Educação a Distância: USO DO TELEDUC
Uma Realidade no Aprender a Aprender

Abril/2004

 

1. Maria de Fátima Rodrigues de Lemos
SENAI/RS – Unidade Estratégica de Desenvolvimento Educacional – UEDE / Núcleo de Educação a Distância – NEAD.
E-mail: mflemos@dr.rs.senai.br

2. Miriam Freiberger Souza
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA.
E-mail: erpazo@terra.com. br

3. Fernando Ricardo Gambetta Schirmbeck
SENAI/RS – Unidade Estratégica de Desenvolvimento Educacional – UEDE / Núcleo de Educação a Distância – NEAD.
fernando@dr.rs.senai.br

resumo
A Educação a Distância está sendo cada vez mais utilizada como uma nova modalidade de ensino. Por intermédio do computador o aluno pode navegar pelo imenso “ciberespaço” agregando e construindo o seu conhecimento, a qualquer hora e local sem barreiras materiais. Este artigo tem a finalidade de demonstrar o uso do ambiente TelEduc para a educação corporativa dentro da Instituição SENAI/RS. O ambiente será utilizado para que o colaborador possa usar o espaço na busca de informações para a sua permanente atualização, é o aprender a aprender.

Palavras-Chave:
Educação, aprendizagem colaborativa, interação.

 


1.      INTRODUÇÃO

         Hoje a educação a distância vem crescendo constantemente em campos educacionais. As universidades são as que mais estão usufruindo dessa nova tecnologia, promovendo cursos virtualmente em vários níveis, incluindo a pós-graduação.

 “O Ensino a Distância é o tipo de método de instrução em que as condutas docentes acontecem a parte das discentes, de tal maneira que a comunicação entre o professor e o aluno se possa realizar mediante textos impressos, por meios eletrônicos, mecânicos ou por outras técnicas.”[12]

Esse método, ou seja, a Educação a Distância, já é utilizada há mais de 160 anos. Começou com uma primeira geração na forma de textos impressos ou manuscritos; depois surgiu na forma televisionada e de áudio, sendo, portanto a segunda geração. A terceira geração surge com o uso da multimídia (texto, vídeo e áudio). A quarta geração é a que passaremos a enfocar e refere-se ao ambiente colaborativo, com atividades síncronas e assíncronas, por videoconferência, correio eletrônico, bibliotecas eletrônicas, CD-ROM, Internet. Desta forma a Educação a Distância é chamada de E-learning e atualmente está sendo muito utilizada em ambientes virtuais mediadas pelo computador.

Ambiente virtual é um ambiente produzido pelo homem a fim de proporcionar diferentes graus de liberdade ou controle, fornecendo espaços para explorar, expressar, comunicar idéias, passar informações e consequentemente produzir conhecimento.

É através de um ambiente virtual que um curso a distância pode ser acessado. Todas as informações e ferramentas são disponibilizadas na tela do computador, incorporando uma série de recursos, despertando a comunicação e a interação entre as pessoas. Nesse ambiente o aluno se desloca virtualmente.

Logo:

      “o espaço virtual pode assumir todas as dimensões possíveis ... o tempo flui diferente; ... sua origem é permanentemente “reinicializavel”: não fornece mais acontecimentos prontos  mas eventualidades. O virtual não substitui o real, ele ajuda a lhe dar o sentido”. [8]

    Ambientes virtuais como o TelEduc, Aula Net, WebCT, WebEnsino, Lotus Learning Space possibilitam ao aluno questionar, construir e interagir através das várias ferramentas oferecidas pelos mesmos.

“O conhecimento, por sua vez, é o fruto de uma aprendizagem, ou seja, o resultado de uma virtualização da experiência imediata”. [3].

O conhecimento é local e pessoal, sendo disponibilizado por uma rede ou curso e as informações são transmutadas em conhecimento por uma pessoa. Quando se pensa em conhecimento este só passa a ser conhecimento quando há efetivamente esta transmutação, palavra esta usada aqui para dar mais ênfase ao que se deseja expressar. Não se trata apenas de uma transformação de informações mas mais que isto, trata-se de uma incorporação, e conseqüente adequação do novo conhecimento.

