ANAIS DO ENCONTRO
TRABALHOS APRESENTADOS
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EXPLORANDO OS ESPAÇOS VIRTUAIS E
A COOPERAÇÃO PARA REALIZAR UM CURSO SEMIPRESENCIAL
NA GRADUAÇÃO
Maria Carolina Santos de Souza
UFBA/ICI - UNIFACS/NUPPEAD
mcarols@uol.com.br - mcarol@unifacs.br
Resumo. A utilização da metáfora
dos espaços virtuais e de metodologias de ensino-aprendizagem
baseadas na realização de atividades cooperativas
em rede, em conjunto, configuram uma boa estratégia para
a elaboração de educação a distância.
Baseando nesses conceitos foi elaborado um projeto piloto realizado
no curso de graduação em Ciência da Computação
da UNIFACS, lecionado pela autora desse trabalho, para turmas do
3º ano da disciplina de Metodologia de Programação
e Engenharia de Software. Este documento irá apresentar as
estratégias usadas para o desenvolvimento dessa iniciativa,
o ambiente de aprendizagem e o histórico das ocorrências,
com o objetivo de demonstrar os resultados alcançados nessa
primeira fase e inclusive incentivar outras reflexões e experiências
dentro deste contexto por parte de outras instituições
e pesquisadores.
Palavras-chaves: Engenharia de Software, EAD, Ambiente
de Aprendizagem, Espaços Virtuais.
1. Introdução
A compreensão da linguagem adotada pelas
mídias torna-se de suma importância, como forma de
garantir a boa aplicação dos meios tecnológicos,
principalmente quando o assunto é Ensino à Distância.
Isto porquê nesses sistemas, as mudanças filosóficas
e culturais são mais visíveis devido às alterações
comportamentais em relação aos conceitos de tempo,
espaço, fluxo da informação e por conseqüência
da comunicação.
Neste contexto, existe uma estreita relação
entre a Linguagem e a Informação, já que a
qualidade dessa última pode ser garantida também através
do entendimento da primeira. A Informação funcionalmente
presente nos ambientes de ensino à distância, segue
caminhos (infovias - Caminhos seguidos pela Informação)
diferentes, onde, na construção do conhecimento, o
aluno/aprendiz pode atuar de maneira mais ativa.
Ou seja, nestes casos, a comunicação
acontece entre professores e alunos, possibilitando a realização
de atividades que auxiliam a produção do conhecimento,
de maneira criativa por todos os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem,
estando ou não distantes fisicamente.
Mesmo havendo uma mudança em relação
à produção do conhecimento, é importante
que esteja claro, que o professor continua tendo grande responsabilidade
no processo. Além de orientar essa produção
agora também por parte do aluno, ele deve garantir, acima
de qualquer coisa, a qualidade do seu conteúdo apresentado,
até como forma de exemplo para esses alunos desenvolverem
o seu material.
“A improvisação que se faz
necessária nos cursos à distância é de
certa maneira um tanto dirigida e traz consigo uma grande dose de
planejamento prévio. Não temos espaço para
planejar uma aula faltando dez minutos para começar.Não
existe espaço para improvisações decorrente
da falta de planejamento do professor.O descaso ou a falta de envolvimento
adequado no preparo do curso por parte do docente se torna evidente
e comprometedora.” [Campos, 1999]
É importante que o material do curso seja
desenvolvido de forma apropriada para o ambiente Web (se esta for
à opção tecnologia escolhida para a disponibilização
do curso), de forma clara e objetiva. Para estimular a leitura e
facilitar a disponibilização das informações,
pode-se utilizar recursos gráficos que ilustrem o texto (imagens
e animações) e o hipertexto.
“Quanto à metodologia de ensino-aprendizagem,
pode-se ter modelos tradicionais de EAD quando ela é utilizada
como um repositório de informações, previamente
selecionadas pelo professor, para os alunos. Ou, por outro lado,
como um ambiente interativo onde se primazia as interações,
a aprendizagem colaborativa / cooperativa “. [Campos,1999]
Todas essas mudanças têm promovido,
novas práticas pedagógicas que envolvem a formação
dos cibergroups (Grupos que formam a comunidade Internet), a interdisciplinaridade,
colaboração e cooperação.
