazer, etc.).
� A solidariedade para com as gera��es futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver).
� A participa��o da popula��o envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um � parte que lhe cabe para tal).
Educa��o para a Vida Sustent�vel envolve uma pedagogia que coloca a compreens�o da vida como seu ponto central. O educando experimenta um aprendizado no mundo real que supera nossa aliena��o da natureza, o que reacende um sentido de pertin�ncia e desenvolve um curr�culo que ensina �s nossas crian�as os princ�pios b�sicos da ecologia, tais como:
Essa pedagogia sugere o planejamento de um curr�culo integrado, enfatizando o conhecimento contextual, no qual os v�rios assuntos s�o entendidos como recursos a servi�o de um foco central. Uma maneira ideal de alcan�ar a integra��o � aproximar-se da chamada �aprendizagem por projetos�, que consiste em facilitar as experi�ncias de aprendizagem ao envolver alunos em projetos complexos e contempor�neos, atrav�s dos quais eles desenvolvam e apliquem habilidades e conhecimentos.
Uma das formas de levar a educa��o ambiental � comunidade � pela a��o direta do professor na sala de aula e em atividades extracurriculares. Por meio de atividades como leitura, trabalhos escolares, pesquisas e debates, os alunos poder�o entender os problemas que afetam a comunidade onde vivem, a refletir e criticar as a��es que desrespeitem e, muitas vezes, destroem um patrim�nio que � de todos.
Os professores s�o a pe�a fundamental no processo de conscientiza��o da sociedade dos problemas ambientais, pois buscar�o desenvolver, em seus alunos, h�bitos e atitudes sadios de conserva��o ambiental e respeito � natureza, transformando-os em cidad�os conscientes e comprometidos com o futuro do pa�s.
Al�m disso, desenvolvimento sustent�vel introduz uma dimens�o �tica e pol�tica que considera o desenvolvimento como um processo de mudan�a social, com conseq�ente democratiza��o do acesso aos recursos naturais e distribui��o eq�itativa dos custos e benef�cios do desenvolvimento.
O grande desafio do s�culo 21 �, ent�o, o de mudar o sistema de valores que est� por tr�s da economia global, de modo a torn�-lo compat�vel com as exig�ncias da dignidade humana e da sustentabilidade ecol�gica.
4 A nova miss�o do ensino superior: educar para o desenvolvimento sustent�vel
Segundo Morin (2003), os saberes necess�rios � educa��o do futuro n�o t�m nenhum programa educativo, escolar ou universit�rio. Para ele, n�o est�o concentrados no ensino fundamental, no m�dio, nem no ensino universit�rio, mas abordam problemas espec�ficos para cada um desses n�veis. Eles dizem respeito aos buracos negros da educa��o, completamente ignorados, subestimados ou fragmentados nos programas educativos. Programas esses que, na opini�o do autor, devem ser colocados no centro das preocupa��es sobre a forma��o dos jovens, futuros cidad�os.
Um dos saberes necess�rios � educa��o, para Morin (2003), � a condi��o planet�ria, sobretudo na era da globaliza��o. Esse fen�meno que estamos vivendo hoje, em que tudo est� conectado, � um outro aspecto que o ensino ainda n�o tocou, assim como o planeta e seus problemas, a acelera��o hist�rica, a quantidade de informa��o que n�o conseguimos processar e organizar. Existe neste momento um destino comum a todos os seres humanos.
Compreender a no��o de desenvolvimento sustent�vel na pr�tica educativa � uma no��o que continua a ter um sentido muito vago. O mundo desenvolvido n�o mostra grande entusiasmo perante tal obriga��o. Ao contr�rio, os pa�ses em desenvolvimento reconhecem a seriedade da quest�o, dizendo � e o argumento tem perfeita justifica��o � que vivem h� muitos anos consumindo apenas o estritamente necess�rio e que t�m, pois, o direito de dispor no futuro de uma fatia maior dos recursos.
Para ter acesso a uma melhor qualidade de vida, devemos melhorar os nossos conhecimentos. Maturana (1998, p. 18) diz que o verdadeiro conhecimento n�o leva ao controle ou � tentativa de controle, mas leva ao entendimento, � compreens�o, a uma harm�nica e ajustada aos outros e ao meio. Para ele, conhecer � viver, viver � conhecer. Diz ainda que todo conhecer � uma a��o efetiva que permite a um ser vivo continuar sua exist�ncia no mundo que ele mesmo traz � tona ao conhec�-lo.
