Portal IADEPP : reavaliando a utilização do ambiente virtual para a inclusão social

Abril/2004

 

Beatriz Rizek
Instituto Avançado de Desenvolvimento Pessoal e Profissional
egad@iadepp.org.br

 

Gestão de Negócios Empresariais
Educação Corporativa

Resumo:
O Portal IADEPP – Instituto Avançado de Desenvolvimento Pessoal e Profissional - parte do princípio de que, assim como a inclusão digital promove o sentimento de inclusão social, o inverso também é verdadeiro: todo e qualquer indivíduo que se disponha a ter acesso à internet, por meio de infocentros, telecentros ou quaisquer outros pontos de conexão com a rede mundial de computadores, pode se sentir socialmente integrado à sociedade da comunicação e da informação.
A intenção do IADEPP é proporcionar um espaço virtual para o qual convergem vários especialistas e instituições advindas das áreas educacional, corporativa, governamental (em todos os seus níveis) e de assuntos corporativos internacionais, com o objetivo maior de fazer de uma comunidade virtual de prática uma comunidade social de aprendizagem colaborativa e cooperativa.

Palavras-chave:
• Normas de qualidade e avaliação de sistemas de gestão
• Inclusão sócio/digital
• Protagonismo cidadão e protagonismo corporativo

 


Trajetória de um ideal aliado aos conceitos normativos da Série ISO – the International Organization for Standardization

O conceito de um portal voltado para pessoas e empresas das áreas corporativa e educacional nasceu a partir de uma idéia muito simples: formar uma central de aperfeiçoamento profissional e pessoal multidisciplinar para e através de consultores e instituições associadas. À época (1977) este era um conceito inovador, pois não se compreendia como uma empresa poderia contratar projetos que envolvessem, ao mesmo tempo, atividades não similares e diferentes áreas de conhecimento. A inovação implementada cuidadosamente, acrescida de um olhar visionário, passaram a conferir qualidade ao universo empresarial.

Percebeu-se, então, que os requisitos normativos da Série ISO 9000 poderiam ajudar o início dos trabalhos de educação das empresas. Esta percepção veio da participação em estudos que na Inglaterra fizeram nascer a Norma BS 5750, mais tarde adotada pela ISO como ISO 9000. Porém, somente em 1992 a norma passou a ser procurada no Brasil, após forte pressão do chamado comércio internacional. Iniciou-se, assim, a cultura pioneira da prática da consultoria organizacional para a normalização de sistemas da qualidade.

À medida que vem crescendo e delimitando seu próprio território, o portal IADEPP tem encontrado inúmeras oportunidades de conhecer, detalhadamente, as rotinas organizacionais de centenas de empresas, pelas quais passou a ser requisitado. Diante desse aprendizado tácito, revigorou-se a crença de que as organizações brasileiras necessitam de novos modelos de gestão; sendo imprescindível a melhoria de eficácia e dinâmicas internas.

O passo seguinte para a evolução do conceito foi a construção e fortalecimento de um outro pilar no Instituto. Trata-se da união das ciências administrativas com a Pedagogia e a Psicopedagogia, capaz de encontrar meios e abordagens ricas para a prática de recursos humanos, frutificando os trabalhos do IADEPP e gerando resultados e retornos positivos nas empresas onde a nova abordagem vem sendo aplicada.

Em seu crescimento contínuo, o IADEPP passou a expandir-se para outras cidades, criando Centros Estratégicos Regionais, que continuam a se multiplicar pelo Brasil e a se desenvolverem sob orientação dos Diretores de Negócios do Instituto.Também nos trabalhos de natureza internacional o portal vem acumulando experiências, ligando-se à UnI - Universidade Independente de Lisboa - uma das portas acadêmicas para a União Européia.

 

A inclusão sócio / digital promovida pelo ambiente virtual do IADEPP

Na sociedade do conhecimento que toma por base as novas tecnologias de comunicação e informação, as questões relativas à inclusão sócio-digital estão, comumente, interligadas. Por meio de políticas públicas que favorecem a construção de centros comunitários dotados de computadores com acesso à internet – info ou telecentros – o exercício da cidadania se torna mais praticado e conhecido.

O portal IADEPP busca proporcionar e resgatar esse exercício, a partir de um ambiente virtual gratuito e aberto ao público, rico em ofertas de serviços e produtos através de empresas e profissionais se associam livremente.

Com esta característica, estabelecem-se verdadeiras redes de conhecimento e de trabalho – peopleware and network – que migram do espaço virtual para trabalhar, colaborativamente, em ações presenciais, tanto a nível nacional como internacional.

Com o poder de interferir drasticamente sobre as relações interpessoais e inter-institucionais globais, um portal com sólido e variado peopleware que se propõe a traçar o percurso da inclusão digital para a social aponta, fundamentalmente, para a re-avaliação de mudanças significativas dos conceitos conjugados de produtividade, competitividade, hierarquia empresarial, força de trabalho e mercado de trabalho. Evidentemente, há outras variáveis em discussão, mas vamos nos ater a esses cinco conceitos norteadores deste trabalho.

