Personalização do ensino como caminho para a escolas privadas no Brasil

*por Raphael Coelho, CEO e fundador da TutorMundi

 

Apesar de ser um direito social de todo cidadão brasileiro, o acesso à educação pública de qualidade no Brasil é cercado por uma série de desafios e ainda não é uma realidade universal.

Dados do ENEM 2017, mostram que, das escolas com maiores rendimentos no exame, 82% são particulares, enquanto apenas 18% são públicas.

Além da qualidade de ensino, grande parte das escolas públicas não possui infraestrutura e organização, e ainda sofre com a falta de professores qualificados e interessados.

Por essas e outras razões, a iniciativa privada sempre teve espaço no setor educacional brasileiro, ao mostrar-se uma alternativa para oferecer ensino de qualidade para aqueles que têm condições de pagar por este serviço.

A grande questão é que, hoje, com a instabilidade econômica que invade o Brasil, as escolas particulares são afetadas por uma série de problemas e o setor educacional privado passa por um momento de incertezas.

No artigo de hoje, vamos conhecer um pouco mais sobre os dados da educação privada no país e os desafios enfrentados pelas escolas particulares, após o avanço da pandemia de Covid-19.

Escolas particulares antes da pandemia

Desde 2009, o número de alunos matriculados na rede particular de ensino em todo o Brasil aumentava. No ano, as matrículas no setor público caíram cerca de 14% enquanto a participação do setor privado aumentou 24% (Inep, 2009).

Diante de um cenário favorável para a educação privada, o que não se esperava era que uma pandemia chegaria ao mundo em 2020 e mudaria a realidade da educação particular no país.

Escolas particulares versus Pandemia

Problemas e incertezas, que vêm assolando o Brasil desde o início de 2020, devido ao avanço da Covid-19, mudaram a realidade de grande parte da população e as escolas sentiram, diretamente, os efeitos dessa mudança.

O desemprego, que chegou a 13,5% no ano, a redução do poder aquisitivo da população e outros problemas causados pelo distanciamento e isolamento social no país, foram responsáveis pelas quedas nos números do setor educacional e afetaram, consequentemente, o crescimento das matrículas das escolas particulares.

Consequências para o ensino privado

Uma pesquisa, realizada pela Folha de São Paulo, em 2020, constatou que 60% das escolas particulares perderam mais de 10% de seus alunos matriculados.

A mesma pesquisa também mostrou que cerca de 300.000 professores que trabalhavam em instituições privadas foram dispensados durante a pandemia.

Entre os principais motivos destes dados alarmantes para a educação privada estão o não pagamento de mensalidades e a redução do faturamento das escolas, que são fatos consequentes dos problemas gerados pela pandemia no Brasil, como o desemprego e a redução de renda.

Um potencial impacto da redução de matrículas em colégios particulares é o fluxo repentino e não planejado de alunos para o sistema de ensino público.

Perspectivas para 2021

Apesar dos desafios, muitas escolas e educadores já tomam atitudes para que a realidade da educação privada no país não seja, ainda mais, agravada.

Um relatório realizado pelo grupo Rabbit, que presta consultoria de gestão escolar, mostra as perspectivas para a educação privada no país para o ano de 2021.

Segundo o relatório, desde o início do ano, a procura por colégios particulares cresceu 88%. Este dado indica uma possível retomada do crescimento do setor educacional privado.

Pais e responsáveis têm procurado agora escolas menores, com mensalidades mais acessíveis, devido a mudanças em suas realidades socioeconômicas.

Segundo o mesmo relatório, colégios com mais de 500 alunos chegaram a ter, no início do ano, um crescimento de 16%, enquanto escolas com até 150 alunos cresceram 50% em número de matrículas, em relação a setembro de 2020.

Inovação como o único caminho

Para reconquistar os alunos que foram perdidos durante o início da pandemia, muitas escolas têm adaptado o seu modelo de ensino, adequando-o às mudanças tecnológicas e digitais que acontecem no mundo.

A educação não pode mais ser a mesma. Estamos ensinando, hoje, uma geração drasticamente diferente das anteriores. A geração Z, formada por nativos digitais, demanda serviços a um clique de distância e valoriza a expressão de identidade única.

Adotar ferramentas digitais, que colocam os alunos no centro do processo de ensino e que permitem que os mesmos tenham apoio durante seus momentos de estudos, é uma das formas de garantir um ensino adequado à realidade que é enfrentada no mundo atual e de corrigir os diversos problemas enfrentados no sistema educacional brasileiro.

Personalizar o ensino com apoio de ferramentas digitais se torna essencial diante deste cenário. E é por isso que estamos apostando em tecnologias de ensino 1:1 em escala, apoiando escolas que precisam inovar seu currículo escolar.

A oferta de ensino no Brasil deve se adequar às mudanças globais, garantindo a satisfação de pais e alunos e a oferta de ensino de qualidade.

 

*Raphael Coelho é CEO e fundador do TutorMundi, plataforma de aprendizagem para escolas que conecta alunos do ensino fundamental II e ensino médio a estudantes universitários em tempo integral, e atuou por nove anos como professor de matemática e física.