� preciso progredir no campo da ci�ncia e da tecnologia, das ci�ncias sociais e humanas. Para garantir a qualidade a n�vel humano, � preciso melhorar tamb�m o sistema de valores. A sabedoria consiste, exatamente, na �ntima alian�a entre conhecimentos e valores.
� a� que entram em jogo as universidades, assim como todos os estabelecimentos de ensino superior, que assumem uma responsabilidade essencial na prepara��o das novas gera��es para um futuro vi�vel. Pela reflex�o e por seus trabalhos de pesquisa b�sica, esses estabelecimentos devem n�o somente advertir, ou mesmo dar o alarme, mas tamb�m conceber solu��es racionais. Devem tomar a iniciativa e indicar poss�veis alternativas, elaborando esquemas coerentes para o futuro. Devem, enfim, fazer com que se tome consci�ncia maior dos problemas e das solu��es atrav�s de seus programas educativos e dar, eles mesmos, o exemplo.
Os trabalhos desenvolvidos dentro das institui��es de ensino de n�vel superior t�m um efeito multiplicador, pois cada estudante, convencido das boas id�ias da sustentabilidade, influencie o conjunto, a sociedade, nas mais variadas �reas de atua��o.
Todos os estabelecimentos de ensino superior est�o bastante conscientes do papel que devem cumprir na prepara��o das novas gera��es para um futuro vi�vel. As universidades envolvidas partilham a convic��o de que o progresso econ�mico e a prote��o ambiental est�o indissoluvelmente ligados. Um n�o tem futuro sem o outro.
4.1 Educa��o a dist�ncia no ensino superior
Conforme o decreto n� 2494 de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta o artigo 80 da LDB n� 939/96: �Educa��o a dist�ncia � uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a media��o de recursos did�ticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informa��o, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunica��o�.
Portanto, verifica-se que o governo brasileiro reconhece essa modalidade do aprender, deixando claro a presen�a de diversos meios de comunica��o.
O Ministro da Educa��o (MEC), no dia 18 de outubro de 2001, publicou a Portaria n� 2.253, que prev� a oferta de disciplinas utilizando m�todo n�o presencial. Vale para institui��es de ensino superior e poder� ser introduzida apenas em cursos reconhecidos. As institui��es devem, em car�ter opcional, colocar � disposi��o dos alunos 20% da carga presencial, a dist�ncia. Isto quer dizer que o aluno ter� a possibilidade de optar entre presencial e n�o presencial, n�o podendo ultrapassar 20% da carga hor�ria total do curso.
A Educa��o a Dist�ncia, EaD, � um m�todo n�o presencial em educa��o que pressup�e qualquer forma de ensino/aprendizagem, onde professores e alunos n�o est�o em contato f�sico nem, necessariamente, interagindo ao mesmo tempo.
Como diz Pal�cio (2002), as estrat�gias dispon�veis que viabilizam esta forma de comunica��o s�o in�meras. Correspond�ncia, telefone, televis�o, r�dio, todas podem ser consideradas n�o presenciais e s�o utilizadas isoladamente ou integradas entre si. H� bastante tempo (veja o exemplo do telecurso). N�o �, portanto, nenhuma novidade. O que mudou, fazendo com que este m�todo se tornasse relevante a ponto do MEC introduzi-lo na LDB, s�o os recursos de acesso e intera��o � informa��o que temos a nossa disposi��o nos dias de hoje. Este fen�meno pode ser atribu�do � Internet que � um ve�culo de comunica��o de massa (como TV, r�dio, etc.) que proporciona intera��o entre aluno e professor (como no caso da correspond�ncia) em tempo real (telefone). Ou seja, integra todos os recursos que j� existiam numa s� ferramenta.
A educa��o brasileira est� come�ando a dar seus primeiros passos na Internet. Isso se deve ao crescimento e reconhecimento da EaD, uma modalidade de ensino que, segundo especialistas na �rea, poder� amenizar os problemas educacionais do Brasil. Realizada principalmente por meio da WEB, est� se transformando em uma alternativa promissora e eficaz.
Na EaD, o aluno assume um papel de investigador, segundo Horta (2000), pesquisando/debatendo temas que o interessam, e pode estudar em qualquer lugar, a qualquer hora e em seu ritmo (anywhere, anytime and anyspace). J� o professor passa a ser um moderador, coordenando o andamento de cada aluno, contornando crises, indicando caminhos e, principalmente, aprendendo tanto quanto ensina.