E novamente, a maneira como o material for produzido
também fortificará essas novas propostas. Ou seja,
essa estrutura de produção revela a tendência
que a sociedade da informação tem para trabalhar mediante
a formação de redes de ensino/aprendizagem que se
inter-relacionam formando teias de conhecimento na web. Nesse contexto,
pode-se utilizar a cooperação como estratégia
para o desenvolvimento de ambientes interativos de aprendizagem.
Dentro dessa abordagem foi elaborado um projeto
piloto de curso semipresencial na graduação em Ciência
da computação. E, para definição da
estratégia de execução das aulas, o desenvolvimento
do ambiente de aprendizagem, o estabelecimento dos critérios
de avaliação, deu-se ênfase a metáfora
dos espaços virtuais (que será discutido a seguir)
e trabalho em grupo na rede.
Mediante esse conceitos, foi proposto o projeto,
levando-se em consideração também a necessidade
de preparar os alunos para uma realidade imersa nas "novas"
tecnologias utilizando as "novas" tecnologias. Isso, não
só com o objetivo de facilitar a execução de
atividades cooperativas em rede para o meio acadêmico, mas
também para o mercado de trabalho.
Inicialmente, será apresentada, neste artigo,
uma discussão sobre as metáforas, em especial os espaços
virtuais, utilizados como estratégia para o desenvolvimento
dessa iniciativa.
Em seguida, no tópico três será
descrito o projeto, seu ambiente de aprendizagem, algumas considerações
sobre a interface e o histórico das ocorrências registradas
até o momento de elaboração desse documento.
Por fim, as considerações finais
conterão algumas das próximas etapas a serem seguidas
e as conclusões parciais obtidas nesta primeira fase do projeto.
2. A metáfora e os espaços virtuais
Nessas novas práticas pedagógicas
que surgem, diante das mudanças citadas anteriormente, é
indispensável que o homem veja as máquinas como agentes
para a superação de barreiras e não como instrumentos
limitadores de suas atividades.
“... se a condição humana consiste
no fato de que o homem é um ser condicionado, para o qual
tudo seja dado pela natureza ou feito por ele próprio, se
torna imediatamente condição para sua existência
posterior, então o homem <<ajustou-se>> a um
ambiente de máquinas desde o instante em que as construiu.
Sem dúvida, as máquinas tornaram-se condição
tão inalienável de nossa existência como os
utensílios e ferramentas foram em todas as eras anteriores”.[Arendt,1991]
Diferente dos tempos antigos em que o homem apenas
se adaptava à máquina, já há algum tempo,
tem crescido a preocupação de adequar a interface
dos recursos tecnológicos ao trabalho humano. Seguindo essa
filosofia, os ambientes virtuais de aprendizagem apresentam-se mais
próximos da realidade dos seus usuários. E essa aproximação
está de alguma forma, relacionada às metáforas
(“Tropo em que a significação natural duma palavra
é substituída por outra com que tem relação
de semelhança”.Ferreira, 1989]) escolhidas para o estabelecimento
das interações homem-máquina.
Ainda neste contexto pode-se perceber que inicialmente,
as primeiras linguagens e interfaces, utilizadas pelas novas tecnologias,
por exemplo, pelo computador, eram adequadas para os profissionais
nelas especializados, mas para os usuários leigos significava
um entrave. Com o passar do tempo essa interpretação
foi sendo alterada.
“A compreensão da metáfora,
inerente às interfaces e linguagens computacionais, passou
a ser usada como um instrumento para a sua melhoria, de modo que
os ambientes apresentados ao usuário lhe sejam familiares
e se encontrem dentro do domínio de conhecimento”.
[Santanchè, SBIE2000]
O entendimento do papel dessas metáforas
no processo de desenvolvimento do ambiente de aprendizagem facilita
a construção de espaços mais intuitivos para
trabalho colaborativo entre cibergroups formados por alunos e professores.
Entre os diversos sistemas existentes hoje no
mercado, para a realização de ensino a distância,
alguns optam, como metáfora, a criação de “espaços”
virtuais que favoreçam a formação dos grupos
de pesquisa, também conhecidos como cybergroups, na rede.
Essa metodologia é adotada com o objetivo de oferecer novas
práticas pedagógicas que garantam, dentre outras coisas,
a colaboração, interatividade e a comunicação
de muitos – para - muitos.
