ELISA FARIDE SELEME
Universidade Federal de Juiz de Fora
selemeseleme@terra.com.br
ADEMILDE SILVEIRA SARTORI
Universidade do Estado de Santa Catarina
ademilde@matrix.com.br
TEMA: Formação de Profissionais para Educação a
Distância
CATEGORIA: Outras – Educação de modo geral.
Resumo:
Este artigo posiciona estratégias de um novo profissional frente
a implantação de atividades em Educação a Distância
(EaD) como auxílio ao ensino presencial em disciplinas de graduação.
Reúne relatos de iniciativas encontradas entre os professores e profissionais
das mais diversificadas áreas de conhecimento, e também é
resultante da leitura e observação destas ocorrências em
importantes publicações dentro da realidade de ensino nacional.
Palavras-Chave:
Educação a Distância, Professor Tutor, Novas Tecnologias,
Ensino, Aprendizagem.
1. Introdução
Cresce em ritmo acelerado a percepção que a Educação à Distância (EaD), apoiada nas novas tecnologias da informação e comunicação (NTIC’s), é uma estratégia para impulsionar o ensino e a aprendizagem, necessitando urgentemente receber investimento em infra-estrutura e qualificação de profissionais específicos, elevando a qualidade das práticas educativas e dos projetos pedagógicos.
Considerando as diversas opções que o acesso à Internet e a navegação pela Web proporcionam como ferramentas de informação e comunicação, verifica-se uma mudança na estrutura e nos conceitos de ensino e aprendizagem vivenciados durante muitas décadas, forçando os educadores a reaprender e a elaborar novas estruturas de ensino.
Pode-se afirmar que as principais características desta concepção de ensino e aprendizagem estão fundamentadas no conceito de que o aluno passa a ser o principal foco neste processo, alterando o direcionamento dos modelos pedagógicos que até então estavam voltados para o repasse de conteúdos. Nesta modalidade, a linguagem utilizada nos materiais didáticos visa estimular o aluno à autonomia e à interação. A distância física entre os alunos e professores reveste a mediação pedagógica de extrema importância o que torna estratégica a ação do professor-tutor e revela a ênfase aos processos comunicacionais.
Estas características da EaD atual permitem delinear a necessidade de incorporar novas práticas educativas e a identificar estratégias didáticas que formem um profissional preparado para trabalhos cooperativos, com habilidades e conhecimentos para lidar com situações diferenciadas, e capacitação para assessoramento durante todo o processo das atividades em EaD.
2. Educação Presencial em seu Novo Papel
Educadores, qualquer que seja sua formação, desde que envolvidos no processo ensino e aprendizagem, dificilmente poderão pertencer ao segmento dos excluídos no universo digital, sob o risco de se defrontarem com alunos mais fortemente familiarizados com a tecnologia mediada por computador. Não podem ignorar o uso das tecnologias em suas práticas didáticas, fato que acaba forçando naturalmente a modernização e flexibilização do ensino presencial.
A Rede Brasileira de Educação a Distância em seu artigo “História da Educação a Distância”, sugere que:
A demanda dos alunos por novas formas de aprender, provocada pelas gerações que ingressam no ensino superior, trazendo já como um hábito o aprendizado pela descoberta com o uso de sistemas multimídia interativos, exigindo uma mudança no papel do professor, abandonando a forma expositiva de ensinar até então praticada. (Rede Brasileira de Educação a Distância, 2002, p.6).
No referido artigo, é abordado também o papel dos professores, o qual passam a direcionar seu trabalho como autores de estratégias de aprendizagem, modeladores de conteúdos e orientadores da apropriação do conhecimento a ser feita pelos alunos.
Importante também se faz a atenção ao aspecto sugerido por Gregio de que: “As novas tecnologias trazem consigo muitas facilidades, mas também introduzem novas exigências e competências no paradigma educacional, impondo adaptações.” (GREGIO, 2004, p. 1). Chaib “[...] confirma o despreparo dos professores na adaptação à modernidade e ressalta a sua preocupação com a aversão por parte dos professores diante das mudanças necessárias e impostas pela evolução tecnológica. Para o autor, os professores estão fortemente arraigados à concepção tradicional do seu papel, do papel da educação e dos métodos de ensino. “(CHAIB, apud GREGIO, Ibid., p. 2).
