ANAIS DO ENCONTRO
TRABALHOS APRESENTADOS
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EXPERIMENTOS VIRTUAIS
Roberto Luiz Souza Monteiro
CEPPEV - Centro de Pós-graduação e Pesquisa
Visconde de Cairu
FIB - Faculdades Integradas da Bahia.
E-Mail: info@souzamonteiro.com
José Roberto de Araújo Fontoura
CEPPEV - Centro de Pós-graduação e Pesquisa
Visconde de Cairu
E-Mail: banga@atarde.com.br
Gilney F. Zebende
CEPPEV - Centro de Pós-graduação e Pesquisa
Visconde de Cairu
DFIS - Departamento de Física - UEFS
E-mail: zebende@uefs.br
Marcelo A. Moret
CEPPEV - Centro de Pós-graduação e Pesquisa
Visconde de Cairu
DFIS - Departamento de Física - UEFS
E-Mail: moret@uefs.br
RESUMO
A construção de laboratórios
virtuais é um dos temas de grande interesse para a chamada
educação à distância. Neste trabalho
serão discutidos propostas para a utilização
destes laboratórios, assim como as ferramentas de programação
disponíveis.
Palavras-chave: Tcl, educação à
distância, simulação.
1. Introdução
O maior problema na criação de cursos
à distâncias nas áreas de ciências exatas
e da terra, é o da realização de experimentos
de laboratório. De fato, não basta ao aluno ler sobre
as leis e fenômenos físicos, mas verificar sua validade
em ambientes controlados. Isto só é possível
em laboratório e com o uso de instrumentos e supervisão
adequados.
Entretanto, dado o custo elevado que as instalações
de um laboratório apresentam, é praticamente inviável
que cada aluno disponha do seu. É neste contexto que surge
a proposta dos laboratórios virtuais: programas de computador
capazes de simular ambientes e fenômenos físicos realisticamente,
e sem nenhum custo adicional para os educandos.
Partindo desta necessidade, diversas iniciativas
têm surgido, tais como a Escola do Futuro, da Universidade
de São Paulo, USP, e o Laboratório de Física
Básica, proposta do Centro de Pós-graduação
e Pesquisa Visconde de Cairu. Este último, objeto deste artigo.
2. Laboratório de Física Básica
O projeto do Laboratório de Física
Básica do Centro de Pós-graduação e
Pesquisa Visconde de Cairu, começou movido pela necessidade
de prover aos alunos, um ambiente virtual que simulasse, com toda
a precisão, a realidade de um laboratório. Deste modo,
questões como erros aleatórios provocados por fenômenos
diversos, e até a falta de precisão dos instrumentos
de medida foram considerados.
Em um experimento de queda livre, por exemplo,
o aluno deverá obter os mesmos resultados que obteria se
o tivesse realizado a partir dos kits disponíveis no laboratório
da escola.
Neste experimento, é proposto ao aluno que
deixe cair uma esfera, repetidas vezes, do alto de uma calha sobre
uma mesa, e marque, sobre papel carbono, os pontos em que esta esfera
atingiu o chão. É marcado também o ponto onde
a esfera deixa a mesa e inicia sua trajetória parabólica
em direção ao chão. O aluno mede, então,
a distância entre cada mancha no papel e o ponto onde a esfera
deixou a mesa. Com estes dados é calculado o ponto médio
e o desvio padrão em torno da média. O que observa-se
é que o resultado obtido experimentalmente cai dentro do
valor esperado teoricamente.
No laboratório virtual todas as variáveis
aleatórias que podem envolver o experimento acima são
consideradas e o aluno obterá os mesmos resultados, em casa,
diante de seu computador.
Outro experimento interessante, e que já
se encontra disponível para download é o do pêndulo
simples. Neste experimento, é proposto ao aluno que verifique
a validade das leis que regem o movimento harmônico simples,
a partir da oscilação de um pêndulo.
O aluno pode variar o ângulo inicial da oscilação
e a aceleração da gravidade, assim como, o comprimento
e a massa do pêndulo. O resultado é o mesmo que seria
obtido com um pêndulo real e um cronômetro digital.
O programa do pêndulo simples, disponível
para Linux e Windows, pode ser baixado de http://www.souzamonteiro.com/ead/pendulum/
Outro experimentos como os de colisão de
dois corpos e refração e reflexão da luz, também
estão previstos.
Para um momento mais adiante, pretende-se modificar
a implementação para acrescentar recursos como efeitos
tridimensionais, perspectiva e movimento de câmera.
Os requisitos de sistema, assim como as ferramentas
de programação necessárias à implementação
do projeto serão discutidas nos tópicos a seguir.
3. Requisitos de sistema
Os requisitos de sistema para se implementar e
executar um laboratório virtual irão depender dos
recursos visuais oferecidos pela aplicação. Um laboratório
que apresente apenas ambientes em duas dimensões, pode requerer
apenas um sistema operacional com capacidade gráfica como
o Linux ou o Windows, e um dispositivo apontador como um mouse.
Por outro lado, se o pretendido é dar ao
aluno a sensação real do experimento, podem ser necessários
recursos adicionais como placa de vídeo com capacidade 3D,
processador veloz e uma capacidade maior de memória.