A metodologia da Educação a Distância na forma de e-learning pode basear-se em encontros presenciais e na grande maioria das vezes virtuais onde os alunos dos cursos vivenciam novas experiências, são autores de sua aprendizagem, pois eles são os próprios construtores de seu desenvolvimento cognitivo, é o aprender a aprender.

Nesse tipo de ensino é muito importante o envolvimento e a participação de todos em atividades de trocas interativas, entre os alunos/alunos e alunos/professores, estimulando as escolhas e controle do seu próprio ritmo de aprendizagem.

A verdadeira educação se dá em um ambiente de troca, crítica, trabalho em conjunto, mesmo que seja um pequeno grupo a participar. Isto pode ser verificado quando os alunos interagem utilizando os recursos síncronos e assíncronos dos ambientes virtuais utilizados para a educação a distância.

Estes ambientes possuem interfaces diferentes, porém as ferramentas se assemelham são, entre outras, o chat, portifólio, mural, grupos e as mais utilizadas são o e-mail (correio eletrônico) e o fórum de discussão. Já as demais interações de aprendizagem podem ser consultadas na própria página do curso, através de links externos para visita guiada em sites de interesse, sugestão de leitura, softwares educacionais que podem ser “baixados” diretamente da página do curso em questão.

As atividades são programadas a fim de garantir uma reflexão e construção baseada na pesquisa orientada, aproveitando os recursos oferecidos pelo ambiente Word Wide Web (WWW), a fim de que ela seja realizada. E o aluno pode exercitar e praticar o que lhe é transmitido na teoria, uma vez que ele poderá utilizar mais um recurso, que são os softwares instrucionais que podem ser agregados às páginas e baixados para o seu computador pessoal, facilitando o uso.

Segundo Piaget:

“o principal objetivo da educação é criar homens que sejam capazes de fazer novas coisas e não de simplesmente repetir o que outras gerações fizeram, homens que sejam criativos, inventores e descobridores; o segundo objetivo da educação é formar mentes que possam ser criticas, que possam analisar e não aceitar tudo o que lhes é oferecido” [10].

Durante o curso, percebe-se que alguns alunos desenvolvem a aprendizagem colaborativa, a pesquisa em grupo, a troca de resultados e a interação aumentando assim sua aprendizagem, construindo conhecimento, outros são mais resistentes, e muitas vezes são estes que acabam por evadir.

A proposta desta pesquisa é explorar atividades que propiciem novas formas de apreender conceitos, conteúdos e, consequentemente, promover a construção do conhecimento e cooperação, mesclando idéias da educação a distância com convenções do ensino tradicional como, por exemplo, transformar as “tradicionais” tarefas de casa em tarefas virtuais.

 

     2. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

2.1 Ambiente virtual para o apoio ao processo de ensino e aprendizagem.

Um ambiente virtual de aprendizagem que apoie o processo de ensino e aprendizagem deve possibilitar livres interações sociais entre os alunos e professores propiciando o surgimento de ações conjuntas, como a aprendizagem colaborativa.

Neste ambiente enriquecido com recursos da informática o aluno, o professor e os colegas, expressam, elaboram, compartilham, melhoram e entendem as suas criações, fazendo com que pensem o seu próprio pensamento, pois educação é mudança de comportamento.

Os ambientes virtuais são toda a forma de organização de diferentes fontes de informação a partir de uma plataforma digital, ou seja, no caso de cursos on-line, a partir da WWW. Segundo Garcia [1], a tela de um computador é o lugar de acesso e contato de toda gama de informações organizadas nestes ambientes e incorporam uma série de recursos, capazes de provocar comunicação entre as pessoas.

A rede de computadores apresenta-se hoje como elemento que pode modificar significativamente a educação presencial. As paredes das salas de aula se abrem. Hoje, esses tradicionais locais de ensino e aprendizagem passam a ter o tamanho do mundo. As pessoas podem se comunicar, trocar informações, dados, pesquisar a qualquer hora e de qualquer lugar.

O espaço virtual para o professor é um lugar de referência, encontro e divulgação para cada matéria e para cada aluno. Pode ampliar o alcance do trabalho de suas idéias e propostas, de contato com pessoas fora da escola. Num primeiro momento é importante como referência virtual, como ponto de encontro permanente entre ele e os alunos. É aberta a qualquer pessoa ou só para os alunos, dependerá de cada situação. O importante é que além do presencial, professor e alunos tenham um espaço de encontro e interação virtual.