Um dos exemplos desse tipo de sistema é
o Virtual-U, o qual representa um conjunto de ferramentas que suportam
o “design” de cursos, atividades de aprendizado individuais
e em grupo, organização do conhecimento, gerenciamento
e desenvolvimento de aulas, entre outras.
“O Virtual - U sugere que a metáfora
dos espaços é necessária para fornecer uma
idéia de lugar, a qual representará um modelo intelectual
útil e facilitador da navegação por parte do
usuário” [Harasim,1997]
Dentre esses espaços, o Virtual-U apresenta:
o seminário virtual, o grupo de discussão virtual,
o laboratório virtual, o café para interações
sociais, etc. Neste exemplo, o “café”, foi elaborado
e disponibilizado no ambiente, com o intuito de estabelecer um vínculo
entre uma imagem social que conhecemos, com um espaço virtual
que, apesar de ser diferente do primeiro, nos transmite a sensação
de uma área para socialização.
Essa conexão, permitida entre o real e
o virtual é feita justamente pela metáfora dos espaços.
Então, podemos concluir que essa metáfora é
utilizada para garantir um melhor aproveitamento dos recursos oferecidos
pela máquina por parte do homem.
Outros sistemas oferecem considerável flexibilidade
para a construção dos ambientes de aprendizagem, que
permitem ao responsável pelo curso, elaborar seus próprios
espaços virtuais de trabalho. Como exemplo, o WebCT? [Goldberg,1996],
que foi o sistema escolhido para dar suporte a construção
desse curso, justamente por oferecer alguma flexibilidade para a
elaboração da interface (incluindo espaços
virtuais), ferramentas que possibilitassem a interação
entre os envolvidos e ainda permitir o gerenciamento de informações,
que facilitam o acompanhamento do aluno, durante as aulas à
distância.
E, como fora percebido as potencialidades oferecidas a partir da
construção de espaços virtuais de trabalho
em sistemas de ensino/aprendizagem optou-se por essa metáfora
como princípio básico na elaboração
do ambiente de aprendizagem do projeto (a ser descrito no próximo
tópico).
3. O projeto
O projeto foi planejado para todo o ano de 2002,
já que o curso é anual, e foi organizado de forma
a oferecer mais aulas presenciais no primeiro semestre e no segundo,
mais aulas à distância. Adotou-se essa estratégia,
a fim de favorecer a adaptação gradual dos alunos
ao ambiente virtual, garantido também um aumento na qualidade
da execução das atividades propostas. Seus principais
objetivos são familiarizar os alunos com a utilização
das tecnologias da comunicação e da informação,estimular
o aprendizado cooperativo em rede e disponibilizar e sistematizar
todo conteúdo da disciplina no ambiente on-line.
A disciplina escolhida pertence ao 3º ano
do curso, e por isso os alunos, em sua maioria, já possuem
conhecimentos anteriores e maturidade para participar de um projeto
como este. A turma virtual é composta pelos 25 alunos que
compõem duas turmas (001 e 002) do turno matutino. Para auxiliar
o acompanhamento desses alunos foi alocado para o projeto um Monitor.
Este monitor é um aluno do curso de Ciência da Computação
que já cursou a disciplina.
O projeto foi caracterizado por aulas e atividades
presencias (incluindo prova escrita) em paralelo aos encontros virtuais
e execução de tarefas no ambiente.
Em relação à organização
do conteúdo, foi elaborado o cronograma aula/aula para todo
o ano. Em seguida, foi estabelecida qual estratégia seria
utilizada para trabalhar cada assunto. As estratégias foram
dividias em: presencial e a distância. No caso das aulas a
distância, também foi especificado como aconteceriam
essas aulas: debates em fórum, reuniões via chat,
disponibilização de resenhas no ambiente, trabalho
em grupo on-line utilizando softwares específicos, etc.
O ambiente de aprendizagem, desse curso, será
apresentado a seguir, com o intuito de mostrar ao leitor como o
conceito de espaço virtual foi utilizado para o desenvolvimento
do mesmo.
Também serão disponibilizados, na
seqüência, o histórico de ocorrências recuperado
e sistematizado, como subsídio para reflexão desta
primeira etapa de avaliação. O histórico foi
detalhado para que seja possível saber: a fase do projeto
que estamos e as reações iniciais por parte dos envolvidos.