Com referência a esta resistência dos educadores, de diversas áreas e disciplinas, ao uso de novas tecnologias da informação e da comunicação (NTIC´s), Gregio descreve que:
[...] essa dificuldade possa ser uma das causas da enorme carência de profissionais com competências didático-pedagógicas que incluem o saber na utilização dos recursos da informática aplicada à educação no processo educativo, justificando assim a contratação de “técnicos”, que evidentemente entendem muito de informática e pouco de educação, sem nenhuma formação pedagógica e didática. (GREGIO, 2004, p. 3).
Dando seqüência as evidências encontradas da necessidade de uma nova postura e atualização pelos profissionais da educação, com relação ao educador e as novas mídias, Moran afirma que:
O professor tem um grande leque de opções metodológicas, de possibilidades de organizar sua comunicação com os alunos, de introduzir um tema, de trabalhar com os alunos presencial e virtualmente, de avaliá-los. (MORAN, 2002, p. 1)
Muitos pontos convergentes podem ser identificados nestas diversificadas reflexões, mas o principal aspecto a ser notado é que, após muitas décadas de práticas tradicionais de ensino, estão ocorrendo mudanças levando assim os profissionais a reverem seus posicionamentos perante a educação.
3. Algumas Experiências de EaD em apoio ao Ensino Presencial
Atualmente muitas são as iniciativas de implantação de sistemas híbridos de ensino e aprendizagem nas instituições de ensino brasileiras. Neste contexto, trataremos de esboçar levemente algumas experiências encontradas na literatura, a fim de fornecer ao leitor uma noção básica desta diversidade.
Varella et all (2001) descreve a trajetória das ações que originaram no núcleo de pesquisadores, professores e estagiários da Coordenadoria de Educação a Distância (CEAD), na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), possibilitando o desenvolvimento e uso amplo do ambiente de aprendizagem colaborativa EUREKA. Os autores afirmam que o ambiente EUREKA “[...] trata-se de um ambiente dinâmico, de interface simples, e que pode ser acessado por qualquer computador ligado na internet, sem necessidade de “plugins” ou similares.” (VARELLA et all, 2001, p. 42).
Não nos ateremos as características tecnológicas do ambiente, mas em sua usabilidade e nos resultados de ordem prática pelos docentes e discentes. Oportuno se faz citar as experiências dos professores ao utilizar este ambiente como apoio em suas atividades presenciais de sala de aula, segundo os autores:
[...] num primeiro momento a incorporação da ferramenta significou um aumento de tarefas uma vez que precisavam planejar suas atividades com mais antecedência, entrar com regularidade nas salas virtuais de suas disciplinas para verificarem atividades ou mensagens, e outros encargos. (VARELLA; VERMELHO; SILVA, 2001, p. 41)
Outra atuação em EaD encontrada na literatura é a descrita por Borba e Ayrosa (2002), cuja publicação descreve a experiência sobre a implantação de curso a distância para a complementação de cursos presenciais. O curso oferecido envolveu os acadêmicos dos cursos de Sistemas de Informação e Ciência da Computação da Universidade Paranaense (UNIPAR), cujo ambiente educacional utilizado foi o software de gerenciamento de cursos a distância Topclass, produzido pela WBT Systems.
Segundo os autores, a referida publicação “[...] aborda os aspectos definidos para a realização de um projeto, considerando o planejamento, público-alvo, aspectos tecnológicos, além da opção metodológica de conteúdos e avaliação.” (BORBA; AYROSA, 2002, p. 1) Descreveremos no entanto, apenas os aspectos evidenciados relacionados ao papel do professor e o impacto nas atividades e seus resultados, observando que, de acordo com citação dos autores, “o professor responsável responsabilizou-se pelas atividades de tutoria, pois o curso estava sendo oferecido pela primeira vez e não contava com outros professores ou alunos que pudessem auxiliar nas atribuições do tutor.” (Ibid., p. 2).