Construir conhecimento hoje significa, na opinião de Moran [6], compreender todas as dimensões da realidade, captando e expressando essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral. Acredita-se hoje que o processo de construção do conhecimento é bem melhor desenvolvido quando conectamos, juntamos, relacionamos, acessamos o objeto de todos os pontos de vista, por todos os caminhos, integrando-os da forma mais rica possível.

“A Educação a Distância apresenta-se como uma alternativa eficaz no contexto, por incorporar procedimentos metodológicos que estimulam a independência, a iniciativa e a criatividade, aproveitando-se dos meios tecnológicos e de comunicação cada vez mais interativos [11].

Essa interação deve se dar pelo comprometimento tanto dos alunos como dos professores ou tutores, como podem também ser denominados os facilitadores. Em EAD, como praticamente em todas as formas de aprendizagem, há que se ter perseverança, pois não se operam milagres, e a EAD é, sim, mais uma ferramenta, um meio para o ensino-aprendizagem.

No presente artigo, o ambiente TelEduc foi o escolhido como ambiente virtual para o projeto educacional proposto, pois as atividades pedagógicas e o acompanhamento dos alunos podem ser realizadas dentro deste ambiente virtual de livre uso pelas instituições educacionais. Ele proporciona a exploração e visualização das possibilidades de interação, além do feedback do aluno e professor assim como as vantagens e empecilhos em sua aplicação. A experiência em questão é o uso do TelEduc como projeto piloto da implantação do EAD no SENAI/RS.

         2.2. AMBIENTE DO TELEDUC

O ambiente virtual TelEduc foi concebido tendo como alvo o processo de formação de professores para informática educativa, baseado na metodologia de formação contextualizada desenvolvida por pesquisadores do NIED (Núcleo de Informática Aplicada à Educação) da Unicamp (Universidade de Campinas). Encontra-se no seguinte endereço: http://hera.nied.unicamp.br

O TelEduc foi desenvolvido como plataforma de software livre, tendo como elemento central a ferramenta que disponibiliza atividades. Isso possibilita a ação onde o aprendizado de conceitos em qualquer domínio do conhecimento é feito a partir da resolução de problemas, com o subsídio de diferentes materiais didáticos como textos, software, referências na Internet, dentre outros, que podem ser colocadas para o aluno usando ferramentas como: Material de Apoio, Leituras, Perguntas Freqüentes, etc.

O TelEduc foi criado de forma participativa, ou seja, todas as suas ferramentas foram idealizadas, projetadas e depuradas segundo necessidades relatadas por seus usuários. Com isso, ele apresenta características que o diferenciam dos demais ambientes para educação a distância disponíveis no mercado, como a facilidade de uso por pessoas não especialistas em computação, a flexibilidade quanto a como usá-lo, e um conjunto enxuto de funcionalidades.

A intensa comunicação entre os participantes do curso e ampla visibilidade dos trabalhos desenvolvidos também são pontos importantes. Por isso foi desenvolvido um amplo conjunto de ferramentas de comunicação como o Correio Eletrônico, Grupos de Discussão, Mural, Portfólio, Diário de Bordo, Bate-Papo etc., além de ferramentas de consulta às informações geradas em um curso, como a ferramenta Intermap, Acessos, etc.

A página de entrada dos cursos do TelEduc é dividida em duas partes. Na  parte esquerda estão disponibilizadas as ferramentas que são  utilizadas  durante o curso e, na parte direita, é apresentado o conteúdo correspondente à ferramenta que o aluno seleciona quando está trabalhando no ambiente.

Na página principal são apresentados os cursos com as respectivas informações e o cadastro, de preenchimento obrigatório para participar dos cursos oferecidos.

Atividades propostas são as atividades referentes ao tema estudado. O objetivo desta etapa é que cada aluno interprete as informações adquiridas na etapa anterior e processe-as, construindo um novo conhecimento. Dependendo do tema abordado, as atividades poderão ser subjetivas, devendo o aluno enviar seus comentários para o professor e aguardar o feedback do mesmo. Segue abaixo a tela do TelEduc correspondente as atividades.