O registro e organização desse histórico são
um procedimento que será realizado processualmente para que
a professora possa monitorar e “controlar” os próximos
caminhos a serem seguidos.
3.1. Descrição do Ambiente
A interface foi elaborada, levando-se em consideração
o objetivo principal de criar um ambiente que motivasse os alunos
também do ponto de vista estético, buscando a sua
identificação com o projeto. (Ver Figure 1)
Figura 1 –
VERSÃO FLASH Tela de Abertura
VERSÃO HTML
Foram disponibilizados, inicialmente, dois espaços
virtuais: 1. Comunicação e 2. Conteúdo, objetivando
concentrar as áreas do curso de acordo com as suas finalidades
principais. Os nomes escolhidos para os espaços são
bem intuitivos, para que o aluno possa, mesmo antes de acessar,
saber o que provavelmente irá encontrar em cada um.
Figura 2 – Espaço Comunicação Figura
3 – Sala do Chat no Openverse
No espaço Comunicação estão
disponíveis as seguintes ferramentas:
Fórum: onde são lançadas questões relacionadas
às leituras indicadas. Profissionais e Professores envolvidos
com a área de Engenharia de Software poderão ser convidados
a participar de algumas discussões;
E-mail: utilizado para o estabelecimento de contatos
pessoais entre a professora e alunos (e entre alunos e alunos) cadastrados
na turma;
Chat: é utilizado o software Openverse
[GALE] (GNU) para a realização das sessões
de chat. Esse software foi adotado após a realização
de uma vasta pesquisa sobre softwares para chat. A pesquisa pretendia
encontrar programas gratuitos, de simples configuração,
flexibilidade para adaptação de interface, código
aberto e ainda que suportassem o uso de avatars (Uma imagem que
representa um usuário em sistemas multi-usuários de
realidade virtual.Transformação, Metamorfose, etc.).Esse
último requisito foi característica eliminatória
para a escolha dos programas.Depois de algumas avaliações
e experiências na realização de chats, pode-se
perceber que os programas tradicionais (baseados apenas no envio
de mensagens texto) não tinham um referencial espacial visual
que estimulasse o usuário a participar da reunião
virtual e facilitasse a organização do debate.
As sessões de chat realizadas no curso
são agendadas com os alunos preferencialmente no mesmo horário
das aulas presenciais.
Mural de Avisos: utilizado para informar e avisar
aos alunos sobre novos conteúdos disponíveis no ambiente,
“chamadas limites” para envio de atividades e participação
em fórum ou chat, problemas técnicos que impossibilitem
o acesso ao ambiente, mensagens e comunicações administrativas
(divulgação de quantidade de faltas, notas, etc);
Figura 4 – Espaço Conteúdo
Figura 5 – Sala de Produção
No espaço Conteúdo, estão
disponíveis os links:
Bibliografia: subdividida em Bibliografia Básica
(livros disponíveis na Biblioteca da Universidade, transparências
utilizada nas aulas presenciais e o material preparado especialmente
para as aulas à distância.), Complementar (livros em
inglês) e bibliografia indicada (artigos disponíveis
na web).
Linkteca - Neste espaço é disponibilizado
uma coleção de links interessantes e que tratem de
temas relacionados aos temas discutidos na disciplina. Os links
estão organizados de acordo com as seguintes categorias:
Páginas de Professores e Pesquisadores; Organizações
e Grupos de Pesquisa; Textos (artigos, transparências, Palestras,
ect); Ferramentas; Revistas; Apoio.
O curso – Nesta área estão
disponibilizados os links: Plano de Ensino completo da Disciplina
(incluindo segmento a distância), Critérios de Avaliação
e Atividades (instruções) a serem realizadas pelos
alunos. Cronograma: utilizado para a divulgação da
programação das atividades, datas e horários
para as sessões de chat e debates no fórum.
O material das aulas a distância são
disponibilizados na bibliografia básica alguns dias antes
da aula (em pdf, ppt e htm, justamente para facilitar o acesso do
usuário seja qual for o formato escolhido por ele). É
importante destacar que esse material é bem diferente do
utilizados nas aulas presenciais (referindo-se as transparências).