Laboratórios mais sofisticados podem requerer
óculos 3D e luvas para realidade virtual. Estes recursos,
no entanto, são caros e devem ser evitados em projetos de
educação à distância.
Atualmente há um consenso no sentido de
que projetos envolvendo ambientes tridimensionais utilizem a tecnologia
OpenGL, desenvolvida pela Silicon Graphics. Assim, a maioria dos
sistemas operacionais modernos trazem a biblioteca OpenGL pré-instalada.
Isso facilita o trabalho dos desenvolvedores, pois podem contar
com este recurso para criação dos seus laboratórios
virtuais.
Deste modo, pode-se estabelecer como requisitos
mínimos de sistema, os seguintes:
a) Microcomputador com clock igual ou superior
a 233 Mhz;
b) 64 KB de memória;
c) Disco rígido com 200 MB de espaço livre;
d) Placa de vídeo com suporte à tecnologia OpenGL;
e) Sistema operacional com suporte OpenGL, como Linux ou Windows;
f) OpenGL 1.2 ou superior.
Caso se pretenda desenvolver a aplicação
em Java, pode ser necessário pelo menos 128 MB no computador
de desenvolvimento, enquanto que no computador dos alunos, permanecem
as características acima.
4. Ferramentas de desenvolvimento
As ferramentas necessárias para desenvolvimento
de um laboratório virtual, em geral, dependem das características
do projeto, Projetos modestos podem ser realizados utilizando-se
uma ferramenta simples como o Visual Basic, ou mesmo o Delphi. Contudo,
caso se pretenda desenvolver ambientes portáveis e sofisticados,
deve-se optar por uma linguagem de programação mais
robusta como o C/C++, a Tcl/Tk, ou o Java.
De fato, as linguagens mais utilizadas na construção
de simuladores são o C/C++ e a Tcl, esta última aplicada
até mesmo em projetos avançados envolvendo ressonância
magnética, astrofísica e biologia molecular. Tcl apresenta
ainda a vantagem de poder ser facilmente integrada a outras linguagens
como o C e o Fortran, o que permite o fácil reaproveitamento
de bibliotecas gráficas e de cálculo já existentes
para estas linguagens.
A Tcl foi a linguagem escolhida para a implementação
do Laboratório de Física Básica do CEPPEV.
Os motivos foram o custo nulo para sua aquisição,
a existência de ferramentas C.A.S.E. gratuitas, vasta documentação,
inclusive em Português, suporte OpenGL, capacidade para ser
executada como script, applet ou aplicação e principalmente,
por ser capaz de gerar aplicações independentes de
plataforma.
A capacidade para gerar aplicações
independentes de plataforma é uma característica importante
a ser considerada, pois significa que um programa poderá
ser executado, virtualmente, em qualquer sistema operacional, desde
um Palm, até um super-computador. Poucas linguagens trazem
esta característica.
No site http://www.souzamonteiro.com pode se fazer
o download do FreeTcl, um pacote profissional para desenvolvimento
em Tcl, que inclui o Visual Tcl, uma ferramenta C.A.S.E. semelhante
ao Visual Basic, documentação em formato HTML e até
mesmo um servidor Web completo. O pacote é ideal para desenvolvimento
de laboratórios virtuais pois inclui também, bibliotecas
matemáticas para cálculo numérico, normalmente
necessárias para simulações. No mesmo site,
há um curso completo de programação em Tcl/Tk
que pode ser estudado on-line, além de links para os principais
repositórios desta linguagem.
Algumas ferramentas adicionais como o VTK e o Nebula,
permitem a rápida criação de cenários
a partir de scripts Tcl ou C/C++. Ambas as ferramentas são
gratuitas e podem ser baixadas, respectivamente, dos sites http://www.vtk.org
e http://nebuladevice.sourceforge.net.
5. Conclusão
O problema da criação de cursos virtuais,
quase sempre se agrava, quando se trata de desenvolver materiais
didáticos para as áreas de ciências exatas e
da terra. Nestas área, é quase obrigatória
a realização de experimentos de laboratório
para a perfeita compreensão das leis e conceitos envolvidos.
A construção de laboratórios
virtuais, no entanto, não é uma tarefa trivial. É
preciso considerar todas as variáveis envolvidas nos experimentos
e até mesmo os eventos aleatórios que normalmente
interferem nos resultados das tarefas propostas.
O realismo dos experimentos e crucial para sua
eficácia, e a escolha das ferramentas computacionais é
determinante.
Trabalhos vêm sendo realizados neste sentido,
no Brasil e em outros países, contudo, pode-se esperar avanços
notáveis para os próximos anos, e os passos que estão
sendo dados agora determinarão a tecnologia educacional do
amanhã.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MONTEIRO, Roberto Luiz Souza. Curso on-line de
Tcl/Tk. Available from the World Wide Web: <URL:http://www.souzamonteiro.com>
MONTEIRO, Roberto Luiz Souza. Tcl/Tk Guia de Consulta
Rápida. São Paulo: Novatec, 2001.
HALLIDAY, David, RESNICK, Robert. Física
Básica. Rio de Janeiro: LTC, 1991.
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