Para avaliar as atividades, os formadores deverão acessar o espaço específico destinado aos mesmos, inserir sua senha e login, acompanhar o que está ocorrendo e enviar seus comentários e sugestões para o aluno.

O Portfólio é um espaço onde o aluno disponibiliza suas informações. Seu objetivo é o de promover um mecanismo para o aluno registrar seus progressos, suas dificuldades, divulgar seus trabalhos, comunicar ao grupo e ao professor o resultado de seu trabalho e receber feedback. Este espaço pretende oportunizar ao aluno uma reflexão sobre seu processo de aprendizagem.

Correio eletrônico é um serviço básico de comunicação assíncrona em rede de computadores. Também conhecido como e-mail, este permite aos usuários a troca de mensagens via computador, usando um endereço eletrônico como referência para a localização do destinatário da mensagem.

O Fórum de Discussão permite acesso a uma página que contém os tópicos em discussão naquele momento do andamento do curso, permitindo o acompanhamento da discussão através da visualização de forma estruturada das mensagens já enviadas e a participação na mesma por meio do envio de mensagens.  Em todas as aulas os alunos podem ser convidados a registrar sua opinião no Fórum de Discussão.

A Dinâmica do curso contém as informações sobre a metodologia e a organização do curso, conforme mostra a figura 1.


Figura 1. Tela do TelEduc com a Dinâmica do curso: Elaborador de Programas de Educação Profissional por Competências.

O Material de Apoio apresenta informações úteis relacionadas à temática do curso, subsidiando o desenvolvimento das atividades propostas. Já as Leituras (fig 2), apresentam artigos relacionados à temáticas dos cursos Perfil Profissional e Desenho Curricular.

Fig 2. Leituras

Durante o ensino a distância o aluno desenvolve a aprendizagem colaborativa, a pesquisa em grupo, a troca de resultados e a interação bem sucedida aumentando assim a sua capacitação.

Nos encontros virtuais o professor continua desafiando os alunos, só que utilizando-se da tecnologia, através de atividades virtuais, onde o ambiente não é mais o de sala de aula e sim ambientes distintos tanto para o professor como para o aluno. Nestes ambientes são propostas atividades em que professor e aluno jamais deixaram de se comunicar, pois exige uma maior troca de experiências entre os próprios alunos e também entre professor e alunos, percebendo-se que até o aluno mais tímido interage, pois este tem que se expressar, integrar-se ao meio para desenvolver este tipo de aprendizagem colaborativa, desempenhando assim, um papel que o professor não consegue identificar no presencial.

A aprendizagem dentro de uma perspectiva construtivista contempla, de modo fundamental, a interação social dos sujeitos envolvidos no processo. A colaboração entre indivíduos é propiciada por ambientes de trabalho em equipe.

A teoria cognitiva construtivista, de Piaget [10], aponta a importância da interação entre o sujeito e o objeto no processo de aprendizagem e comunicação mediada por computador. Para Piaget, os conceitos de colaboração e autonomia estão diretamente relacionados, pois para que a autonomia se desenvolva é necessário que o sujeito seja capaz de estabelecer relações colaborativas.

A teoria de base usada para este artigo apoia-se na idéia entre organismo e meio, vendo na aquisição do conhecimento um processo social, constituído pelo indivíduo e de sua interação com o meio e na colaboração entre indivíduos, propiciada por ambientes de trabalho em equipe.

Para Tijiboy [13]:

“o processo de interação entre indivíduos possibilita intercambiar  pontos de vistas, conhecer e refletir sobre diferentes questionamentos, refletir sobre o próprio pensar, ampliar com autonomia sua tomada de consciência para buscar novos rumos.” (1999, p.19-28)

É importante a participação, estar visível, virtualmente presente, construindo e colaborando para o sucesso do curso que virá a ser desenvolvido. Como diria Levy [3], não mais alunos e professores, mas pessoas virtualmente presentes, construindo juntas a sua própria aprendizagem e a do grupo, navegando neste imenso ciberespaço. No ambiente é disponibilizada uma ferramenta para formação de grupos, onde ocorre um colaboração direta entre os participantes


A construção do conhecimento dependerá da relação que os alunos estabelecem com o grupo e o ambiente em uma situação determinada. E isto pode ser verificado através do uso das ferramentas de comunicação disponíveis no TelEduc.