O material das aulas à distância apresenta mais citações,
ilustrações gráficas e o conteúdo é
mais detalhado. A linguagem utilizada também é bem
informal para que o aluno tenha a sensação de estar
ouvindo o professor explicar o assunto.
O ambiente também tem um espaço
chamado Sala de produção. Veja o detalhamento desse
espaço na Figura 5. Esse espaço é destinado
à disponibilização dos projetos e trabalhos
desenvolvidos pelos alunos e representará um produto da integração
dos espaços Comunicação e Conteúdo.
Ou seja, utilizado os benefícios oferecidos pelo espaço
Comunicação, e as informações recuperadas
no Conteúdo, o aluno poderá mostrar os resultados
obtidos na sala de produção.
Nessa sala, os alunos deverão disponibilizar
a página dos seus projetos de software, requisito principal
para a aprovação na disciplina. As duas turmas terão
diretórios de conteúdo (pasta), onde estarão
armazenados todos os seus grupos. Cada grupo de trabalho possuirá
uma pasta onde haverá um link para a página de seu
projeto. Todos os grupos, independente da turma que façam
parte, poderão acessar a página do projeto dos outros.
Além disso, em cada página será
disponibilizado um Fórum, restrito para os componentes do
grupo, professora e monitor da disciplina. Ou seja, além
do Fórum geral (localizado no espaço comunicação),
onde os alunos poderão enviar suas críticas e sugestões
sobre todos os projetos, haverá o Fórum especifico
para as discussões internas entre os componentes de cada
grupo.
Assim, pode-se perceber que existem dois níveis
de interação: um nível específico (entre
os componentes de um determinado grupo) e outro geral (entre os
grupos). Respectivamente, estes níveis podem ser representados
pelo Fórum especifico de cada grupo e pelo Fórum Geral
e diretórios de conteúdo para disponibilização
dos projetos de software (localizado na sala de produção).
3.1.1. Considerações sobre a Interface
É importante ressaltar que a interface do
ambiente foi desenvolvida após analise do público
alvo e conteúdo a ser discutido na disciplina. Como os alunos
são do curso de Ciência da Computação
e não teriam problemas técnicos de manuseio e navegação,
foi desenvolvida uma interface rica em recursos gráficos,
utilizando inclusive animações em flash (Ferramenta
desenvolvida pela Macromedia para a criação de aplicações
gráficas para ambiente web. URL: http://www.macromedia.com).
Para o desenvolvimento da interface do chat, optou-se
pela construção de uma sala virtual de reunião
e a metáfora dos avatars. Essa interface sugere um espaço
virtual de debate, onde os participantes podem se movimentar na
sala, expressar seu estado de espírito (através da
escolha do avatar) e enviar suas mensagens (em balões de
texto). Ver Figura 6.
Figura 6 – Exemplo de avatars
Os alunos, também têm a opção
de escolher o seu apelido quando vai se conectar a sala, porém
é sugerido que usem seus logins para que todos possam identificá-los.
Os alunos não tiveram dúvidas de
operacionalização do ambiente, mas estão sempre
sugerindo alterações de interface e inclusive a utilização
de outras ferramentas de comunicação ou das mesmas
ferramentas, mas com outras interfaces. A avaliação
da interface do ambiente e de suas ferramentas faz parte do conteúdo
da disciplina no tópico: Avaliação de Interface
de Softwares. Veja exemplo de uma mensagem enviada por um aluno,
para o fórum do curso que já aborda essa avaliação:
Com o decorrer do curso foi observada a necessidade
de oferecer uma interface para o ambiente, predominantemente, em
html. Sobretudo porque, muitas vezes o aluno não tinha uma
boa máquina e a velocidade de navegação da
internet também não era adequada para realizar o download
dos arquivos em flash. Essa “nova” interface foi construída
seguindo o mesmo padrão da versão em flash, para evitar
que os alunos tivessem que redescobrir o ambiente de aprendizagem
(Figura 2).
3.2. Histórico de Ocorrências (primeira
fase: abril - maio)
• O Fórum foi aberto solicitando que
os alunos enviassem uma breve apresentação para o
fórum. Na apresentação eles deveriam responder
as seguintes perguntas: 1. qual a área da Informática
você tem mais afinidade? 2. em qual área encontra mais
dificuldade? 3. está estagiando ou trabalhando? 4. o que
espera desse curso? 5. etc... Essa apresentação inicial
foi importante para que a professora conhecesse os alunos e seus
interesses e os alunos de uma turma conhecessem os da outra.