Evidenciamos portanto alguns aspectos citados por esses autores:
Buscando atender o papel de tutor do processo, o professor responsável foi o mediador da informação, auxiliando o aluno em suas dúvidas e hesitações. A função de orientar a resolução de exercícios e atividades também foi desenvolvida exclusivamente pelo tutor, embora houvesse uma expectativa de uma maior interação do grupo neste sentido. (BORBA; AYROSA, 2002, p. 4 )
[...] Quanto à tutoria, os alunos não observaram maiores problemas. Porém, a interação entre os alunos foi consideravelmente baixa. Considerando-se que diariamente o grupo interagia presencialmente, nas aulas convencionais do curso de graduação, não houve estímulo suficiente para a interação virtual/comunicação. (Ibid., p. 6)
Gianella e Struchiner (2002) registram alguns resultados do curso “A Internet no Ensino Superior: recursos e aplicações”, baseado no desenvolvimento e análise de um curso virtual para docentes universitários da área da saúde, dentro das categorias propostas pela Teoria da Atividade (TA). Segundo os autores, “um dos princípios fundamentais ressaltados pela TA é o de que toda atividade é guiada e orientada pelos objetivos específicos dos sujeitos que são compartilhados e negociados pela comunidade.” (NARDI, apud GIANELLLA e STRUCHINER, 2002, p. 4)
O referido projeto foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologias Cognitivas (LTC), Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e hospedado no Ambiente Virtual de Tecnologia Educacional (AVTE). De acordo com os autores Gianella e Struchiner, “o objetivo fundamental do curso foi contribuir para que os professores do ensino superior, [...], pudessem construir conhecimentos e trocar experiências, enriquecendo suas atividades docentes, com o apoio das NTICs, [...].” (Ibid., p. 2).
Face aos registros, evidenciamos algumas das dificuldades encontradas na análise dos resultados, com o único objetivo de sinalizar possíveis procedimentos de melhorias que a intervenção de um profissional especializado em atividades específicas de tutoria poderia proporcionar em apoio aos trabalhos:
De uma maneira geral, a opinião dos alunos foi positiva em relação aos recursos e ferramentas do ambiente virtual. No entanto, a utilização das ferramentas de trabalho foi bastante limitada, o que merece atenção em uma próxima experiência. (GIANELLA; STRUCHINER, 2002, p. 5)
Talvez tenha faltado, no curso oferecido, uma melhor orientação e, até mesmo, uma estratégia pedagógica que facilitasse esta integração entre as diferentes áreas do conhecimento, afinando o diálogo entre os participantes. (Ibid., p. 6)
Dois [...] alunos apontaram que a falta de integração entre os participantes ocorreu devido à pequena provocação e motivação por parte dos orientadores. (Ibid., p. 6)
Enaltecemos aqui que, estes registros não se traduzem em nenhuma crítica quanto ao trabalho tão seriamente realizado pela equipe de professores e alunos do Laboratório de Tecnologias Cognitivas (LTC), Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas sim uma tentativa de evidenciar uma nova figura do professor envolvido diretamente nestas atividades específicas de tutoria, e a possibilidade de que esta atuação se torne uma estratégia que venha prever e corrigir possíveis desvios que possam interferir no sucesso e alcance dos objetivos e metas educacionais.
4. Educação a Distância, Professor-Tutor e Terminologias
Com relação a terminologia utilizada, no trabalho publicado por Chaves, encontramos um parecer de que as expressões “Educação a Distância” e “Aprendizagem a Distância” são utilizadas inadequadamente. Considera que: “A educação e a aprendizagem são processos que acontecem, de certo modo, dentro da pessoa – não há como possam ser realizadas a distância.” (CHAVES, 1999, p. 3). Afirma ainda que: “A expressão ‘ensino a distância’ faz perfeito sentido aqui porque quem está ensinando [...] está ‘espacialmente distante’ e também distante no tempo de quem está aprendendo [...]”. Após várias abordagens sugere, por fim, que a expressão que representaria de maneira mais adequada a tendência atual, seria a “Aprendizagem Mediada pela Tecnologia (AMT)”, com referência mais direta a Tecnologia na Educação (TE) do que a expressão Ensino a Distância (EaD).
Estas colocações iniciais sobre a terminologia mais adequada sugerem apenas reflexões ao leitor, não cabendo neste espaço a determinação de “certo” ou “errado”, mas sim evidenciar que o objetivo deste trabalho é expor as diversas possibilidades de abordagens que podemos encontrar sobre uma mesma temática. Neste artigo optamos por adotar a expressão comumente utilizada de Educação à Distância (EaD).