A maneira de se trabalhar na EaD � completamente diferente do ensino tradicional, por isso, os profissionais devem estar altamente capacitados.
O professor deixou de ser um transmissor de conhecimentos para se transformar num mediador, com uma nova vis�o pedag�gica. Isto � corroborado por Freitas (2001), ao dizer que caber� a ele substituir os m�todos tradicionais por novos recursos e integr�-los ao ambiente escolar, cada vez mais digital. Ao mesmo tempo, dever� atuar cada vez mais como um direcionador, facilitando o processo de aprendizagem de seus educandos.
Neste sentido, a EaD vem exigindo o desenvolvimento de um modelo pedag�gico espec�fico, em que aprender a aprender, de maneira colaborativa, em rede, � mais importante do que aprender a aprender sozinho, por conta pr�pria. Como argumenta Azevedo (2000), ela requer, portanto, um novo tipo de aluno, o aluno on-line. Mas demanda tamb�m um novo tipo de professor, um professor on-line, que n�o se limita a saber �mexer com o computador�, navegar na WEB ou usar o e-mail, nem a dominar um conte�do ou t�cnicas did�ticas, mas seja especialmente capaz de mobilizar e manter motivada uma comunidade virtual de aprendizes em torno da sua pr�pria aprendizagem.
Para Pal�cio, (2002), adotar ferramentas tecnol�gicas adequadas para medir o ensino online, capacitar o corpo docente na contextualiza��o do conte�do dado em sala de aula ao novo ambiente, integrar a institui��o, como um todo, � cultura da EaD.
A EaD privilegia o que a LDB diz em um de seus par�grafos, que todos devem ter acesso � educa��o, porque transp�e as paredes da sala de aula, levando o conte�do ao aluno, proporcionando estudos �s pessoas que tenham dificuldade de locomo��o ou hor�rio.
A evolu��o da tecnologia est� revolucionando as pr�ticas e estruturas educacionais no mundo todo, mudando o processo de ensino-aprendizagem, a gest�o institucional e as oportunidades de neg�cios no campo da educa��o. � evidente que as mudan�as n�o ir�o ocorrer da noite para o dia.
5 A universidade do s�culo XXI rumo ao desenvolvimento sustent�vel
O desafio do desenvolvimento sustent�vel procura, na universidade, um agente especialmente equipado para liderar o caminho, porque a sua miss�o � o ensino e a forma��o dos decisores do futuro ou dos cidad�os mais capacitados para a tomada de decis�o, porque � rica e extensiva a sua experi�ncia em investiga��o interdisciplinar e porque a sua natureza fundamental de motor do conhecimento lhe imprime um papel essencial num mundo cujas fronteiras se dissolvem a cada dia.
A Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) deu os primeiros sinais �s universidades quanto ao seu papel no caminho global para o desenvolvimento sustent�vel. Os documentos associados �s Confer�ncias em Desenvolvimento Humano em 1972 e em Ambiente e Desenvolvimento � UNCED em 1999 explicitam objetivos e medidas dirigidas �s institui��es de ensino superior (quadro 1).