• A turma 002 que nos encontros presenciais
mostrava-se menos participativa durante a aula foi, inicialmente,
a mais atuante no Fórum, relativo a primeira Atividade proposta
no ambiente de aprendizagem. Os alunos dessa turma, responderam
as questões sugeridas na atividade e ainda, abriram uma discussão
onde era comentada e avaliada por eles mesmos a resposta dos colegas,
monitor e professora.
• A turma 001 demorou a apresentar suas questões no
Fórum. Entretanto, suas respostas foram bastante significativas.
• Não houve mudanças de comportamento dos alunos
que participaram do Fórum, de forma significativa, em relação
a suas atitudes nas aulas presenciais.
• Alguns alunos não participaram da Atividade 01. Alguns
acessaram o ambiente, mas não enviaram nenhuma contribuição
ou apenas se apresentaram no Fórum e depois “sumiram”.
Outros nem acessaram.
Na segunda etapa da Atividade 01, os alunos de
uma turma deveriam comentar as respostas dos alunos da outra turma.
Vale ressaltar, que as questões para cada turma eram diferentes.
Depois de concluído o prazo para envio
das respostas da atividade 01 para o Fórum, a professora
e o monitor recuperaram e organizaram, de forma sistemática,
as respostas dos alunos, selecionando os comentários corretos
que respondiam a cada questão e finalmente disponibilizaram
em formato pdf para os alunos poderem acessar. Foi indicado na resposta
de cada questão o nome do aluno responsável por determinado
comentário. Em alguns casos, foi necessário adicionar
algum comentário que complementasse as respostas das questões
sugeridas pelos alunos. Nem todos os alunos responderam corretamente
as questões, mas apresentaram suas opiniões de forma
satisfatória com bons argumentos, embora estes últimos,
de acordo com a teoria e a prática de engenharia de software,
não estivessem corretos. Mesmo assim, esses comentários
foram bastante interessantes para estimular ainda mais o debate.
Durante este Fórum, nem a professora nem
o monitor enviaram mensagens que correspondessem à resposta
das questões. Eles apenas direcionavam a discussão
e apresentavam novos questionamentos que acabassem por auxiliar
os alunos a chegarem a resposta correta. Em caso, de algum aluno
solicitar algum esclarecimento de cunho teórico, este era
respondido para o Fórum pela professora e/ou monitor sem
que a resposta da questão fosse fornecida.
Depois de um período para intervalo que
coincidiu com a execução da prova (atividade presencial)
dessa disciplina, o Fórum foi reativado com alguns noticias
sobre os avanços tecnológicos que foram apresentadas
em revistas tecnicas. Para esse debate foi solicitado o envio de
opinião critica sobre as noticias por parte de todos os alunos,
independente da turma que fazem parte. Para direcionar o debate
foi disponibilizado as noticias no fórum juntamente com algumas
questões gerais elaboradas pela professora.
Em ralação ao chat, a primeira sessão
foi realizada, com as turmas separadas, justamente para facilitar
o gerenciamento do debate. Cada sessão teve, em média
12 usuários, incluindo a professora e duraram em torno de
duas horas. Os trinta primeiros e últimos minutos foram para
apresentação, recados e exploração do
programa. A discussão, efetivamente só aconteceu durante
uma hora. Os alunos, durante esse período, também
avaliaram o ambiente do chat. Segundo eles, a utilização
dos avatars e construção da sala de reunião
virtual para a reunião do chat (utilizando imagens gráficas)
estimulou a participação no chat.
Em relação a essa experiência
do chat, o 'barulho' inicial que aconteceu em cada sessão,
não significou falta de interesse por parte dos alunos. Aliás,
sobre o papel do professor nestes encontros, como analisa Campos
“cabe a ele, motivar o grupo e monitorar a participação
levando em conta que o silêncio não significa, necessariamente,
uma não aprendizagem e que o barulho (principalmente em encontros
síncronos) não é sinônimo de bagunça;
mas de que algo está acontecendo”.[Campos, 1999]
Essa primeira experiência do Chat representou
claramente uma ponte para uma maior integração dos
alunos com o projeto. Depois dessa primeira reunião síncrona
(ocorrem ao mesmo tempo e local), eles se mostraram ainda mais interessados
com o projeto e motivados para, por conta própria, avaliar
outras ferramentas de comunicação sejam elas síncronas
ou assíncronas (independente do local ocorrem momentos diferentes.