O mesmo impasse encontramos nos termos utilizados quando de referências a este novo profissional que atua com atividades de tutoria em ambientes educacionais virtuais. Como demonstrado neste artigo, alguns autores fazem referência ao termo “professor-tutor” e outros utilizam simplesmente o termo “tutor”. No decorrer deste trabalho utilizaremos a expressão “professor-tutor”, mas sempre respeitando a formatação encontrada nas citações.
5. Professor-Tutor e seu Perfil
Ao abordar-se aspectos inerentes à prática dos profissionais de ensino e sua qualificação para utilização de novas tecnologias de informação e comunicação mediadas por computador, torna-se importante delinear o perfil necessário para o efetivo desempenho das atividades destes educadores específicos. Flemming reconhece que:
Quanto ao perfil desses profissionais, observa-se a necessidade de adequações conforme as características de cada instituição e de cada curso que será oferecido, pois o perfil do aluno interfere de forma significativa nas atividades dos monitores e dos tutores. (FLEMMING et all, 2002, p. 5)
Para Emerenciano et all o professor que atua em tutoria é considerado um especialista, tanto no que refere ao conteúdo desenvolvido mas também nos procedimentos que vier a adotar para estimular a construção de respostas sociais. Citamos aqui, os quatros aspectos fundamentais considerados:
Capacidades: domínio dos conhecimentos básicos da informática, capacidade de expressão, competência para a análise e resolução dos problemas, conhecimentos (teóricos e práticos), capacidade para buscar e interpretar informações.
Valores: responsabilidade social, solidariedade, espírito de cooperação, tolerância, identidade cultural.
Atitudes: promoção da educação de outros, defesa da causa da justiça social, proteção do meio ambiente, defesa dos direitos humanos e dos valores humanistas, apoio à paz e à solidariedade.
Disposição: para tomar decisão, para continuar aprendendo. (EMERENCIANO et all, 2001, p.8).
Sousa prevê que a proposta pedagógica também influencia em algumas ações no papel do professor-tutor, podendo ou não ser adotadas, as quais citamos a seguir:
Com relação as competências que um professor-tutor deve apresentar acrescentamos os parâmetros desenvolvidos por Struchiner et all:
Portanto, ao considerarmos as mudanças nas estratégias educacionais, podemos verificar que a presença do professor-tutor é uma atividade emergente com excelentes perspectivas de expansão. Jaeger e Accorssi constatam “[...] que uma tarefa fundamental do tutor é de auxiliar o professor na contextualização de sua disciplina dentro do curso e do próprio EAD, juntamente com a coordenação do curso. [...]”(JAEGER; ACCORSSI, 2002, p.4).
Importante ressaltar que na prática, para a execução de um bom trabalho em tutoria de EaD, a dedicação torna-se mais extensiva que nas atividades habituais do professor no ensino unicamente presencial.
Como é um processo de desenvolvimento de um novo estilo de docência, o professor-tutor tem que ter em mente que o aluno é o centro do processo de ensino e aprendizagem e não mais o professor, esta é uma das diferenças mais divulgadas entre EaD e o ensino presencial.
Outras atitudes tornam-se evidenciadas, tais como: buscar minimizar a individualização da aprendizagem utilizando estratégias de socialização (fórum, e-mails, etc...), estar atento e perceber as necessidades do aluno, identificar quais alunos não estão interagindo e tentar resgatar esta relação, atuar em parceria com cada aluno de acordo com suas necessidades e ritmos.
Um detalhe considerado estratégico é a revisão constante do material a ser disponibilizado e a verificação de que todas as informações estão sendo atualizadas sempre que iniciar uma nova turma.
Além disso tudo, considera-se que, mais do que repassar conhecimento, é necessário transmitir confiança em relação ao conteúdo e a instituição que o professor-tutor está representando.
Por todos estes fatores convém reafirmar que o reconhecimento desta nova figura no quadro acadêmico para a implantação, aprimoramento e o estabelecimento de projetos em EaD e aprendizagens mediadas pelas NTCI’s por computador, torna-se evidente.