Documento |
Objetivos |
Medidas Recomendadas |
---|---|---|
UNCHD (1972) Declara��o de Estocolmo (Princ�pios 9 e 24) |
Prever e/ou minorar aspectos contr�rios ao desenvolvimento sustent�vel. |
Formula��o de acordos multi- ou bilaterais ou de outras formas de coopera��o (nomEaDamente em transfer�ncia tecnol�gica). |
UNCED (1991) Relat�rio do Comit� Preparat�rio |
Envolver todos na educa��o para o desenvolvimento sustent�vel. |
Envolvimento de decisores no governo, de especialistas que os aconselhem nas universidades, institutos de investiga��o, etc. |
UNCED (1992) Declara��o do Rio (Princ�pio 9) |
Fortalecer o desenvolvimento de capacidades para o desenvolvimento sustent�vel. |
Interc�mbio de conhecimento cient�fico e tecnol�gico. Desenvolvimento, adapta��o, difus�o e transfer�ncia de tecnologias, incluindo as novas e inovativas. |
UNCED (1992) Agenda 21 (Cap�tulos 31, 34, 35 e 36) |
Clarificar o papel da ci�ncia e tecnologia no desenvolvimento sustent�vel. |
(Re)desenho dos programas nacionais em Ci�ncia e Tecnologia por forma a clarificar contribui��es do setor para o desenvolvimento sustent�vel e identificar fun��es/ responsabilidades do sector no desenvolvimento humano. |
Gerar e disseminar conhecimento e informa��o em desenvolvimento sustent�vel. |
Produ��o de avalia��es cient�ficas de longo prazo sobre deple��o dos recursos, uso da energia, impactos na sa�de e tend�ncias demogr�ficas, e tornar p�blicas em formas amplamente compreendidas. |
|
Educar todos para o desenvolvimento sustent�vel. |
Desenvolvimento de programas de educa��o em ambiente e desenvolvimento (acess�vel a pessoas de todas as idades). Incentivos dos pa�ses �s universidades e a redes de trabalho neste �mbito. |
Quadro I � A ONU e as universidades no �mbito do Desenvolvimento Sustent�vel
(1972-1992)
Fonte: Fouto 2003
As universidades est�o cada vez mais conscientes do papel que t�m a desempenhar para preparar as novas gera��es para um futuro vi�vel. Nos anos 80, com a publica��o do Relat�rio Brandtland e tamb�m da c�pula �Planeta Terra� do Rio, as universidades se esfor�aram para definir e ao mesmo tempo assumir seu papel no que se refere ao ensino para um futuro vi�vel. Com essa finalidade, em diferentes per�odos e lugares, as universidades propuseram e adotaram declara��es ambiciosas, onde apareciam os grandes princ�pios e objetivos do processo de reforma que estavam prontos a adotar.
6 Conclus�o
Ao longo das �ltimas d�cadas, as press�es sobre o ambiente global tornaram-se auto-evidentes, fazendo erguer uma voz comum pelo desenvolvimento sustent�vel. Essa estrat�gia requer um novo enquadramento mental e novo conjuntos de valores.
A educa��o � essencial � promo��o de tais valores e para aumentar as capacidades das pessoas de enfrentar as quest�es ambientais e de desenvolvimento. A educa��o em todos os n�veis, especialmente a educa��o universit�ria para a forma��o de gestores e professores, deve ser orientada para o desenvolvimento sustent�vel e para forjar atitudes, padr�es de capacidade e comportamentos ambientalmente conscientes, tal como um sentido de responsabilidade �tica.
E a utiliza��o das tecnologias de Informa��o e comunica��o inserida neste contexto do processo de constru��o do conhecimento em Institui��es de Ensino Superior tem se apresentado como um meio desafiador e como uma exig�ncia do� mesmo. Exig�ncia, de maneira em que o uso dos recursos de TIC vem se caracterizando como um potencial diferencial oferecido pelas institui��es que as utilizam. E um dos grandes desafios das institui��es no emprego destes recursos de acordo com metodologias de ensino-aprendizagem adequadas e a cria��o de um ambiente que favore�am o desenvolvimento de compet�ncias t�cnicas para tal.
Todos os estabelecimentos de ensino superior est�o bastante conscientes do papel que devem cumprir na prepara��o das novas gera��es para um futuro sustent�vel. As universidades envolvidas partilham a convic��o de que o progresso econ�mico e a prote��o ambiental est�o indissoluvelmente ligados.
Neste sentido, as universidades s�o diariamente chamadas a exercer um papel de lideran�a na proposi��o de uma forma de educa��o inter(trans)disciplinar que comporte uma dimens�o �tica e que tenha por objetivo conceber solu��es para os problemas ligados ao desenvolvimento sustent�vel.
A universidade �, dentre as v�rias institui��es de ensino formal, aquela � qual compete ministrar o mais elevado grau de ensino, o superior, ou seja, o da educa��o para m�xima capacita��o e qualifica��o dos seus cidad�os na resolu��o e antecipa��o dos problemas que mais a afetam. E para cumprir esta miss�o, a universidade busca incessantemente as ra�zes e solu��es desses problemas, por meio da investiga��o e do desenvolvimento de metodologias e ferramentas novas e inovativas.
Fouto (2003) diz que o ensino � o cerne da atividade da universidade e a educa��o a sua miss�o primeira. Face aos objetivos de desenvolvimento sustent�vel, a educa��o para o desenvolvimento sustent�vel ser�, portanto, o principal papel da universidade no s�culo XXI.
Refer�ncias
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