Ex: Fórum, E-mail, etc.).
4. Considerações Finais
Durante essa primeira etapa de execução,
pode-se notar o estabelecimento de uma melhor relação
entre os alunos, incluindo de turmas diferentes. E assim, também
uma maior motivação para a execução
de trabalhos na rede de forma cooperativa.
Até o momento, podemos observar que o projeto
tem provocado novas posturas por parte do aluno, mesmo que essas
ainda estejam restritas ao ambiente virtual. Os alunos na rede se
mostram mais participativos, críticos e mais autônomos.
Com esse trabalho, também foi estendido
o tempo de contato entre professora e alunos para fora do ambiente
da Universidade. Fica mais fácil discutir e aprofundar os
assuntos vistos em sala. Além disso, podemos também
debater outros temas no ambiente virtual, que por uma questão
de tempo não poderiam ser discutidos em um curso apenas presencial.
Nas discussões através do Fórum,
os alunos enviam contribuições mais elaboradas e fundamentadas.
Por terem tempo para construir suas respostas e opiniões
eles sentem-se mais à vontade para expor suas idéias.
Além disso, a possibilidade de consultar fontes de referências
e outras pessoas, faz com que eles fiquem mais confiantes.
Um outro benefício está relacionado
à avaliação. Como o ambiente de aprendizagem
registra todas as contribuições enviadas pelos alunos
e seu acesso, torna-se mais simples a realização de
uma avaliação processual. Ou seja, o aluno durante
todo o ano, além de ser avaliado em atividades executadas
na sala de aula, presencialmente, também estará sendo
acompanhado durante as aulas à distância.
Foi observado também que a adoção
da metáfora dos espaços virtuais motivou os alunos
a navegarem no ambiente de aprendizagem. Os espaços propostos
neste curso facilitam para os alunos encontrarem o que desejam e
ainda terem um referencial espacial, como no caso do chat.
Dentro desse contexto, será proposto no
espaço “sala de produção” uma ferramenta
que ofereça ao aluno um espaço virtual para o trabalho
cooperativo. Esse espaço deverá provocar ao aluno
a sensação de uma área para produção
em conjunto, mesmo estando os componentes de cada grupo distantes
fisicamente um do outro.
Em relação esse trabalho, efetivamente,
realizado pela rede de forma cooperativa, pretende-se utilizar softwares
específicos para este fim. A aplicação desses
sistemas, nas aulas virtuais, estará voltada para a execução
do desenvolvimento de algumas etapas do projeto de software, requisito
básico para a conclusão desse curso. Então,
serão propostas atividades onde os alunos poderão
estar conectados com os componentes de seu grupo para reuniões,
desenvolvimentos de etapas do projeto, navegação pela
internet em conjunto, construção de modelos de fluxos
de informação, etc.
Já foi iniciado um processo de levantamento
e avaliação de ferramentas que possibilitem ao usuário
executar esse tipo de tarefas on-line. Entretanto, ainda não
se chegou a uma definição de qual sistema será
usado. O próximo passo a ser seguido será a realização
de testes e análise da interface e funcionalidades oferecidas
por cada uma dessas ferramentas.
Neste segundo semestre, as aulas virtuais estão
ocorrendo com maior freqüência e espera-se que nessas
próximas etapas sejam intensificadas, as discussões
no Fórum, as reuniões vias chat e execução
de atividades cooperativamente na rede. Nestes momentos, está
sendo avaliado, também, o nível de progressão
dos alunos, em relação ao acréscimo qualitativo
de suas contribuições.
No Futuro, outras disciplinas poderão contar
com ambientes virtuais de ensino-aprendizagem que estimulem a autonomia,
disciplina e cooperação entre os alunos. Acredita-se
que os resultados iniciais obtidos neste projeto sejam fatores motivacionais
para outros professores desenvolverem, em seus cursos, iniciativas
como essa.
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