6. Legislação para EaD
No Brasil, é observado um avanço na regulamentação para a EaD por intermédio de Lei, decretos e portarias. Não nos estenderemos aqui sobre esse assunto, já tratado por diversos autores renomados, mas, por ser do interesse do presente artigo evidenciaremos a Portaria N° 2.253, de 18 de outubro de 2001, Ministério da Educação (MEC), a qual institui que os Institutos de Ensino Superior (IES) do Brasil poderão, [...], oferecer até 20% de suas disciplinas na forma de cursos não presenciais. [...] deverão utilizar tecnologias integradas de informação e comunicação.
Percebemos nesta síntese da referida portaria, uma possibilidade no desenvolvimento de novas estratégias educacionais, muito importantes dentro de nossa realidade brasileira, a serem desenvolvidas com atividades educacionais a distância, evidenciando assim a necessidade de assessoria didática específica, da figura deste profissional emergente, o professor-tutor.
Lima descreve a importância sobre a capacitação específica deste novo profissional e sua atuação em implementação de cursos em EaD:
A seleção criteriosa dos tutores e a sua capacitação são consideradas fatores decisivos para a implementação dos cursos. ... O profissional para atuar como tutor deve estar preparado para assumir diversas tarefas que se resumem em um conjunto de ações que motivem, os alunos na continuidade e na finalização de seus estudos. (LIMA, 2004, p1).
Considerando que todas as iniciativas inovadoras, em qualquer que sejam as atividades, requerem acompanhamento e assessorias especializadas, fortalecemos aqui que, com esta abertura apresentada pelo Ministério de Educação (MEC), consequentemente serão apresentados e desenvolvidos projetos aos órgãos de fomento á pesquisa, incorporando atividades de EaD como complementação ao ensino presencial, exigindo assim um maior desenvolvimento e capacitação profissional em amparo e orientação ao sucesso destes projetos.
7. Considerações Finais
Observamos que não é muito comum tutoria específica em disciplinas presenciais oferecidas a distancia, pois na maior parte das evidências o próprio professor responsável pela disciplina acompanha as atividades dos alunos. A rigor, não existe tutor, apenas o professor. Chamar a atividade do professor de tutoria só por que é mediada tecnologicamente, seria um posicionamento um tanto simplista. Mas, ao evidenciarmos que muitas iniciativas de implantação em EaD não obtiveram continuidade, pela falta de conhecimento por parte destes professores sobre as metodologias de ensino diferenciadas e necessárias para EaD, atestamos com segurança a necessidade desta nova estratégia de tutoria como auxílio aos professores que não possuem conhecimento científico sobre os processos de ensino e aprendizagem em EaD.
No Manual do Tutor do Projeto VEREDAS, encontramos a afirmação sobre a atuação do professor-tutor como fator de qualificação dos cursos a distância:
Ainda que apoiados nos mais modernos equipamentos e recursos audiovisuais e on-line, utilizando manuais criados nos padrões mais avançados, nos aspectos tanto conceituais quanto gráficos, os melhores cursos a distância dão uma ênfase especial ao trabalho de tutoria, encarado como o conjunto de cuidados, atividades e providências que têm como alvo o aperfeiçoamento do atendimento ao aluno, em todas as suas necessidades ligadas a seu processo individual de aprendizagem. (VEREDAS, 2002, p. 9)
Como complementação ao abordado anteriormente, dispomos também a afirmação de Munhoz:
Seguindo esta linha de pensamento somos conduzidos, como pesquisadores, a considerar as atividades de tutoria como uma das funções mais importantes no ambiente dos cursos ofertados na modalidade da educação a distância. (MUNHOZ, 2003, p. 5)
Com base em todas estas afirmações e observando a inclusão destes novos papéis profissionais demandados pela EaD, e mediante as novas políticas educacionais governamentais, ousamos expor a necessidade de reformulação dos planos de carreira dos professores e outros profissionais que atuam em educação. Afastando o mito de que é precoce a idéia de contratação específica para atividades de docência como auxílio a implantação de práticas educacionais virtuais, com conceitos voltados à criação de estratégias e metodologias inovadoras no campo da EaD e do uso pedagógico das tecnologias digitais
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