A verdadeira educação se dá em um ambiente de troca, de crítica, de trabalho em conjunto, mesmo que seja um grupo pequeno. E isto pode ser examinado quando utilizados os recursos síncronos e assíncronos da Internet, propiciando liberdade em relação ao tempo dedicado à participação.

         As ferramentas, conforme foram descritas são de fácil manuseio e compreensão. O ambiente proporciona a ferramenta Acesso que juntamente com a Intermap, pode verificar a interação (Intermap) e o número de acessos (Acessos), a cada uma das ferramentas do ambiente virtual. Com isso o formador pode mapear a ferramenta mais utilizada pelos alunos do curso e através dessa, chegar mais perto dos mesmos, incentivando ainda o acesso as demais, quando necessário.


Fig 4. Intermap

Conforme demonstra a figura 5 a ferramenta Agenda é a mais acessada, seguida pela ferramenta Entrada no Ambiente e pelo Portfólio.


Fig 5 – Gráfico demonstrativo do acesso às ferramentas

 

3. A OBSERVAÇÃO E A INTERAÇÃO NO ESTUDO DE CASO

O que vem a ser um estudo de caso? Para Trivinos [14], estudo de caso é uma categoria de pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa profundamente. Esta definição determina suas características que são dadas por duas circunstâncias, principalmente. Por um lado a natureza e a abrangência da unidade. Esta pode ser um sujeito. Por outro lado, também a complexidade do Estudo de Caso está determinada pelos suportes teóricos que servem de orientação em seu trabalho ao investigador (1987, p. 9-10).

O público do caso estudado no presente artigo são 29 colaboradores do SENAI/RS, sendo 21 colaboradores das Unidades Operacionais distribuídas pela Capital e pelo interior do estado do Rio Grande do Sul, e 8 do Departamento Regional. O curso foi iniciado em maio de 2003 e não há data estipulada para o seu término, pois ele será um ambiente permanente de pesquisa para a construção de Desenhos Curriculares e de Perfis Profissionais, sendo constantemente acrescentados novos subsídios para a construção dos mesmos. Os colaboradores se dividiram em grupos assim intitulados: Gás, Metrologia, Calçados, Eletrotécnica, Automação, Madeira & Mobiliário, Vestuário e Tecelagem. Gráfica: Pré-Impressão. Construção Civil: Pedreiro, Metalmecânica, COPESUL, Técnico em Curtimento. Nestes grupos ocorrem os debates e os Fóruns de Discussão são formados para que ocorra a troca de informações e construção dos Desenhos Curriculares e Perfis Profissionais dos Cursos do SENAI/RS. São colocadas leituras voltadas para os temas e atividades de construção de Desenhos Curriculares e Perfis Profissionais, sendo após debatidos nos grupos.

Após um evento presencial em março de 2004 com o grupo reunido no auditório do Departamento Regional do SENAI-RS, houve uma motivação maior na exploração do ambiente, ocorrendo um aumento de acessos, indicando que a Internet facilita a motivação dos colaboradores, pela novidade e possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. A tecnologia facilita o processo de ensino e aprendizagem, a capacidade de comunicação autêntica do formador estabelecendo relações de confiança, auxiliando os colaboradores a se expressarem efetivamente.

         4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Educação a Distância é uma das formas mais eficazes de ensinar, do aprender a aprender, pela interação que proporciona aos usuários. Porém, não adianta simplesmente interagir em um ambiente sem estarmos integrados no grupo. A integração se dá pela troca de informações, de e-mails, nas publicações das atividades propostas, nas respostas às perguntas, na solução de dúvidas, na formação espontânea de grupos e conseqüente trabalho em conjunto.

Com atenção e motivação percebemos que os usuários de EAD tornam-se  participativos, despertos para a pesquisa, conquistando assim um novo espaço para o saber neste imenso ciberespaço.

O planejamento para a elaboração de cursos de EAD é uma das etapas mais importantes, pois é nele que ocorrem as pesquisas do público-alvo, dos colaboradores, dos conteudistas, das necessidades do mercado e a viabilidade do mesmo.

O TelEduc demonstra-se um ambiente muito “amigável”, de fácil uso para cursos de EAD e ambientes colaborativos, possuindo vários recursos reunidos em um só ambiente facilitando o manuseio e a busca de informações.

