Educação superior em 2021: a confirmação do novo modelo de aprendizagem

*Por Diego Dias e Viviane Goi

A pandemia modificou diversos padrões de comportamento da população brasileira, devido à necessidade de distanciamento social. Vimos restaurantes e lojas se reinventado para atender seus clientes por meio de aplicativos de bate-papo, academias atendendo seus alunos via plataformas de reuniões on-line. Bem como médicos fazendo consultas também por meio dessas plataformas, entre muitos outros casos. É perceptível a evolução em diversos segmentos que tiveram, literalmente, que se reinventar durante este período de tantas incertezas.

O setor de educação foi um dos setores mais afetados! Trata-se de um setor cheio de regulamentações e normas, tanto por parte das secretarias estaduais e municipais de educação quanto por parte do Ministério da Educação.

Então, para esse setor, não bastou apenas ter criatividade e empenho para se reinventar, mas também foi necessário ter cautela, atenção e respeito às regras às quais o estabelecimento está submetido.

Focaremos nossa análise no ensino superior brasileiro, que se submete à legislação imposta pelo Ministério da Educação e é divido em duas modalidades de ensino: presencial e a distância.

Em março de 2020, quando as Instituições de Ensino Superior (IES) foram obrigadas a interromperem as aulas presenciais e a oferecer soluções remotas de aprendizagem, percebemos dois padrões por parte da oferta (IES):

  1.  uma quantidade pequena estava preparada para oferecer o ensino remoto, por já possuir credenciamento para oferta da modalidade a distância e, portanto, possuir infraestrutura tecnológica e de pessoal para tal;
  2. a grande maioria possuía apenas o credenciamento para a modalidade presencial e, portanto, viu-se desesperada e sem preparo nenhum.

Por parte da demanda (alunos), também percebemos dois padrões:

  1. uma parte estava habituada com tecnologias aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem e, portanto, mesmo sendo alunos do presencial, habituaram-se a estudar fora das salas de aula;
  2. a outra parte era avessa às tecnologias e, portanto, totalmente contra o ensino remoto.

A pandemia trouxe enormes incertezas em relação ao mercado de trabalho, muitas empresas foram fechadas, outras reduziram pessoal, e isso gerou um movimento de evasão e inadimplência muito grande. Com a redução da receita, a maioria das IES optou, em um primeiro momento, por soluções que denomino como “caseiras” para levar conteúdos a seus alunos, que estavam, naquele momento, exclusivamente em casa.

Essas soluções adotadas pelas IES envolveram conteúdos preparados sem muito know-how pelos docentes e aulas via plataformas de reuniões on-line, como Google Meet, Zoom e Teams (entre outras), que simulavam aulas presenciais, com a mesma duração e com a mesma dinâmica. Isso gerou uma espécie de trauma nos alunos, e a evasão continuou crescendo.

E o que esperar para 2021? O excesso de otimismo pode atrapalhar o planejamento a médio prazo, visto que, se as IES continuarem acreditando em uma volta integral às aulas e pensando que as coisas serão como eram até 2019, não haverá um movimento pela melhoria na oferta de conteúdos mais atraentes e de qualidade.

Superado 2020, ano de medos e incertezas, é hora de pensar em um ensino cada vez mais flexível (respeitando a legislação, obviamente) e, como já mencionado, atraente e de qualidade.

As IES devem abandonar as soluções “caseiras” e devem olhar para o mercado de tecnologia, que está em expansão, bem como investir na capacitação docente para o novo modelo de aulas e produção de conteúdos.

O aluno deve ser cada vez mais o protagonista dos seus estudos, e os conteúdos disponibilizados pelas IES devem estimular a busca do aluno pela aprendizagem.

Materiais didáticos digitais e interativos, vídeos curtos – como pílulas de conteúdo –, games e plataformas adaptativas são algumas opções que as IES devem buscar no mercado ou produzir com o auxílio de uma equipe interna.

Ainda falando sobre otimismo exagerado, mesmo com o início da vacinação, as aulas não voltarão totalmente ao normal no ano de 2021, pois haverá altos e baixos no controle da pandemia. As IES que estiverem preparadas para atender os alunos em qualquer modalidade, com qualidade e flexibilidade, com certeza serão as que sairão fortes desta turbulência.

Pensando em montante de investimentos, para aquelas IES que não possuem condições de produzir seus conteúdos internamente ou não querem investir na compra e na produção com exclusividade, está cada vez mais acessível buscar boas soluções no mercado.

Existem plataformas de aluguéis de conteúdos, plataformas que automatizam a geração de conteúdos digitais com custo acessível e que podem ser utilizadas de maneira fácil e intuitiva pelos próprios docentes da IES e, até mesmo, plataformas que geram games automaticamente a partir da inserção do conteúdo pelo docente.

Enfim, 2021 não pode ser mais um ano de espera pela volta completa do ensino presencial. Mais do que nunca, 2021 deve ser o ano da confirmação de um novo modelo de ensino, focado totalmente na aprendizagem, que, de emergencial, passa a ser definitivo, isto é, um ensino flexível, personalizado, atraente e de qualidade.

 

Sobre os autores:

Viviane Marques Goi é Diretora Executiva da VG Educacional e Hube Soluções Educacionais. Consultora na Área Educacional de Ensino Superior. Avaliadora do INEP/MEC. Experiência Profissional em cargos de Gestão no Ensino Presencial e a Distância. Doutoranda em Tecnologia da Inteligência e Design Digital.

Diego Dias é sócio e Diretor de Operações da VG Educacional. Mestre em Economia pela Universidade Estadual de Maringá, onde também se graduou em Ciências Econômicas. Atuou como Professor de Graduação e Pós Graduação em diversos cursos das Ciências Sociais Aplicadas desde 2006. Atuou como coordenador de cursos e de Polos em importantes Instituições de Ensino do país. Possui experiência em credenciamentos institucionais para Educação a Distância, criação de novos cursos de graduação e pós-graduação e produção de materiais didáticos para EAD.