A produtividade impulsiona o progresso econômico. Havendo uma nova economia informacional, devemos ser capazes de identificar as novas fontes que se nos apresentam: os acessos aos variados portais, 24 horas por dia, 7 dias da semana, remete-nos à delicada e sempre controversa questão das horas de trabalho, horas essas que não representam, exclusivamente, uso da mão-de-obra (salvo no aspecto técnico de manutenção e operacionalização das mídias), mas do capital intelectual ali disponível, seja de forma continuada ou ad hoc, em casos especiais.

A oferta de infindáveis portais obriga-nos a rever o conceito de competitividade: quem “ganha” o cliente é quem anuncia mais de si mesmo, tendo o cuidado estratégico de não disponibilizar a essência do trabalho. Oferecer gratuitamente as únicas competências e habilidades que nos sustentam financeiramente não faz sentido; por isso, a competição no mundo virtual se difere daquela do mundo virtual, onde a maioria das empresas / pessoas tende a se esconder atrás de tradição mercadológica, de um nome construído e aparentemente sólido, esquecendo-se de tornar públicas as inovações e a contemporização institucional.

Com o uso de um portal é possível, além de desejável, atualizar serviços, produtos, patrocinadores, consorciados, apoiadores, sem os custos de novas impressões em mídia impressa, por exemplo. A partir de um clique sobre a logomarca, faz-se link para outra empresa, consolidando a noção de globalização e de ruptura competitiva. Portais são meios para o desenvolvimento de colaboração e cooperação inicialmente virtual, depois, presencial, quando do fechamento do negócio. É assim que o trabalho no cyber-espaço vem sendo desenvolvido, via telemática e a partir da solução de problemas onde cada um tem o seu talento e contribuição produtiva hospedados em um lugar de acesso público.

Desta forma, a hierarquia empresarial também é reavaliada, pois num ambiente colaborativo e cooperativo, todos devem atuar e se unir para o sucesso de um determinado empreendimento comum. Quando digo “hierarquia empresarial” refiro-me não ao organograma, mas ao poder de decisão dos envolvidos: no caso da busca de uma solução para um cliente comum, essa hierarquia se redimenciona, pois não há “um dono” do negócio; há, sim, responsabilidades e atribuições distribuídas, cada uma utilizada a seu tempo e de forma a resultar num produto que contemplou várias áreas do conhecimento.

O mesmo tende a ocorrer em ambientes escolares: a verticalização dos protagonistas se alterna por causa do material disponível na rede mundial: alunos, professores e demais profissionais da educação, envolvidos em portais da instituição, podem interagir quebrando, suavemente, a hierarquia de conhecimento ou fonte de informação, desde que esse processo seja conduzido de forma respeitosa, dentro das regras de comportamento na rede (net-etiqueta).

Somadas às novas leituras dos conceitos de produtividade, competitividade, hierarquia empresarial e força de trabalho, tem-se novas configurações para o mercado de trabalho, cuja megatendência aponta para o teletrabalho, mediado pelas tecnologias de comunicação tais como videoconferência, teleconferência, CD-R, uso de Netmeeting via PC (personal computer), gravações em DVD e Vídeo VHS. Para tal, o IADEPP dispõe de equipes associadas que trabalham a convergência de mídia seja para a melhoria da qualidade da aula, da qualidade da gestão empresarial ou da pesquisa (o portal oferece espaço para a este campo através do LabSearching).

 

Protagonismo cidadão e Protagonismo corporativo

A oferta de espaço para a adesão de consultores independentes aliada ao acesso gratuito ao ambiente do IADEPP (que inclui textos informativos) tornam protagonistas as ações do consultor independente e do cidadão nele cadastrados. Esta busca espontânea pela informação e pela publicação de perfis profissionais que respondam às necessidades individuais ou de grupos dá origem a uma comunidade virtual de aprendizagem e de prática, expandindo a rede de contatos pessoais e empresariais.

O mesmo acontece com as empresas, entidades de classe, ONGs, OCIPs (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), representantes do Sistema S e demais entidades que, de alguma forma, estão organizadas; seja pela categoria, pela causa ou pela missão vocacional que lhes é atribuída.

 

À guisa de conclusão

Um portal com visão (e missão) organizacional, orientado para a aplicação de Normas internacionais de qualidade afeta, sensivelmente, o processo de avaliação das empresas de quaisquer natureza. Particularmente, procurou-se mostrar neste trabalho que, a partir de um brevíssimo levantamento do âmbito da empregabilidade, a inclusão social foi – e vem sendo feita – por meio da inclusão digital, isto é, do simples acesso ao ambiente do IADEPP. Agora, o grande desafio é abrigar, dignamente, na vida real, todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, como clientes, como consultores e empresas associadas ou instituições consorciadas, tiveram a oportunidade de conhecer uma rica comunidade virtual que disponibiliza serviços, informações e conhecimentos gerenciais.

 


Referências bibliográficas :

CASTELLS, M. A sociedade em rede - a era da informação: economia, sociedade e cultura. v1.São Paulo:Paz e Terra.1999

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PALLOFF, Rena M. & PRATT, Keith. Construindo Comunidades de Aprendizagem no Ciberespaço. Porto Alegre: Artmed, 2002

TAPSCOTT, Don. Geração Digital. São Paulo, Makron Books, 1999.
Bedard, Roger. Construtivismo e formação a distância. In Revista Tecnologia Educacional. RJ: 1998, v.26, n. 140, jan/fev/mar.