Algumas das vantagens do seu uso: alcance geográfico inimaginável, ou seja, rompimento de limitações espaço-temporais, quebra do tempo real que derruba as paredes da sala de aula, permitindo a assincronicidade na aprendizagem e na participação de projetos educacionais, comunicação em tempo real, acesso a um grande contingente de participantes, custo reduzido e declinante, e o aprendizado através da troca e colaboração. Além destas, podemos ressaltar a grande democracia instituída nesses espaços, uma vez que não são levadas em conta algumas características dos participantes, tais como idade, sexo, nacionalidade, etc

O que se verifica, ainda, é que alunos retraídos e pouco participativos em salas de aula presenciais tornam-se ativos colaboradores e participam das atividades propostas em salas virtuais, deixando de lado a timidez para contribuir efetivamente visando o sucesso do “seu” grupo.

Como desvantagens, ainda encontramos a falta de recursos tecnológicos para o acesso, a ausência de pessoal qualificado e treinado para apoiar o ensino a distância e até, a evasão, tão comum no ensino tradicional. Muitas vezes ainda o termo Educação a Distância não é bem compreendido, sendo que alguns usuários acreditam que aprender a distância é não ter muitas responsabilidades e compromisso com a aprendizagem. Em um primeiro momento acreditam que poderão fazer quando o quiserem, porém, vê-se aqui que não estão bem informados, pois o comprometimento e a disciplina deverão ser maiores, pois eles são o sujeitos de seu aprendizado, eles o constróem.

No uso específico do TelEduc no Perfil do usuário encontramos, também, a resistência de alguns em colocar os dados individuais. Outros colocaram de forma muito espontânea e até bastante pessoal demonstrando a tranqüilidade em estar participando de uma experiência de EAD, como se ela estivesse frente a frente com o formador, com o colega e contando um pouco de si, interagindo efetivamente.

Ainda, neste caso foi levantada a questão do tempo ser pouco para poder participar mais efetivamente do ambiente, foi solicitado por uma participante um tempo dentro das atividades diárias para que esta pudesse ficar sem interferências externas para acesso mais efetivo e garantir uma participação mais eficaz.

É de nosso interesse que, em trabalhos futuros, investiguemos outras ferramentas do TelEduc que não foram exploradas neste artigo.

 


         5. OBRAS CONSULTADAS

[1]GARCIA, Marilene. E-learning, e-course, e o e-teacher? Quem se lembra dele? Nexos, Estudos em Comunicação e Educação. São Paulo: ano IV, nº 7, p.62 -72, 2000.

[2]Lévy, Pierre.  As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: 34, 1997.

[3] _______.  O que é virtual?  São Paulo: 34, 2001.

[4] _______. Cibercultura. São Paulo: 34, 1999.

[5] MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadoras com tecnologia. In: Informática na Educação – Teoria & Prática, PGIE-UFRGS, Porto Alegre, nº 01, v.03, p.137-44, setembro 2000.

[6] _______. Textos sobre Tecnologias e Comunicação. Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran> Acesso em: 26/03/2002.

[7] _______. Mudanças na comunicação pessoal; Gerenciamento integrado da comunicação pessoal, social e tecnológica. São Paulo: Paulinas, 1998.

[8] PARENTE, André (org.). Imagem-máquina: A era das tecnologias do virtual. Rio de Janeiro: 34, 2001.

[9] PIAGET, J. Psicologia e pedagogia. Rio de Janeiro: Forense, 1969.

[10] _______.  Biologia e conhecimento. 2.Ed. São Paulo:Vozes, 1996.  

[11] SENAI. DN. Projeto Estratégico Regional Educação Profissional a Distância. SU-024; relatório final. Porto Alegre, SENAI/RS, 1998.

[12]MOORE, Michael G. disponível na Internet em: http://www.cciencia.ufrj.br/educnet/EDUEAD.HTM

[13] TIJIBOY, Ana Vilma. et al.Aprendizagem Cooperativa em Ambientes Telemáticos. Informática na Educação – Teoria & Prática, PGIE-UFRGS, Porto Alegre, nº 01, v.02, p.19-28, maio 1999.

[14] TRIVINOS, Augusto. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais: A pesquisa Qualitativa em Educação. São Paulo: Atlas, 1987.